Há oito passos no sadhana ou disciplina espiritual: Yama, Niyama, Asana, Pranayama, Pratyahara, Dharana, Dhyana e Samadhi. Yama é autocontrole e abstinência moral; Niyama é a manutenção rigorosa de uma conduta e caráter; Asana são posturas físicas para tranquilizar o corpo e torná-lo um instrumento receptivo; Pranayama é a respiração sistemática para acalmar e ajudar a controlar a mente; Pratyahara é o afastamento da vida dos sentidos; Dharana é a fixação da consciência em Deus; Dhyana é meditação; e Samadhi é o transe, a união absoluta da consciência individual com a Consciência universal.
É preciso iniciar no (hatha) yoga?
No entanto, você não PRECISA começar pelos primeiros passos. O que acontece é que todos temos uma parte desses primeiros passos já desenvolvida. Yama e Niyama são virtudes morais. O próximo passo é desenvolver virtude física, ou seja, uma certa receptividade no físico.
É aí que entra a Hatha Yoga, que são os exercícios para principiantes no Yoga, que trazem uma tranquilidade e serenidade ao corpo, mente e emoções dos iniciantes.
A meditação, que é Dharana, Dhyana e Samadhi, vem por sobre a base criada no físico.
Qual é o valor do yoga?
Ou seja, o nosso objetivo é Dharana e Dhyana – as posturas físicas, chamadas de ásanas, servem para facilitar a meditação. É muito comum haver uma inversão – um pouco de meditação depois de uma hora de ásanas.
Como um iniciante, como posso começar a praticar yoga?
Na sua prática diária, para uma pessoa iniciante no yoga que consegue se concentrar um pouco por cinco minutos, talvez o melhor seja inverter: praticar alguns minutos de Hatha Yoga (asanas) por dia, e dedicar uma hora à meditação. Essa hora pode e deve ser dividida durante o dia. Talvez comece com 5-10 minutos de manhã cedo, mais 5-10 à noite, mas, com a prática, poderá chegar rapidamente a 20-30 minutos de manhã cedo e à noite novamente.
Quando criança e adolescente eu era a última a ser escolhida para as equipes de educação física. Eu tinha muito medo da bola. Naquela época, não havia incentivo da família ou mesmo amigos que tivessem amor pelos esportes, que servissem de inspiração. Quando me tornei adulta, acabei priorizando a vida profissional e não sobravam tempo e energia para os esportes. E assim se passaram 35 anos. Sempre começando a fazer academia e parando após 1 ou 2 meses de pouca assiduidade.
Como comecei a treinar para a maratona
Em setembro de 2017, conheci o centro de meditação Sri Chinmoy, que me ensinou a meditar e me apresentou um caminho para a autotranscendência. Uma das dicas que aprendemos no curso de meditação fornecido pelo centro, é que para uma boa meditação a prática de esportes é um dos itens de grande importância. O professor indicou a corrida, pois é um esporte que não custa, precisamos apenas de um tênis e vontade. Como não estava me sentindo satisfeita com a minha vida, meus hábitos e desejava algo a mais, decidi que faria tudo que me fosse recomendado, tentaria fazer diferente. Em uma das aulas nos foi apresentado um documentário sobre uma senhora, que corria por aproximadamente 60 dias, o dia inteiro, em uma prova de rua organizada pelo centro internacional Sri Chinmoy. Fiquei impressionada, como isso seria possível? Os médicos dizem que é impossível! Foi super inspirador e me senti na obrigação de correr pelo menos por duas horas no dia seguinte. Mas, como eu não costumava fazer exercícios, consegui correr por 5 minutos direto (foi um super desafio) e caminhei por mais 25 minutos, porque o professor havia recomendado pelo menos 30 minutos de exercícios diários. No dia seguinte, consegui 10 minutos, depois 15 minutos e assim sucessivamente até chegar nos 40 minutos totalizando 5 km de corrida sem intervalos. Quando fiz os 5 km, me senti muito feliz, como se algumas barreiras mentais tivessem desmoronado, eu nunca antes pensei em correr. Foi uma experiência bem especial! Continuei correndo. Como ainda não tinha o hábito de correr, as vezes era bem difícil sair de casa para isso. No início, costumava ir 1 ou 2 vezes por semana para uma praça próxima à minha casa.
Foi um desafio estabelecer a rotina, mas com a meditação começamos a nos perceber, nos conhecer e sentimos com mais clareza o que está acontecendo dentro nós. E percebi que quando corria meu dia era bem melhor! Na minha turma tinha uma colega muito especial, que é minha amiga hoje, que começou a correr muito, a fazer exercícios, e ela me inspirou a continuar e intensificar os treinamentos. O professor e os colegas que já participam do centro de meditação há algum tempo, na sua maioria, são maratonistas e ultramaratonistas, muitas mulheres e pessoas acima dos 60 anos (são muito inspiradores e isso me incentivou). Com o tempo os 5km passaram para 7km, depois para 9km. Estava me sentindo muito bem. Após quatro meses, havia conseguido estabelecer uma rotina de exercícios, resolvi fazer academia para fortalecer os músculos e percebi que desta vez seria diferente, não sentia que iria desistir, pelo contrário, o sentimento era bem diferente.
