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Oração e Meditação

Oração e meditação

Textos sobre oração e meditação de Sri Chinmoy, do livro Meditação


Quando oro, eu me ajoelho com devoção e em segredo.

Quando medito, eu ergo meu coração de modo perfeito e repleto de alma.

Prece, oração e meditação

Neste texto, Sri Chinmoy explica similaridades e diferenças entre a oração e meditação. Meditação e oração têm a mesma meta, mas usam estradas diferentes para chegar lá. Se quiser ler mais sobre oração e meditação, veja nossos outros artigos.

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Quando oro, eu me ajoelho com devoção e em segredo. Quando medito, eu ergo meu coração de modo perfeito e repleto de alma.
Sri Chinmoy

Oração e meditação

Oração e meditação são como duas estradas. A oração é sempre para o nosso próprio bem, para a nossa própria vida, para nossos amigos queridos no nosso mundo imediato. Se orarmos bem, Deus nos concederá duas asas para voarmos. Mas a meditação é para o mundo inteiro. Se meditarmos bem, sentiremos unicidade com a nossa própria realidade expandida. Se pudermos seguir o caminho da meditação, seremos heróis-guerreiros. Poderemos carregar em nossos ombros gigantes todo o fardo da humanidade. Ao satisfazermos a nossa vida de meditação, satisfaremos não somente a Deus, mas também a nós mesmos e ao mundo inteiro.

Para aqueles que querem ter a realização do Altíssimo, sempre digo que a meditação é de suma importância. No entanto, houve santos no ocidente que realizaram Deus somente por meio da oração. Eles não conheciam o conceito de meditação. Mas a intensidade da oração e da aspiração deles os levou até o mundo da meditação e além dele. As duas abordagens são eficientes. Quando oramos, vamos até Deus. Quando meditamos, Deus vem até nós. O mesmo resultado é possível no final.

Eu oro, eu medito

Eu oro. Por quê? Eu oro porque preciso de Deus. Eu medito. Por quê? Eu medito porque Deus precisa de mim.

Ao orar, penso que Deus está bem acima de mim, acima da minha cabeça. Ao meditar, sinto que Deus está no meu interior profundo, no meu coração.

A oração diz: “Sou indefeso, impuro, fraco. Preciso de Ti, ó Senhor Supremo, para me fortalecer, para me purificar, para me iluminar, para me aperfeiçoar, para me imortalizar. Preciso de Ti, ó Senhor Supremo”.

A meditação diz: “Senhor Supremo, por Tua infinita generosidade, Tu me escolhestes para ser Teu instrumento, a fim de manifestar-Te aqui na Terra, à Tua própria maneira. Tu poderias ter escolhido outra pessoa para fazer isso. No entanto, concedeste a mim a oportunidade dourada. Ofereço a Ti minha gratidão constante, o meu coração-gratidão”.

Oração é pureza. Ela purifica a mente, que está sempre sujeita à dúvida, ao medo, à preocupação e à ansiedade, e é sempre atacada por pensamentos e impulsos inadequados. Quando oramos, a purificação surge na nossa mente, e ela aumenta a nossa receptividade a Deus. Na verdade, a pureza nada mais é do que receptividade a Deus. A cada vez que oramos, o nosso recipiente interior aumenta, aumenta mais e mais. Assim, a pureza, a beleza, a luz e o deleite podem entrar nesse recipiente e brincar juntos nos recônditos mais profundos do nosso coração.

Meditação é luminosidade. Ela ilumina o nosso coração. Quando a iluminação surge no nosso coração, a insegurança e o sentimento de carência desaparecem. Nesse momento, cantamos a canção de unicidade inseparável com a Consciência Universal e a Consciência Transcendental. Quando o nosso coração é iluminado, o finito em nós entra no Infinito e transforma-se no próprio Infinito. As amarras milenares vão embora, e a liberdade da Verdade e Luz infinitas nos dá as boas-vindas.

A oração diz para Deus: “Amado Supremo, Tu és meu. Eu o reivindico como meu, como parte de mim. Conceda-me as Tuas qualidades divinas em medida ilimitada, para que eu possa ser Teu instrumento perfeito aqui na Terra”.

A meditação diz para Deus: “Ó Amado Supremo, eu sou teu. Tu podes me usar à vontade, a qualquer hora, durante toda a Eternidade. Satisfaça a ti mesmo por meu intermédio, tanto aqui na Terra como aí no Céu”.

