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A meditação segundo o Bhagavad Gita

mestre meditando jvilleA meditação no Bhagavad Gita – traduzido ao português

 

No capítulo seis do Bhagavad Gita, Sri Krishna ensina a Arjuna como praticar a meditação. Segue abaixo o capítulo inteiro, traduzido ao português a partir da versão em inglês de Sri Aurobindo.

Se quiser ler mais sobre o Bhagavad Gita ou a prática de Meditação podemos recomendar os dois livros de Sri Chinmoy nos links, em versões impressa, pdf e áudio, além de participar presencialmente.

 

A postura mental para meditação

6.10- Que o Yogin* pratique continuamente a união com o Eu, sentado sozinho e afastado, com todos os desejos e ideias de posse banidas da sua mente, autocontrolado em todo o seu ser e consciência.

*N.d.T: Os cabeçalhos são nossa inserção, para facilitar a leitura/navegação. O uso do termo Yoga (LINK) remonta à palavra União, e não aos exercícios físicos praticados nas modalidades de hatha yoga. Yogin é o praticante, o aspirante a essa Yoga de União com o divino.

 

O local para meditar

6.11-12- Ele deve preparar num lugar puro o seu assento firme, nem muito alto e nem muito baixo, coberto com um tecido, com uma pele de cervo, com ervas sagradas, e ali sentado com uma mente concentrada e com as ações da consciência mental e dos sentidos sob controle, ele deve praticar Yoga para a autopurificação.

 

A postura física correta para meditar

6.13-14- Mantendo o corpo, cabeça e pescoço eretos, imóvel, com sua visão internalizada e fixada entre as sobrancelhas, (…), mente calma e liberta do medo, observado o voto de Brahmacharya*, a integralidade da mentalidade controlada direcionada a Mim, ele deve sentar-se firme no Yoga, completamente entregue a Mim.

*N.d.T: Abstinência sexual, física e mental, entre outras práticas. Literalmente: “Conhecedor da conduta que leva a Deus”

 

O resultado da prática meditativa

6.15- Assim, sempre colocando-se em Yoga pelo controle da mente, o Yogin alcança a paz suprema do Nirvana, que tem a Mim como fundação.

 

Moderação nos hábitos e serenidade na forma de enxergar

6.16- Este Yoga não é para aquele que come demais ou dorme demais, nem é para aquele que abdica do sono e alimento, Ó Arjuna.

6.17- O Yoga destrói toda a tristeza para aquele cujo sono e vigília, alimento, ações, esforços são todos em medida correta.

 

A mente silenciosa

6.18- Quando a consciência mental integral e perfeitamente controlada e livre de anseios por coisas agradáveis permanece silente no Eu, diz-se: “ele está em Yoga.”

6.19- Imóvel como a luz de uma lamparina num local sem vento é a consciência do Yogin que pratica união com o Eu.

 

O objeto da meditação

6.20- Aquilo em que a mente fica silente e imóvel pela prática de Yoga; aquilo em quem o Eu é visto no Eu pelo Eu (e não o que é visto, mal traduzido, falsamente ou parcialmente pela mente e representado a nós através do ego, mas sim autopercebido pelo Eu), nele a alma está satisfeita;

6.21- Aquilo em que a alma conhece o seu próprio e incrível deleite, que é percebido pela inteligência e está além dos sentidos, onde estabelecida não mais pode cair da verdade espiritual do seu ser;

6.22- Aquilo em que obtido não considera outro ganho maior; aquilo em que estabelecido não é perturbado pelo maior dos ataques de tristeza mental;

6.23- Aquilo deve ser conhecido pelo nome de Yoga – a libertação da associação com a dor e tristeza. Esse Yoga deve ser continuamente aplicado com um coração livre de desânimo e depressão.

 

Controlando a mente para meditar

6.24-25- Abandonando sem exceção todos os desejos nascidos na vontade-desejo e controlando todos os sentidos pela mente, de forma que não possam correr para todos os lados, deve-se gradualmente recolher-se na tranquilidade através de um buddhi controlado por constância e, fixando-se a mente no Eu, não deve-se pensar em qualquer coisa.

6.26- Por qualquer coisa que a mente inquieta e inconstante perambule, daquilo ela deve ser restringida a acessar e trazida de volta ao subjugar do Eu.