Em fevereiro, soubemos que aconteceria a Maratona Internacional de São Paulo, em abril, com várias modalidades de prova, então, pensei em fazer a prova dos 24 km, o que seria um grande desafio! Mas um colega do centro, que é ultramaratonista, me incentivou a fazer a maratona e eu, sem pensar, aceitei! No dia seguinte consegui correr 15 km. Foi incrível. Naquele momento percebi que poderia facilmente correr os 24 km, tornando a maratona o grande objetivo, o grande desafio. Bom, eu tinha dois meses para treinar. Meu marido faz provas e correu algumas meia-maratonas nos últimos 4 anos. Mas ele nunca pensou em fazer uma maratona, pois sabe o quanto a maratona exige do corpo e da mente. Quando eu disse para ele que iria fazer uma maratona, ele que conhece meu histórico com esportes e sabe como é uma meia-maratona, disse: – você está louca!
Peguei um treino com o colega que me inspirou a fazer a maratona, peguei dicas com o professor que é ultramaratonista também e com os demais colegas. Fiz os treinos, mas não exatamente como haviam me passado, mas me exercitei quase todos os dias.
Como foi a experiência de correr a maratona
Enfim chegou o grande dia, 08/04/2018. Acordei as 4h da madrugada, meditei e fomos. Estava me sentindo muito feliz e grata. Logo no início encontramos um idoso de 98 anos de idade que ia fazer a prova de 8km, foi uma grande inspiração, na sequência, encontrei com uma senhora de 68 anos, que é ultramaratonista e que iria correr por 12 horas na próxima semana, super inspiradora! Quando cheguei aos 21km meu corpo já estava doendo bastante, no 24km encontrei um senhor de 65 anos que estava ajudando, apoiando e incentivando a todos que passavam por ele, um verdadeiro um anjo, que me deu energia para continuar. Ele estava andando, porque estava lesionado, mas estava andando muito rápido. No quilômetro 30 percebi que já havia superado minhas expectativas e que terminaria a prova nem que fosse andando ou me arrastando. Meus amigos estavam muito à frente de mim, algo que percebi por conta das enormes curvas da USP. As pernas estavam muito pesadas, as ruas já estavam ficando bem vazias, a maioria das pessoas não estava mais correndo, mas apenas andando, e isso estava me influenciando. Como eu andava de hora em hora para tomar meu suplemento alimentar, encontrei novamente com o senhor anjo (falei que ele anda rápido né?) Ele apareceu no momento em que eu estava precisando, já estava bem esgotada fisicamente, me incentivou muito e eu continuei. Estava no quilômetro 36. Neste momento a dor se foi, comecei a correr como se estivesse começando a correr naquele momento, foi incrível, a dor foi embora e o cansaço também. Até que encontrei uma amiga, que estava muito à frente de mim, ela estava muito esgotada, seguimos juntas correndo até o quilômetro 40, quando voltamos a andar até que outro anjo aparecesse e nos acompanhasse até a linha de chegada.
A meditação nas maratonas
Percebi o quanto eu havia me transformado com a meditação e que sem ela eu, definitivamente, não teria conseguido fazer a maratona. Durante todo o percurso não duvidei, não senti medo, não permiti que a dor me dominasse. Pela primeira vez na vida, percebi que tinha o controle da minha mente e que, com isso, nós podemos tudo. Nos identificamos com a mente e temos a impressão de que ela detém a verdade absoluta. Neste processo, desde a decisão de fazer a maratona, sinto que, por meditar, não dei ouvidos as pessoas que tinham medo ou colocaram restrições que me impossibilitassem de fazer a maratona. Não duvidei de mim. Tive energia e força para treinar e foi tudo tão natural, espontâneo, diariamente fazia a meditação e limpava minha mente, a cada dia uma nova oportunidade de superação.
Senti que a maratona é um treino para a vida de quem busca se superar. Se você quer evoluir, a dor é inevitável, mas o sofrimento é uma escolha (frase famosa que antes não fazia nenhum sentido para mim). Na maratona, se você quer concluir o percurso e se superar, não há outra alternativa, senão superar a dor e seguir em frente.
Maratona e o dia a dia
Em dado momento, você percebe que o resultado da sua vida é de sua responsabilidade, se você não fizer o que tem de ser feito, ninguém pode fazer por você. Na vida de evolução é assim, nos apropriamos da responsabilidade pelos resultados da nossa vida, se a nossa vida não está boa, é nossa responsabilidade. Como na maratona, é com você, só você pode ultrapassar a linha de chegada.
Percebemos que os melhores amigos são aqueles que acreditam neles mesmos, se eles acreditam neles, eles acreditam em você, e, por consequência, eles irão te motivar a seguir em frente, irão acreditar em você e te empurrarão para cima. Como na maratona, os anjos que apareceram, eles sabem da própria capacidade e por isso, sabem da sua capacidade também.
Na vida, como seres humanos, nosso propósito também é passar à frente o que aprendemos e o que ganhamos. Após a prova, a minha amiga, aquela que finalizou a prova comigo, me falou que eu tornei os últimos quilômetros mais leves para ela, não sinto que fiz nada demais, mas fiquei emocionada porque durante a prova eu também contei com a ajuda de algumas pessoas, me sinto muito grata, apenas por transmitir o que recebi, isso também dá sentindo a nossa vida.
Por fim, o mais importante, na vida como na maratona, o controle da mente faz com que consigamos ultrapassar as barreiras do que é racional. Nosso mestre, Sri Chinmoy disse: “ Como pode a sua vida ficar satisfeita com pequenas realidades, se o seu coração tem grandes sonhos”. Com a meditação, nos autoconhecemos, nos fortalecemos e expandimos nossa capacidade. A mente nos limita, o coração nos expande. Durante a maratona foquei no meu coração, como faço durante a meditação. Com gratidão tive a força que precisava para seguir em frente e concluir a prova. Foi uma lição de vida, algo transformador.