A melhor forma de definir a oração é praticá-la diariamente. A melhor forma de definir a meditação é senti-la devotadamente. A melhor forma de definir o yoga é vivê-lo sinceramente. A melhor forma de definir Deus é amá-Lo, e a Ele apenas, incondicionalmente.


A oração é algo totalmente intenso e que sobe às alturas. Ao orarmos, sentimos que a nossa existência é uma chama unidirecionada, voltada para cima. Dos pés à cabeça, todo o nosso ser está suplicando e rogando pelas alturas. A própria natureza da oração é alcançar Deus ao se elevar.

A meditação é algo amplo e vasto que, no final, se expande num Infinito. Quando meditamos, nos atiramos na vastidão, num mar infinito de paz e felicidade, ou recebemos a Vastidão infinita dentro de nós. A oração se eleva. A meditação se espalha. A meditação está constantemente se expandindo e se transformando em paz, luz e deleite. Quando meditamos, gradualmente vemos, sentimos e nos tornamos o universo inteiro de luz e deleite.

No entanto, é preciso lembrar que, quando oramos, sentimos que, como indivíduos, estamos separados de Deus. Sentimos que Ele está em algum lugar, e que nós estamos em outro. Nesses momentos, não estamos na nossa consciência mais elevada, na qual sentimos que nós e Deus somos um. Se sentirmos que nós e Deus somos um, então não há por que orar porque, nesse caso, as nossas necessidades são as necessidades Dele.

Podemos dizer que a oração intensifica a nossa intimidade com Deus, enquanto a meditação aumenta a nossa unicidade com Ele. Primeiro, temos de sentir que nós e Deus somos amigos íntimos. Então poderemos perceber a nossa realidade-unicidade com Ele. Antes de meditarmos, se orarmos por alguns minutos, poderemos desenvolver uma ligação íntima com o Supremo. Em seguida, podemos meditar para nos tornarmos um com Ele.

Na vida espiritual mais sublime, não há comparação entre meditação e oração. A meditação é infinitamente mais profunda e mais vasta do que a oração. No ocidente, a oração é usada pelos buscadores com uma eficácia considerável. Mas um verdadeiro buscador que quer ir até o Além Derradeiro precisa sentir que a meditação é o degrau mais alto da escada para a realização-Deus. Ao meditarmos, vemos, sentimos e nos transformamos no universo inteiro de luz e deleite.

A oração mais elevada

A oração mais elevada é “Seja feita a Vossa Vontade”. Com certeza, essa é a altitude mais elevada para uma oração e também é o começo da meditação. Quando a oração termina a sua jornada, a meditação começa. Na meditação, não dizemos nada, não pensamos em nada, não queremos nada. No mundo-meditação, o Supremo está agindo em nós e por meio de nós para a Sua própria satisfação. E o mundo-oração está sempre pedindo alguma coisa. Mas o mundo da meditação afirma: “Deus não é surdo nem cego. Ele sabe o que fazer para satisfazer a Si mesmo em e através de mim. Portanto, em silêncio repleto de alma, apenas me tornarei o mais elevado”.

O que a minha oração precisa é de uma árvore-paciência. O que minha meditação precisa é de uma flor-gratidão.
Sri Chinmoy

Orar e meditar – qual é a diferença?

textos de Sri Chinmoy

sri-chinmoy-jharna-kala.jpg˜A diferença entre a oração e a meditação é esta: na oração, sentimos que nossa existência é uma chama ascendente, direcionada às alturas. A própria natureza da oração é alcançar Deus subindo às alturas. Na meditação, mergulhamos num vasto espaço, num infinito mar de paz e felicidade, ou então acolhemos em nosso interior o Vasto infinito.

A oração e a meditação são como os lados de uma mesma moeda. E são ambas muito eficazes. Quando oro, eu falo e Deus escuta. Quando eu medito, Deus fala e eu escuto. Na oração, subimos até Ele; na meditação, Ele vem até nós. Ao cabo e ao fim, elas representam a mesma coisa. Todavia, devemos saber que, ao orar como indivíduos, nos sentimos separados de Deus. A sensação é a de que Ele está num certo lugar, e nós em outro. Estamos a olhar para cima, chorando por Ele, mas não sabemos quando ou até que ponto Ele satisfará as nossas preces. Já a meditação diz: “Deus não é cego e nem surdo! Deus sabe o que Ele precisa fazer para satisfazer a Si mesmo em e através de mim. O meu dever é permanecer em sublime silêncio devotado.” A oração mais elevada foi proferida pelo Cristo: “Seja feita a Vossa Vontade.” Essa oração é também o início da meditação. Onde finda a jornada da oração começa a meditação.