6.27- Quando a mente está completamente silenciada, vem ao Yogin a altíssima intocada, purificada bem-aventurança da alma que se tornou o Brahman.*

*Deus, o Absoluto

 

A bem-aventurança do Divino

6.28- Assim liberto da mácula da paixão e colocando-se constantemente em Yoga, o Yogin facilmente e alegremente desfruta do toque do Brahman que é deleite inefável.

6.29- Com sua visão equalizada para tudo, o homem cujo eu está em Yoga vê o Eu em todos os seres e todos os seres no Eu.

6.30- Aquele que vê a Mim em todo lugar e vê tudo em Mim, ele nunca Me perde, nem ele se perde de Mim.

6.31- O Yogin que sustenta-se na unicidade e ama a Mim em todos os seres, de qualquer maneira que ele agir e viver, vive e age em Mim.*

((trecho do comentário de Sri Aurobindo na sua tradução): A visão espiritual de Deus e do mundo não é apenas uma idealização, e nem mesmo é principalmente ou inicialmente idealização. Ela é uma experiência direta e tão real, vívida, próxima, constante, efetiva e íntima quanto a visão que a mente possui através dos sentidos das imagens, objetos e pessoas….)

6.32- Ó Arjuna, aquele que enxerga com equanimidade tudo na imagem do Eu, seja tristeza ou felicidade; ele eu considero o Supremo Yogin.

 

A inquietação e o controle da mente

6.33- Arjuna disse: esse Yoga que foi por Você declarado sobre a natureza da equanimidade, Ó Madhusudana, nele não vejo fundação estável por conta da inquietação.

6.34- De fato inquieta é a mente, Ó Krishna; ela é veemente, forte e difícil de curvar; considero-a tão difícil de controlar quanto o vento.

6.35- O Divino Senhor disse: Sem dúvidas, Ó Kaunteya de braços fortes, a mente é inquieta e muito difícil de controlar, mas ela pode ser controlada através de prática constante e desapego.

6.36- Por aquele que não é autocontrolado, esse Yoga é difícil de alcançar; mas para o autocontrolado, é alcançável por esforços propriamente direcionados; tal é a minha visão.

 

Desistindo no meio do caminho

6.37- Arjuna disse: Aquele que toma o Yoga com fé, mas não consegue controlar-se, com sua mente vagando para longe do Yoga, fracassando em alcançar perfeição no Yoga, qual é o seu fim, Ó Krishna?

6.38- Ele não perde, Ó Krishna de braços fortes, a sua vida e a consciência brâhmica a que aspira e, caindo de ambos, falece como uma nuvem dispersando-se?

6.39- Peço-lhe que disperse esta minha dúvida completamente, Ó Krishna; pois ninguém além de Você pode destruir essa dúvida.

 

O futuro do buscador

6.40- O Divino Senhor disse: Ó Partha, nem nesta vida e nem na próxima haverá destruição para ele; nunca alguém que pratica o bem, Ó querido, vem a sofrer.

6.41- Tendo alcançado os mundos daqueles que têm retidão e habitado lá por anos a fio, aquele que cai do Yoga nasce novamente na família dos puros e gloriosos.

6.42- Ou então pode nascer na família de sábios Yogins; tal nascimento é de certo raro de se obter neste mundo.

6.43- Portanto, Ó alegria dos Kurus, ele recupera a disposição búdica* que tinha alcançado na vida passado e com ela continua a se esforçar pela perfeição.

*N.d.T: buddhi, dentre possíveis traduções, pode ser vista como ‘consciência interior’

6.44- Pela virtude da paciência do passado, ele é carregado inexoravelmente; mesmo o buscador do Yoga vai além do alcance dos Vedas e Upanishads.

 

A meta altíssima

6.45- O Yogin que se esforça com assiduidade, purificado dos pecados, aperfeiçoando-se através de muitas vidas, alcança a meta altíssima.

6.46- O Yogin é maior que os praticantes de asceticismo, maior que os homens de conhecimento, maior que os homens de ação; torne-se o Yogin, então, Ó Arjuna.

6.47- De todos os Yogins, aquele que com todo o seu ser interior entregou-se a Mim, tem amor por Mim e fé em Mim, considero ele o mais unido Comigo em Yoga.