Resumindo, eu consegui fazer a maratona e se você quiser, você consegue!
A meditação é a abertura de nossa consciência para a divindade, para planos mais elevados. Quando praticada de modo correto, a Graça Divina pode nos abençoar de diversas formas: alegria, luz, paz e, algumas vezes, criatividade. Criatividade é a capacidade que nós temos de criar algo, mas, se formos ao sentido mais elevado dessa palavra, ela é a mais pura manifestação de algo que imaginamos, depois criamos e finalmente manifestamos.
Mas como funciona esse processo de criatividade? Durante a meditação, nós podemos ativar de modo consciente ou inconsciente alguns chakras. Os chakras inferiores, responsáveis pelos instintos de sobrevivência, não nos levam a ser criativos. Na verdade, precisamos iluminá-los para, enfim, purificá-los. Os chakras superiores, responsáveis pela nossa iluminação e a abertura aos planos mais elevados de consciência, são os que devem e naturalmente são ativados para nos elevar espiritualmente.
Quando meditamos, algumas vezes ativamos o quinto chakra. Ou até mesmo pela Graça Divina, Deus nos abençoa com uma leve abertura desse chakra, chamado de Vishuddha, ou chakra da garganta. Nele temos acesso ao mundo da criatividade. Acredito que grandes escritores, artistas e músicos de grande sabedoria, possuíam essa abertura, onde conseguiram manifestar a criatividade divina aqui na Terra.
Sri Chinmoy, com toda sua capacidade espiritual, certamente tinha livre acesso a esse mundo de criatividade, pois sua manifestação através de mais de 1700 livros publicados, mais de 22000 músicas escritas, milhares de poemas e suas pinturas chamadas de Jharna-Kala (fonte-arte) não seria possível manifestar através da nossa mente humana limitada.
Nós buscadores espirituais que meditamos conseguimos manifestar essa divindade, mesmo não atingindo níveis de meditação tão elevados? De certa forma sim, evidentemente não na sua plenitude, tal como Sri Chinmoy, mas em níveis compatíveis com o nosso desenvolvimento espiritual. Algumas pessoas têm maior facilidade para criatividade, mas a Graça Divina pode vir para qualquer um. Basta meditar de forma correta, buscando a elevação espiritual. Então, se for a Sua Vontade, poderemos receber uma inspiração na forma de imaginação e posteriormente colocar em prática e sermos criativos.
Em outros termos, criatividade não necessariamente é criar uma música ou pintar um quadro, pode ser qualquer coisa no qual seja útil e sirva como inspiração para alguém. O simples fato de escrever um artigo como esse pode ser considerado uma forma de criatividade e manifestação, caso alguém venha a lê-lo e se inspire de alguma forma.
Ter ideias, imaginar, ou como algumas pessoas dizem: “pensar fora caixa” é um sinal de imaginação. Se a pessoa conseguir colocar em prática, podemos dizer que essa pessoa foi criativa. A criatividade não vem até nós de forma forçada. Muitas vezes, temos uma ideia, ou um insight, que seria uma compreensão súbita em momentos inesperados. Possivelmente uma ideia criativa pode vir entre um pensamento e outro, que na verdade é uma forma de meditação.
Portanto, se você meditar de forma correta, sem interesse em algo, e deixar que a Graça Divina faça a sua parte, você, cedo ou tarde pode ser abençoado com uma ideia criativa que pode inspirar alguém, sinta-se feliz, pois você estará expressando Deus de uma forma bem peculiar, que Ele mesmo escolheu.
Kundalini yoga é uma forma de yoga ancestral que lida com a abertura dos chakras em busca da iluminação. Alguns mestres do século XIX e XX como Sri Ramakrishna, Sri Aurobindo e Sri Chinmoy explicam que não é necessário para os buscadores que se identificam com seus ensinamentos procurarem abrir os chakras, como no kundalini yoga – na verdade, quando as condições interiores de aspiração, devoção e entrega se manifestam, esses centros serão abertos e satisfeitos de forma natural, segura e espontânea.
Segue abaixo quatro perguntas e suas respostas relacionadas aos temas de kundalini yoga e seus poderes.
Perguntas sobre kundalini yoga
Pergunta: É verdade que os poderes psíquicos não se desenvolvem ou não se manifestam espontaneamente nos Yogis, mas que devem ser desenvolvidos através de exercícios ou outros meios?
Sri Chinmoy: Existem sete centros psíquicos principais no nosso corpo. Eles não estão no físico, mas sim no corpo sutil. Na coroa da cabeça está um centro, chamado Sahashara, o lótus de mil pétalas. Um pouco acima do ponto entre as sobrancelhas fica a sede da visão, o centro chamado Ajna chakra. Na base da garganta se localiza o chakra da fala e exteriorização. Chamamos ele de Vishuddha. No centro do peito está o Anahata, o chakra do coração, e muitas pessoas obtêm grande parte dos seus poderes psíquicos daqui. No umbigo está o Manipura. No baço há outro centro, o Svadhisthana. E abaixo, na base da coluna, temos o chakra chamado Muladhara. Muladhara, Svadhisthana, Manipura, Anahata, Vishuddha, Ajna e Sahashara: são esses os sete chakras.
Quando um buscador conscientemente ou inconscientemente se concentra nesses centros, ele desenvolve poder psíquico. Ele pode não saber o nome do centro, mas caso se concentre no lugar correto, automaticamente irá adquirir algum poder intuitivo. Para abrir os chakras e fazer com que a Kundalini comece a funcionar, você deve se concentrar em cada chakra. Essa é uma maneira de adquirir poder psíquico, através de disciplina espiritual.