Sri Chinmoy, As Asas da Alegria, Editora Pensamento, 2007.

srichinmoy-orando-e-pintando.jpgPaz e Felicidade

…Caros amigos, irmãos e irmãs. Eu sou uma pessoa de oração, um aluno da paz. Eu oro ao Pai Celestial para que faça surgir à tona todas as qualidades divinas que existem em vocês e as aumente em medida infinita. Eu oro a Deus para que Ele agracie cada um com Sua Mensagem-Sonho, a paz. Também oro para que Ele lhes ofereça alegria infinita.

É por meio da oração, meditação e serviço dedicado que será estabelecida a paz mundial. Cada indivíduo deve procurar fazer os outros felizes, pois é apenas através da felicidade que podemos ter paz. Se oferecermos felicidade a alguém, amorosa e sinceramente, aquela pessoa terá apenas boa-vontade para conosco. Da felicidade obtemos paz, e da paz, felicidade. As duas são inseparáveis. …

Sri Chinmoy, As Asas da Alegria, Editora Pensamento, 2007

Pergunta: Qual é a importância relativa da oração?

Sri Chinmoy: Para um buscador genuíno, que procura Paz, Luz, Deleite e Poder divinos em medida infinita, a oração nunca será tão importante quanto a meditação. Quando oramos, na maior parte do tempo temos a sensação de mendigar. “Ó, Deus, dê-me isto; faça-me aquilo.”

Sentimos de forma automática que somos pedintes e que outra pessoa nos concederá nossos pedidos. Um pedinte bate à porta de qualquer um – seja rico ou pobre. Ele não se importa. Ele apenas bate e bate para ganhar dinheiro. Portanto, quanto oramos, somos como pedintes. Oramos a Deus pra cá, pra lá, olhando para cima, para baixo, ou como for. Não sabemos de que canto ou de que nível Deus irá satisfazer os nossos desejos. Olhamos para cima e clamamos: “Deus, me dê, me dê, me dê!” Há um vasto desfiladeiro entre a existência Dele e a nossa existência.

srichinmoymeditando.jpgSe buscarmos em nossas profundezas interiores, veremos um desejo sutil ou grosseiro, que nos instigará a orar. É por uma gota, duas ou três gotas de Compaixão ou Luz ou Paz que estamos orando. Infelizmente, quando oramos, nossa atenção completa fica focada num objeto ou desejo em particular, e sentimos que, se conquistarmos essa coisa pela qual estamos clamando, isso já bastará. Portanto, quando a oração é satisfeita, ela cessa. Através da oração, esperamos que Deus nos dê o que queremos, e então, quando Deus dá, quando nossa oração é atendida, paramos de orar. Por alguns meses ou anos deixamos de orar, até que o desejo uma vez mais nos instiga. E então oramos de novo.

Mas meditação é diferente. Na meditação, ficaremos em um certa região divina, onde sentiremos o tempo todo a expansão de nossa consciência. Quando mais sentirmos a expansão de nossa consciência, mais claro ficará que Paz, Luz e Deleite estão crescendo dentro de nossa meditação. A própria meditação torna-se o solo fértil onde a supersafra da Paz, Luz e Deleite poderá crescer. Assim como não há fim para a nossa aspiração, também não há fim para a nossa meditação. Lidamos com Eternidade, Infinidade e Imortalidade – portanto, o nosso progresso é constante e, ao mesmo tempo, sem fim.

Quando meditamos, estamos no mar de tranquilidade. Não há ninguém para quem orar, e Deus sente nossa necessidade mais do que podemos imaginar. Ele está sempre presente. Devemos apenas recebê-Lo. Quando meditamos, Deus sente a necessidade de satisfazer a Si mesmo em e através de nós. Na vida espiritual verdadeira, não há comparação entre a meditação e a oração. Há momentos em que iremos orar, mas se formos um buscador verdadeiro, se quisermos realmente ir até a Meta última, para a maioria de nós a meditação será o degrau mais elevado na escada da evolução espiritual. No entanto, se orarmos pela satisfação da Vontade de Deus, se orarmos pela Sua Vitória divina em e através de nossas vidas, essa oração será muito elevada, poderosa. Muitos dos grandiosos gigantes espirituais do ocidente realizaram Deus através desse tipo de oração.

Sri Chinmoy, Great Masters And The Cosmic Gods, Agni Press, 1977.