Como ficar acordado na meditação: sete dicas para não dormir na hora de meditar

dicas para ficar acordado na meditacao sri chinmoyComo ficar acordado na meditação – deixamos aqui sete dicas de Sri Chinmoy para não dormir na hora de meditar em casa. Uma parte dessas dicas está no livro Meditação.

 

Olhos semi-abertos para meditar

Eu aconselho meus discípulos a sempre manterem os olhos um pouco abertos ao meditarem. É mais convincente e mais gratificante manter os olhos abertos. …Digo aos meus discípulos que é sempre melhor manter os olhos abertos enquanto meditam.

De outra forma, vocês manterão os seus olhos fechados e então podem pensar que estão tendo uma meditação maravilhosa, quando na verdade podem estar ficando amigos do sono. Ao invés de ficarem amigos do sono, vocês deveriam ter uma eterna amizade com a minha consciência divina…

 

Usando a respiração para ficar acordado enquanto medita

Antes de começar a meditar, respire sete vezes, com inspirações longas. Isso o ajudará. Se respirar intensamente, se energizará e, ao mesmo tempo, conquistará o sono por alguns minutos.

 

Água fria para não dormir na meditação

Pergunta: Às vezes eu caio no sono praticamente na frente do meu altar

Sri Chinmoy: Tudo bem. Que tal molhar seus olhos com água fria?

 

Beliscando-se: um truque para não dormir ao meditar

Pergunta: Eu tomo uma ducha, mais ainda assim caio no sono após uns cinco minutos.

Sri Chinmoy: Por que você não se belisca tão forte quanto puder enquanto sente que é o seu colega de quarto que está beliscando você? Então diga: “Pare, pare, pare, pare!” Quando estiver caindo no sono, belisque-se tão forte quanto o possível e pense que outra pessoa o está beliscando. Enquanto se belisca, é na verdade a sua consciência que está beliscando a sua inconsciência. Mas você deve sentir que é outra pessoa que o está beliscando.

 

Sinceridade e truques mentais para se manter acordado

Pergunta: Mas então fico o tempo todo tentando manter o corpo acordado e não medito de verdade.

Sri Chinmoy: Por que você quer meditar por meia hora ou duas horas? Por que não pode meditar direito apenas por dez minutos. Se disser, “Só tenho que meditar por dez minutos,” sentira uma certa alegria. Quando uma criança deve ler por uma hora, se a mãe disser: “Tudo bem, minha criança, hoje você só precisa ler dez minutos,” a criança já fica feliz. Letargia, sono e todas essas coisas aparecem porque não há interesse. Se existe interesse sincero, não haverá sono. …

 

Japa e óleo de mostarda para ficar acordado na hora da meditação

…Existem várias maneiras de se manter acordado. Faça japa; diga “Supreme, Supreme, Supreme” o mais rápido possível. Se isso não funcionar, lave seu rosto e olhos e se mesmo isso não funcionar, tome então uma pequena gota de óleo de mostarda e coloque no canto exterior de seus olhos. Esfregue gentilmente na pele do canto dos olhos. Arderá e queimará um pouco, mas não causará ferimentos nem destruirá seus olhos. E o manterá acordado. Essa pequena queimadura não é nada comparado com o que ganhará: paz, luz e beatitude.

O verdadeiro problema é a sua sinceridade. Se você é sincero, valoriza tudo corretamente. Quando sabe que algo o ajuda, você o faz. Precisa dar a importância adequada às coisas. Deve dizer que não se sentará com a ignorância, e se sentará com a luz.

 

Invocando o Poder divino

…Ou vocês podem tentar invocar o Poder divino quando vierem para o Centro. Se sentirem que não estão fazendo uma boa meditação e estão sonolentos, tentem invocar o aspecto Poder do Supremo. Nesse momento, não invoquem Paz e Luz. Tentem trazer à frente o Poder divino de dentro ou trazer para baixo o Poder de cima. Imediatamente, em cinco minutos, se sentirão energizados. Se invocarem o poder dinâmico dentro de vocês mesmos, verão que todo o seu corpo se tornará energizado com o Poder divino. Esse Poder divino os fará sentir que seu corpo está ardendo em febre, embora não estejam realmente mudando de temperatura.

Dicas para se manter bem acordado durante a meditação

 


 

Minhas pequenas dicas para não dormir na hora de meditar

por Patanga Cordeiro

 

Alonge-se

Para mim, quando alongo os músculos, principalmente os do pescoço, isso ajuda muito na manutenção da minha energia. Acho que os nervos “puxados” pela falta de alongamento induzem a um falso sono. Uma dica é fazer a postura de hatha yoga “halasana”.