Especialmente no ocidente, escuto muitas pessoas dizerem que fulano tem poder psíquico ou que fulana tem poder psíquico, mesmo que tal pessoa não tenha uma gota de poder. Algumas pessoas recebem um leve sentimento intuitivo vindo do plano da intuição ou da mente física, onde há intuição sutil, e afirmam possuir poder psíquico. Mas não é tão fácil adquirir poder psíquico. Deve-se trabalhar duro para obtê-lo.
Caso um Guru ou Mestre espiritual queira, ele pode injetar aquele poder em você, sem que você precise meditar ou praticar Kundalini Yoga. A capacidade de conceder esses poderes é privilégio de Mestres espirituais. Porém, tudo depende da Vontade de Deus. Se Deus quiser dar a você poder psíquico, durante o sono você receberá um tipo de mantra que lhe é adequado. A figura ou ser que aparecer no sonho então lhe dirá quantos milhares de vezes você deve repetir aquele mantra específico. Não será necessário se concentrar em um centro específico. Você apenas precisa repetir aquele mantra um certo número de vezes e logo possuirá poder psíquico. Isso acontece até mesmo no caso da realização. A maior parte das pessoas realiza Deus praticando a espiritualidade por toda a vida, mas existem algumas pessoas que simplesmente não precisam praticar a vida espiritual. Em um sonho, Deus entra na pessoa e ilumina a sua consciência, e qualquer um dotado de visão espiritual verá que aquela pessoa é liberta e realizada.
Igualmente, não é sempre necessário clamar conscientemente por poder psíquico. Quando alguém se torna um Yogi, os seus centros normalmente se abrem, de forma espontânea, e o poder psíquico aparece automaticamente. Mesmo se alguém não busca poder psíquico, ele frequentemente aparece quando se está avançando rápido, muito rápido, em direção à meta. Se o poder oculto vier como uma benção e não impedir alguém de manifestar a sua divindade interior, nesse poder não haverá mal. Porém, caso se coloque como uma maldição ou um obstáculo, caso alguém sofra tentação, ou caso faça com que a pessoa perca a sua velocidade ou se desvie do caminho, então essa pessoa deve corajosamente rejeitar o poder e colocar a sua concentração primeiro no alcançar da sua meta.
Pergunta: Na Índia, os faquires que possuem tal tipo de poder os dedicam aos bons princípios da Yoga ou os utilizam para fazer negócios?
Sri Chinmoy: É certo que muitos se desviaram do caminho da verdade. Para aqueles que assim procederam, o poder psíquico que possuem é como magia negra. Não serve a nenhum propósito espiritual. Se alguém está doente e Deus diz a você que deve curá-lo, ou se alguém está sob perigo iminente e Deus quer que você o salve, então você deve utilizar os seus poderes psíquicos. O poder psíquico deveria ser usado apenas quando requisitado ou aprovado por Deus. A maior parte das pessoas que estão utilizando esses poderes, na Índia e em outros lugares, não o faz de acordo com a Vontade de Deus. Apenas satisfazem o próprio orgulho, ego e vaidade. Elas agem contra a Lei de Deus. Cometem um engano terrível, e a punição será muito severa na próxima vida.
Poderes místicos e yoga
Sri Chinmoy: A astrologia não tem o poder de mudar o nosso destino, mas a espiritualidade ou Yoga tem esse poder. A diferença entre a astrologia e a Yoga é que a astrologia apenas indica; ela indica o futuro com base no passado, mas não pode transformá-lo. No entanto, a Yoga pode superar o passado e moldar o futuro. A astrologia faz o seu papel o mais efetivamente até o momento em que se entra para uma espiritualidade mais profunda. Então a astrologia se curva, da mesma maneira que você se curva diante de mim. Antes de aceitarmos a espiritualidade, a astrologia é muito poderosa, como um leão. Então, quando entramos para a vida espiritual mais profunda, ela se torna um pequenino gatinho de estimação.
Kundalini e a abertura dos chakras
Sri Chinmoy: Caso você pratique Kundalini Yoga apenas um pouco – digamos, quinze minutos diariamente –, juntamente com a sua verdadeira meditação e aspiração, verá que os seus centros psíquicos ou do oculto estarão se abrindo. No entanto, se tiver entrado para a vida interior apenas para obter poder oculto e mostrar ao mundo a sua capacidade, a verdadeira espiritualidade nunca despertará em sua vida. Se quiser abrir o seu chakra cardíaco e demonstrar milagres para que as pessoas o apreciem ou admirem, e se acha que receberá mais inspiração através do apreço e admiração deles, estará cometendo um engano. Em outros casos, quando você faz algo e é exaltado aos céus, poderá receber mais inspiração para fazer ainda melhor. Mas nesse caso não é assim. Se mostrar um pouco do seu poder oculto e os outros demonstrarem apreciação, você pode ter certeza de que será o seu fim. Não ficará inspirado; pelo contrário, ao invés de buscar profundamente em seu interior para obter a verdadeira realização, você continuará aumentando o seu poder oculto. O poder oculto é todo tentação.
Lista de links e informação sobre yoga nos sites de meditação:
Nós meditamos na glória transcendental da Divindade Suprema, que está dentro do coração da terra, dentro da vida do céu e dentro da alma do Paraíso. Que Ela estimule e ilumine nossas mentes.
