Por Patanga Cordeiro
Brilha o sol durante o dia,
À noite brilha a lua;
Brilha o guerreiro na sua armadura,
Brilha o sábio na sua meditação;
Mas, dia e noite, o Iluminado sempre brilha, tudo iluminando.
– trecho do Dhammapada
Dhammapada significa o Caminho da Verdade, sendo uma antologia de 423 ensinamentos, dentre os ensinamentos tradicionais do budismo. Buda vem da palavra que significa desperto, consciente, ciente, visão e sabedoria. Siddharta Gautama alcançou tal estado e por isso é conhecido como Buda, sendo que há outros Mestres realizados que poderiam ter tal título, mas, em geral esse termo só é usado no budismo, e por isso onde ele é chamado de “O Buda”, sendo o foco das práticas budistas.
Uma parte dele é destinado à conduta de monges no caminho.
Para consultas, usei o livro “Dhammapada – caminho da lei e Atthaka – o livro das oitavas / doutrina budista ortodoxa em versos”, da Editora Pensamento, traduzido por Georges da Silva, e da versão traduzida do Dhammapada de Acharya Buddharakkhita. que é disponível gratuitamente em PDF.
Logo abaixo deixei alguns trechos do livro. Após, comentários sobre as diferentes escolas filosóficas.
Trechos do Dhammapada
Brilha o sol durante o dia,
À noite brilha a lua;
Brilha o guerreiro na sua armadura,
Brilha o sábio na sua meditação;
Mas, dia e noite, o Iluminado sempre brilha, tudo iluminando.
Os sábios dizem que correntes de ferro, madeira ou corda, não são fortes. Mas a paixão e o anseio por jóias e ornamentos, crianças e mulheres – isso, dizem, é uma corrente bem mais forte e que, embora aparentemente solta, é difícil de tirar. Esta também os sábios cortam. Sem saudade alguma, abandonando o prazer sensual, renunciam ao mundo.
Se falamos ou agimos com a mente lúcida, a felicidade nos acompanha tal como a sombra segue o corpo do qual se projeta.
Tudo o que somos hoje é resultado do que temos pensado. O que hoje pensamos determina o que seremos amanhã. Nossa vida é criação de nossa mente.
Com energia e diligência,
com domínio e autocontrole,
façam os sábios uma ilha
que as enchentes não possam inundar.
Os tolos e ignorantes
se entregam à negligência,
mas os sábios preservam a diligência
como o seu maior tesouro.
Começa por te estabelecer a ti mesmo no Caminho, só então poderás instruir os outros. Assim o sábio evita censuras.
Amigável entre os hostis,
pacífico entre os violentos,
desapegado entre os apegados:
esse é o verdadeiro brâmane.
Percebendo claramente o Caminho, não negligencies; continua nele, vigilante, mesmo que de grande valor te pareçam outras vias.
Seja o seu próprio protetor,
seja o seu próprio refúgio.
Assim controle a si mesmo
tal como um mercador a sua preciosa montaria.
Melhor não praticar uma ação prejudicial
pois uma ação condenável atormentará mais tarde.
Melhor praticar uma ação benéfica,
que praticada, não atormenta.
A falta de repetição compromete a eficácia dos mantras. A falta de conservação é a ferrugem que compromete a solidez das habitações. A falta de exercícios saudáveis é a ferrugem que compromete a beleza e a saúde do corpo. A falta de atenção é a ferrugem que compromete o vigilante
Se renunciando a uma felicidade menor se pode perceber uma felicidade maior, que o homem sábio renuncie à menor, considerando a maior.
As impurezas só aumentam para aqueles que são arrogantes e descuidados, que deixam de fazer o que deve ser feito e que fazem o que não deve ser feito.
Escola filosófica e valor dos escritos do Dhammapada para cada um
Para quem são recomendados os ensinamentos:
Na parte dos ensinamentos espirituais, o livro, como os ensinamentos das escolas budistas em geral, foca nossa atenção no desenvolvimento do Jhana, o autoconhecimento, conhecido na Índia como Jñana Yoga. Esse conhecimento é justamente não conhecer o mundo externo, considerando-o uma ilusão efêmera, mas sim compreender espontaneamente a sua própria realidade imorredoura. Não se adquire Jhana através de leituras, mas, sim, através de meditação e prática correta. Tal é a beleza dos ensinamentos!
Os ensinamentos morais são de natureza pacifista até mesmo diante de sacrifício próprio, e semelhantes com os encontrados no Novo Testamento, com as palavras do Cristo.
Para quem não se pode recomendar levar os ensinamentos ao pé da letra:
Pelo mesmo motivo, para aqueles que não se identificam com a visão de que o mundo é um ilusão, e sentem que o mundo é parte de Deus, parte da Sua criação, e que devemos agir no mundo e servir a sua realidade divina incipiente, seja através da meditação, da devoção ou da ação (Bhakti e Karma Yoga), o livro se demonstrará um pouco desolado. Isso acontece porque muito dos ensinamentos dos caminhos de Jñana Yoga (como o budismo) focam-se na irrealidade do mundo externo.
Aqueles que se identifiquem com valores morais diferentes do Dhammapada talvez se beneficiem de outras leituras, como Swami Vivekananda, Sri Aurobindo e Sri Chinmoy. Esses três Mestres viveram no século XX e dão uma postura diferente com relação à parte moral da espiritualidade. Em contraste à paciência ou resignação do Jñana yogi, há o serviço ou ação (Karma Yoga), que é uma forma de agir em benefício dos outros – na verdade, em benefício do Divino, em concordância direta com a Sua Vontade – e pode não ser, necessariamente, ações de caridade ou elogios. Em um exemplo, não se deve sacrificar cegamente suas oportunidades por outros.
(por exemplo, é necessário defender-se; a lei “quando baterem na sua face esquerda, dá a direita também”, mas para o Karma yogin, ele deve sempre agir quando preciso, pois assim alcançará o seu potencial (físico, mental, espiritual) máximo. Esse esforço em si auxiliará no progresso espiritual individual.)
No final
é isso o que mais importa:
Quão bem você amou?
Quão plenamente viveu?
Quão completamente largou?
– O Senhor Buda
Se tiver interesse em temas budistas, recomendo também o livro Atthaka.