 

Tire uma soneca antes

Quando for participar de uma meditação em grupo à noite, etc, antes de ir, tente dormir uns 15-30 minutos, se puder. Isso pode ajudar muito. Também, se você estiver passando por uma fadiga crônica, se descansar bem por um dia poderá reparar que terá muito mais energia (e até mesmo boa vontade e entusiasmo) para meditar.

É possível esvaziar a mente?

É mesmo possível esvaziar a mente?

Sri Chinmoy: Certamente é, com a prática regular. De manhã cedo, se você medita por, digamos, quinze minutos. Durante a sua meditação, se tiver vinte pensamentos importunos, inquietos, após um mês de prática séria, verá quantos pensamentos terá. Gradualmente você verá quantos pensamentos importunos foram eliminados. E, se tiver um pensamento iluminador ou preenchedor, pode gradumente tentar ter mais. É como correr na vida exterior – você progride de correr um quilômetro para correr dois, três e assim por diante. Talvez tenha começado correndo num paço de 6 minutos por quilômetro, mas a sua prática regular o capacitará a ir mais rápido. Assim, gradualmente você será capaz de ir além do mundo-pensamento. Haverá alguns pensamentos vagando na sua mente, mas você não será afetado por eles. O poder-pensamento pode criar problemas para nós ou pode nos ajudar. Um pensamento realmente bom é a visão da alma operando na mente.

Meditar de olhos abertos ou meditar de olhos fechados?

sri chinmoy samadhi

Olhos abertos versus olhos fechados

– Sri Chinmoy, do livro Meditação

Muitas vezes as pessoas me perguntam se devem meditar de olhos abertos. Em noventa por cento dos casos, aqueles que mantêm os olhos fechados durante a meditação acabam dormindo; conseguem meditar por cinco minutos, e durante quinze, ficam no mundo do sono. Não há energia dinâmica, mas sim letargia, complacência e uma espécie de sensação doce, repousante.

Ao manter seus olhos fechados durante a meditação e entrar no mundo do sono, você pode ficar entretido com todos os tipos de fantasia. Sua imaginação fértil pode fazê-lo sentir que está entrando nos mundos mais elevados. Existem muitas maneiras de acreditar que está tendo uma meditação maravilhosa. Assim, é melhor meditar com os olhos semiabertos. Desse modo, você ficará na raiz e no ramo mais alto ao mesmo tempo. A parte que tem os olhos meio abertos é a raiz, simbolizando a Mãe-Terra. A parte que tem os olhos meio fechados é o ramo mais alto, o mundo da visão ou, digamos, o Céu. Sua consciência estará no nível mais elevado, mas também aqui na Terra, tentando transformar o mundo.

Quando medita com os olhos semiabertos, você está praticando o que é chamado de “meditação do leão”. Mesmo se estiver profundamente mergulhado em si mesmo, você focará a sua atenção consciente tanto no plano físico quanto no subconsciente. Tanto o mundo físico, com seus ruídos e distrações, como o mundo subconsciente, o mundo do sono, o estão convidando. Entretanto, você está vencendo os dois. Você está dizendo: “Estou atento. Vocês não podem me levar para os seus domínios”. Já que os seus olhos estão parcialmente abertos, você não vai dormir. Portanto, você está desafiando o mundo do subconsciente. Ao mesmo tempo, está controlando o plano físico, porque pode ver o que está acontecendo ao seu redor.

 

 

Meditação de olhos abertos, fechados ou entreabertos?

Comentário por Patanga Cordeiro

Olhos abertos, sempre! (Na verdade, entreabertos)

Essa é uma pergunta muito comum mesmo. Costumo ouvir essa pergunta mais ou menos umas duas ou três vezes por mês, de uma forma ou de outra. Quando você for aprender a tocar um instrumento musical, a postura das mãos pode ser incômoda, mas logo se acostumará e se tornará um bom músico. Se começar errado, o seu progresso irá obstar em algum momento e você terá que recomeçar com a posição correta. Por isso, a meditação se faz sempre de olhos abertos!

Por que não meditar de olhos fechados?