O mantra Aum (ou Om)
Não há mantra mais poderoso do que a mãe de todos os mantras, Aum, o som cósmico. Um yogi ou personalidade espiritual escuta esse som auto-criado nos mais profundos recessos de seu coração. Quando começar a ouvi-lo, você poderá ter certeza de que está bastante adiantado na vida espiritual. A sua Realização não mais será um mero brado em meio à escuridão. O dia em que você alcançará sua Auto-realização se aproxima rapidamente.
Chamamos o Aum de anahata nada, o som sem-som, ou o som que não foi soado. Empregamos o termo ‘sem-som’, mas isso é dizer pouco. O som cósmico é inaudível aos nossos ouvidos comuns, mas se ouvirmos o som sem-som dentro do coração, veremos que ele é infinitamente mais poderoso do que o som mais alto que possamos produzir. Na suavidade pode residir um tremendo dinamismo. Por vezes eu falo de forma paterna, com grande carinho e afeição. Falo com muita suavidade e delicadeza, mas ainda assim uso um poder absolutamente dinâmico. Talvez eu esteja sorrindo e oferecendo todo tipo de afeição, mas em minha suavidade há um poder vulcânico.
Se repetir a palavra Aum todos os dias por duas, três ou quatro horas, você guardará a vibração desse som em seu coração. Não será preciso entoar o som interiormente, pois entoando-o exteriormente o som interior se cria automaticamente. Quando o som sem-som vibra constantemente em seu coração, todo o seu corpo fica carregado de sabedoria divina, luz divina, poder divino. Praticar esse único mantra é suficiente para levá-lo a Deus.
Aum é o símbolo de Deus, a vibração do Supremo. É um som único, indivisível, indescritível. Ouvindo-o interiormente, identificando-nos com ele e vivendo em seu interior, seremos libertos dos laços da ignorância e realizaremos o Supremo dentro e fora de nós.
Durante o entoar do Aum, o que na verdade acontece é que a paz e luz descem das alturas e criam uma harmonia universal em nosso interior e exterior. Enquanto repetimos Aum, tanto o ser interior quanto o exterior ficam inspirados e carregados com luz divina e aspiração. O Aum é sem igual. Ele guarda infinito poder. Simplesmente repetindo Aum podemos realizar Deus.
Quando recitar Aum, procure sentir que Deus está subindo e descendo dentro de você. Centenas de buscadores na Índia realizaram Deus simplesmente repetindo Aum. Não importa quão grave seja um pecado, se uma pessoa entoar algumas vezes Aum a partir das profundezas de seu coração, a Compaixão onipotente de Deus perdoará e concederá redenção ao buscador. Num piscar de olhos, o poder do Aum transforma escuridão em luz, ignorância em conhecimento e morte em Imortalidade.
Como Entoar Aum
São várias as formas de se entoar Aum. Quando o fazemos com grande força da alma, entramos na vibração cósmica, onde a criação é perfeita harmonia e a dança cósmica é executada pelo Absoluto. Se cantamos devotadamente, tornamo-nos um com a Dança cósmica; tornamo-nos um com Deus o Criador, Deus o Mantenedor, e Deus o Transformador. Aum é ao mesmo tempo a Vida, o Corpo e o Alento de Deus. Isso é o que você pode sentir cantando Aum.
Quando for atacado no plano vital emocional, e pensamentos, ideias e vibrações ruins tomarem conta de você, repita Aum ou o nome do Supremo tão rapidamente quanto o possível. Não o faça lentamente. Enquanto tenta afastar as impurezas da sua mente, é preciso entoar como se estivesse correndo para embarcar num trem em movimento.
Durante o japa, não prolongue muito o som. Se alongar a sílaba Aum, não terá tempo para cantá-la quinhentas ou seiscentas vezes. Basta dizer de uma forma normal mas devotada, de forma que você sinta a vibração. E precisa ser feito em voz alta, não em silêncio. Deixe que o som do mantra vibre até mesmo em seus ouvidos físicos e permeie todo o seu corpo.
Recita-se Aum em voz alta porque, quando a mente exterior se convence, sentimos mais alegria e entrevemos uma conquista maior. Todavia, se soubermos como adentrar a fonte original do som, que fica dentro do coração, não precisaremos entoar em voz alta. É de fato possível recitar Aum silenciosamente ou ouvi-lo interiormente, sem realmente pronunciá-lo. Onde quer que estejamos, o som do Aum já estará presente. Poderemos ouvir o som de Aum sem o cantarmos, mas não saberemos de onde vem, se é do nosso coração ou da atmosfera.
Às vezes, durante a meditação os buscadores ouvem o som de Aum ainda que ninguém o esteja recitando. Isso quer dizer que interiormente alguém canta ou cantou Aum, e a sala de meditação preservou o som. Se tivermos consciência durante o sono, ouviremos o som de Aum. Não é o batimento do coração que ouvimos, mas sim o som sem-som. Será uma sensação muito convincente.
Se você quiser meditar enquanto estiver num lugar público, onde há todo tipo de barulho e perturbação, busque adentrar o seu próprio som interior. Para a sua surpresa, verá que os sons que o incomodavam um minuto atrás não mais o perturbam. Na verdade, um sentimento de plenitude surgirá pois, ao invés de ouvir barulho, você ouvirá música divina, uma música divina gerada em seu interior.
Ajudaria se entoássemos Aum antes da meditação?
Recitar Aum antes de meditar não é absolutamente necessário, mas é útil no sentido da inspiração. No início de nossa meditação, podemos primeiro sentir que estamos entrando em Deus o Criador, que cria aspiração em nós. Então, Deus o Mantenedor nos mantém, para que possamos continuar nossa jornada divina. Por fim, Deus o Transformador a cada momento transmuta nossa ignorância em sabedoria.
Mas Aum não é um termo que possui significado em nossa cultura.
É verdade. Na sua cultura a palavra mais significativa é ‘Deus’. Já na Índia, repetimos Aum ou o nome de um deus ou deusa cósmica, como Shiva ou Kali. Quando se entoa um mantra, o mais importante é saber em que aspecto do Supremo temos fé absoluta. Eu uso a palavra ‘Deus’ aqui no ocidente, porque sei que toda a vida vocês foram ensinados a orar para Deus. Mas Aum também pode existir em você com toda a significância que é peculiar a esse som. Chegará um dia em que será capaz de mergulhar mais fundo dentro de si, e se Aum o inspirar mais do que ‘Deus’, você deverá entoar Aum. É a inspiração recebida o que mais importa. Assim, você pode recitar ‘Deus’ se for o que mais lhe inspira.
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Na vida interior, os mantras possuem um papel significativo. Um mantra é uma sílaba, um grupo de sílabas ou uma sentença divinamente imbuída de poder divino. Uma vez alcançado através da repetição, esse poder pode ser utilizado para um propósito divino ou um propósito não-divino. Existem muitos e muitos mantras em sânscrito, e cada pessoa possui um mantra próprio. Nas escrituras indianas está dito que, se você deseja iluminação da mente, pureza ou outra qualidade, o que deveria fazer é praticar um mantra.
Japa (e japa yoga)
Japa é a repetição de um mantra. Quando se repete Aum duas, três ou mesmo centenas de vezes, essa repetição chama-se japa. No japa verdadeiro, o buscador repete um certo mantra que lhe foi concedido por seu Mestre. Se não tiver um Mestre, poderá ser revelado a ele esse mantra a partir de seu interior. Um buscador também é capaz de determinar interiormente quantas vezes entoar o mantra, se não tiver um Mestre para lhe dizer.
Quando um praticante de Japa Yoga precisa de pureza, seu Mestre lhe recomenda repetir um mantra específico milhares de vezes ao dia. Mas se quiser sabedoria mental, terá de usar um outro mantra. Para cada qualidade divina que o aspirante buscar, ele deve recitar um mantra diferente. Um aspirante pode ter decidido fazer um oferecimento do nome de Deus, entoando-o dez ou quinze mil vezes com a expectativa de um certo resultado. Mas enquanto canta o nome várias e várias vezes, ele pode estar, na verdade, pensando em outra coisa. A falta de concentração unidirecionada e atenção devotada levam embora grande parte da eficácia do mantra. Não se pode esperar nada ao repetir o nome de Deus dez mil vezes ao dia enquanto se pensa em outra coisa. Não importa quantas horas são dedicadas ao canto se você não o faz sincera e devotadamente. Porém, se entoar corretamente, o japa pode ser muito eficaz.
O japa não deve ser feito logo antes de dormir. Quando se repete mil, duas mil ou três mil vezes o mantra, a sua mente ficará agitada se o corpo desejar adentrar o mundo do sono. O aspirante repete “Supreme, Supreme, Supreme …” , mas está apenas agindo mecanicamente. E se continuar para além de sua capacidade, sua mente ficará inquieta. Então o buscador sofrerá, pois não conseguirá dormir bem.
O exercício do japa pode ser feito pela manhã ou no correr do dia. Mas antes de ir para a cama, só deve ser feito no máximo cem, duzentas ou trezentas vezes. Caso esqueça de fazer durante o dia ou não esteja disposto e deixe para fazer tudo antes de dormir, isso não será bom para você. Ao meditar antes de dormir você invocará paz, luz e beatitude – todavia, quando repetir o mantra mil vezes, você estará na verdade invocando poder e energia, e ficará muito tenso para conseguir um bom sono.
Por vezes, escutamos a palavra que recitávamos mesmo após termos cessado sua repetição. Ao repetir “Supreme, Supreme, Supreme …” por um certo tempo, ouviremos esse mesmo Nome de Deus reverberando em nosso coração. As cordas vocais não agem, mas o ser interior continua a repetir o mantra de forma natural e espontânea.
O japa não é, estritamente falando, uma forma de meditação. É um chamamento. Utilizando um mantra, podemos invocar Deus para a nossa existência interior, nosso eu mais profundo. Já na meditação, procuramos de uma forma mais ampla adentrar a Infinidade, Eternidade e Imortalidade de Deus.
Utilizando os mantras
Cada mantra propicia um resultado particular. Usando um mantra específico, invocamos um certo aspecto de Deus para nos trazer paz, luz, beatitude ou algo mais de que precisemos. Se pudermos meditar bem por dez ou quinze minutos, isso servirá o mesmo propósito, pois entraremos na vastidão infinita de paz, luz e beatitude, onde nossa alma poderá sorver tudo aquilo que precisar ou desejar.
Mas se um aspirante não consegue alcançar sua meditação mais profunda, devido à inquietação da mente, surge, então, a oportunidade para usar um mantra. “Supreme”, “Aum” ou “Deus” podem ser repetidos por qualquer pessoa antes da meditação. O mantra deve ser repetido lentamente e em voz alta. Se você espera resultados rápidos em sua vida, repita um mantra todos os dias, sem falta, por no mínimo meia hora: quinze minutos pela manhã e quinze minutos ao anoitecer.
Lista de links e informação sobre yoga nos sites de meditação:
Que a minha meditação seja protegida pela Vontade do Supremo. – Sri Chinmoy
Seguem alguns vídeos de meditação guiada em português que podemos recomendar. Eles estão também no Vimeo, onde você pode baixar os vídeos com legenda em português gratuitamente (por isso também achamos melhor que o Youtube).
Os exercícios de meditação guiada podem ser legais para quem está começando, para dar um “start” na sua disciplina. No entanto, depois de alguns dias, recomendo que procure fazer a sua meditação de manhã cedo, sem usar computadores, telefone, etc. É um encontro entre você e a sua alma.
Mais três exercícios de meditação guiada em português sem vídeo
Algumas dicas:
Tenha um lugar só para meditar (pode ser um canto do seu quarto)
Esteja limpo e não coma antes de meditar
O melhor horário para começar é até as 6h da manhã
Mantenha os olhos semi-abertos, focados num ponto, numa flor, etc
Técnicas do livro 101 Técnicas de Meditação, de Sri Chinmoy
Uma chama no seu coração: imagine dentro do seu coração uma chama. Nesse momento talvez, a chama seja pequena e instável; não é uma chama poderosa. Mas uma dia, ela definitivamente se tornará muito poderosa e iluminadora. Então, todo dia, antes de orar e meditar, tente imaginar uma chama dentro do seu coração, uma chama flamejante. E por favor, tente imaginar que essa chama está iluminando a sua mente. Você não pode se concentrar satisfatoriamente porque a mente não está focada. A mente está constantemente pensando em muitas coisas. Ela se tornou uma vítima de muitos pensamentos indesejáveis. A mente não tem iluminação apropriada, então, imagine uma bela chama dentro do seu coração, iluminando você. Traga essa chama iluminadora para dentro de sua mente. Então você gradualmente verá um flash de luz dentro dela. Quando a sua mente começa a se tornar iluminada, é muito, muito fácil se concentrar por muito tempo e também, mais profundamente.
Tão puro como uma flor: Por favor, olhe para a flor inteira por alguns segundos e, enquanto estiver se concentrando nela, tente sentir que você próprio é essa flor. Ao mesmo tempo, tente sentir que essa flor está crescendo dentro do seu coração – nas profundezas do seu coração.
Então, tente se concentrar em uma pétala em particular da flor. Sinta que essa pétala que você selecionou é a forma-semente da sua existência-realidade. Após alguns minutos, concentre-se na flor toda novamente, e sinta que ela é a Realidade Universal. Dessa maneira, vá e volte, concentre-se primeiro na pétala – a forma-semente da sua realidade – e então na flor por inteiro – a Realidade Universal.
Enquanto estiver fazendo isso, por favor, não permita que nenhum pensamento entre na sua mente. Tente fazer sua mente absolutamente calma, quieta e tranquila. E também, gentilmente, mantenha os seus olhos meio abertos.
Após algum tempo, por favor, feche seus olhos e tente ver a flor na qual você esteve se concentrando, dentro do seu coração. Então, da mesma maneira que você se concentrou na flor física em sua mão, calmamente concentre-se na flor dentro do seu coração, com os olhos fechados.
Uma flor significa pureza. Tente sentir que seu coração se tornou tão puro quanto a flor.
Repetindo qualidades divinas: Por favor, interiormente repita a palavra ‘amor, amor, amor’, muito devotadamente. Enquanto pronuncia ‘amor’ com toda a alma, por favor, tente sentir que essa palavra está reverberando nas profundezas do seu coração: ‘amor, amor, amor’.
Se você preferir o conceito de paz, paz divina, então por favor, cante a palavra ‘paz’ interiormente ou repita-a para si próprio. Tente ouvir o som, o som cósmico que incorpora essa palavra. A palavra ‘paz’ será um som-semente reverberando bem fundo no seu coração. Se você quiser luz, por favor repita a palavra ‘luz, luz, luz’. Enquanto pronuncia a palavra, cantando ou repetindo-a com toda a alma, por favor, sinta que você se tornou essa palavra ou qualidade divina. Sinta que a sua verdadeira existência, da sola dos seus pés ao alto de sua cabeça, se torna o amor ou a qualidade que estiver repetindo. Todos os seus nervos, seu corpo sutil, seu corpo físico, tudo, tudo está inundado de amor. A qualidade tem esse poder mágico. Amor, paz, luz, deleite: você escolhe a qualidade divina que quer incorporar e se tornar.
Palestra de Sri Chinmoy proferida nas Nações Unidas sobre o tema da paz interior e a paz exterior.
A paz é o nosso direito de nascimento: como podemos encontrá-la?
Há dois tipos de paz: a paz interior e a paz exterior. A paz exterior é uma concessão do homem. A paz interior é a satisfação do homem. A paz exterior a á transformação do homem sem a sua satisfação. A paz interior é a satisfação do homem em ser completamente e supremamente preenchido.
Como pode a paz exterior ter a mesma capacidade da paz interior? A paz exterior pode ter a mesma capacidade se e quando a criação do homem e a criação de Deus tornam-se inseparavelmente uma.
Qual é a criação do homem? Neste momento, a criação do homem é o medo. A criação do homem é a dúvida. A criação do homem é a confusão. O que é a criação de Deus? A criação de Deus é o Amor. A criação de Deus é a Compaixão. A criação de Deus é o Cuidado.
O medo é a formiga mais indefesa do homem. A dúvida é o elefante mais selvagem no homem. A confusão é o tigre devorador no homem. Não há uma grande distância entre o medo que o homem acalenta e o seu medo forçado. Duvide de Deus, e o perdão lhe será garantido. Duvide de si mesmo, e a sua completa destruição será decretada. A confusão de ontem foi o início da sua insinceridade. A confusão de hoje é o início da sua insegurança. A confusão de amanhã será o início da sua futilidade.
O Amor de Deus pelo homem é a aspiração do homem. A Compaixão de Deus pelo homem é a salvação do homem. O Cuidado de Deus pelo homem é a perfeição do homem.
A busca preenchedora e satisfeita do homem pelo Real é a paz. Deus o Amor é o Convidado eterno do homem nos mais profundos recônditos do seu coração. Deus a Paz é o Anfitrião eterno nos mais íntimos recessos do Seu Coração. É por isso que infalivelmente e certamente consideramos a paz amorosa e satisfatória nosso direito de nascimento.
Como podemos ter paz – mesmo uma gota de paz – na nossa vida exterior, em meio à correria da vida e nossas múltiplas atividades? É fácil: temos de escolher a voz interior. É fácil: temos de purificar nossas emoções impuras.
A voz interior é o nosso guia. Os pensamentos aprisionadores são o clima escuro e imprevisível. A emoção impura é a tempestade interior. Temos sempre de ouvir a voz interior. Ela é a nossa proteção certa. Temos de ser cuidadosos com nossos pensamentos aprisionadores. Esses pensamentos possuem tremenda vitalidade. Devemos nunca permitir que inchem e se tornem tornados. Temos de enfrentá-los e dominá-los. Esses pensamentos são absolutamente não essenciais, e não temos tempo para nos preocuparmos com coisas não essenciais. Se queremos a paz interior e exterior, temos de nos abster do luxo da tempestade emocional. A emoção impura é uma frustração imediata, e a frustração é o precursor da completa destruição interior e exterior.
Para escolhermos a voz interior, temos de meditar de manhã cedo. Para controlar e dominar nossos pensamentos não divinos, temos de meditar ao meio-dia. Para purificar nossas emoções obscuras e impuras, temos de meditar à noite.
O que é meditação? A meditação é a percepção constante e a aceitação consciente de Deus. A meditação é o oferecimento incondicional de Deus ao homem.
O poder da meditação é algo que transcende o que os limites da mente humana, mas o que ela tem haver com a imaginação? Se a meditação é a arte de silenciar a mente, como posso obter o poder da imaginação enquanto medito? Parecem duas coisas contraditórias, mas, na verdade, não são. A imaginação é algo realmente incrível, que pode ser, de certa forma, um sinônimo de inspiração.
Sri Chinmoy escreveu vários poemas sobre a imaginação. Eis abaixo um deles, que relata o poder dela:
“O poder da imaginação nunca poderá ser mensurado.”
Um dos maiores físicos de todos os tempos, senão o maior, Albert Einstein, certa vez disse uma frase que reflete perfeitamente o que está por trás imaginação:
“Imaginação é mais importante que o conhecimento.”
Durante a meditação nós elevamos nossa consciência, nos abrimos a uma fonte ilimitada de luz, paz e sabedoria. Esse processo é longo e gradual, e são necessários muitos anos de prática diária para termos acesso a tudo isso. Enquanto meditamos, se a meditação for feita do modo correto, é possível que um dos frutos seja a inspiração para realizar algo. Essa inspiração pode vir na forma de uma sutil percepção de alguma coisa, que nada mais é que uma pequena obtenção de luz vinda de um plano mais elevado de consciência, que certamente está diretamente ligada ao poder da meditação. Abaixo, mais um exemplo que Albert Einstein escreveu:
“Penso noventa e nove vezes e nada descubro; deixo de pensar, mergulho em profundo silêncio – e eis que a verdade se me revela.”
A partir do momento que recebemos essa inspiração, nossa imaginação começa a agir, criar e moldar essa ideia. É algo natural de se acontecer. Por exemplo, se essa ideia for uma viagem a ser realizada, nós começamos a planejar a viagem. O ato de iniciar o planejamento, nada mais é que uma materialização desse acontecimento, é como se criássemos um universo paralelo dentro de nossa mente, com cada detalhe a ser cumprido.
Evidentemente, existem pessoas com capacidade intrínseca de utilizar a imaginação, mas qualquer pessoa é capaz de fazer isso a um certo grau. Quando recebi a inspiração de nadar o Canal da Mancha, que foi através de várias meditações, foi exatamente esse processo que aconteceu. A imaginação e planejamento começaram a ser ativadas, e cada detalhe dessa jornada, cada treino, cada passo, foi acontecendo de forma espontânea e natural. Inclusive a própria travessia foi algo planejado minunciosamente, e o que houve na verdade foi uma materialização do que foi imaginado.
É como se algo já estivesse realizado e concretizado no mundo interior, e o trabalho que tive foi apenas o de materializar isso no mundo exterior. De certa forma, o poder da imaginação deve ser utilizado apenas para o bem. Sri Chinmoy descreve em mais um dos seus aforismos sobre o poder da imaginação que ela deve ser utilizada de forma adequada.
“Imaginação possui poder.
Imaginação é poder.
Entretanto, tenha certeza de ter
Uma boa e elevada imaginação.”
Portanto, meditação e imaginação são dois amigos inseparáveis. Mormalmente a meditação convida a imaginação a fazer parte de uma realidade. Basta o buscador espiritual possuir determinação e dinamismo suficiente para aplicar essa inspiração na sua vida.