Porque se fechar os olhos, o seu corpo pensa que é hora de relaxar, dormir ou divagar. Meditação é para você elevar a sua consciência, crescer em percepção de uma realidade na qual não prestamos atenção diariamente. Dormir, relaxar ou divagar é o processo inverso.

Por que meditar de olhos abertos? (na verdade, entreabertos)

De olhos abertos, você consegue enxergar o seu ambiente. Assim, sabe que está desperto, ativo. O que não quer dizer que vai ficar pensando nas mesmas coisas do seu dia.

Repare nas estátuas do Buda e na foto de Mestres espirituais modernos… todos de olhos entreabertos em meditação.

lahiri mahasayasri-ramakrishnabuda samadhi nirvana

E porque deixá-los entreabertos?

Com os olhos todo abertos, fica mais difícil piscar sem perder a concentração, além de que você enxerga bastante do ambiente. Com os olhos entreabertos, seu rosto fica mais relaxado, e menos informação chega até você. Ainda assim, você está alerta. Essa é a melhor posição dos olhos para meditar. Uma dica é não forçar os olhos para deixa-los entreabertos. Apenas relaxe as pálpebras, e o que for natural provavelmente será ideal. Algumas pessoas ficam com os olhos quase fechados, e outras quase abertos. O que for natural para você provavelmente será ideal.

 


Exercícios de meditação com olhos abertos

Do livro Meditação, de Sri Chinmoy

 

O ponto. Se você quiser desenvolver o poder de concentração, pode tentar este exercício. Primeiro, lave bem o rosto e os olhos com água fria. Então desenhe um ponto preto na parede, na altura dos olhos. Encare o ponto, mais ou menos a uns trinta centímetros de distância, e concentre-se nele. Após alguns minutos, tente sentir que, ao inspirar, na verdade, a sua respiração está vindo do ponto, e que ele também está inspirando, recebendo a respiração de você. Tente sentir que existem duas pessoas: você e o ponto preto. Sua respiração está vindo do ponto e a respiração dele está vindo de você.

Em dez minutos, se a sua concentração for muito poderosa, você sentirá que a sua alma o deixou e entrou no ponto preto da parede. Nesse momento, tente sentir que você e a sua alma estão conversando. Sua alma o está levando para o mundo dela, para a realização, e você está trazendo a alma para o mundo físico, para a manifestação. Desse modo você poderá desenvolver o seu poder de concentração com muita facilidade. Contudo, esse método precisa ser praticado. Há muitas coisas que são bem fáceis quando praticadas. Entretanto, por não as praticarmos, não conseguimos o resultado.

 

Visão e realidade. Outro exercício que você pode tentar é o seguinte: primeiro, faça um círculo bem pequeno na parede, na altura dos olhos. Dentro dele, desenhe um ponto preto. Ele deve ser preto; nem azul, nem vermelho, nem de qualquer outra cor. Então encare a parede, a cerca de um metro de distância, e focalize a sua atenção no círculo. Seus olhos devem ficar relaxados e semiabertos. Deixe que a força de sua concentração venha do meio da sua testa. Depois de três ou quatro minutos, abra totalmente os olhos e tente sentir que, da cabeça aos pés, você é todo olhos. Toda a sua existência física nada mais é senão visão, e essa visão está focalizada no ponto dentro do círculo. Então comece a fazer com que o objeto de sua concentração se torne cada vez menor. Após alguns segundos, tente sentir que o seu corpo inteiro se tornou tão pequeno quanto o ponto na parede. Tente sentir que o ponto é uma outra parte de você. Então entre no ponto, atravesse-o e vá até o outro lado. Do outro lado do ponto, olhe para trás e veja o seu próprio corpo. Seu corpo físico está de um lado. Entretanto, com a força da sua concentração, você enviou o seu corpo sutil para o outro lado do ponto. Por meio do seu corpo sutil, você está vendo o seu corpo físico. E, por meio do seu corpo físico, você está vendo o seu corpo sutil.

Quando começou a se concentrar, o seu corpo físico se transformou totalmente em visão. Nesse momento, o ponto era a sua realidade. Quando você entrou no ponto, a visão e a realidade tornaram-se uma só coisa. Você era a visão e também a realidade. Mas, ao olhar para si mesmo a partir do ponto, o processo foi invertido. Nesse momento você se transformou na visão externa de si mesmo, e o lugar ao qual retornou – o seu corpo – era a realidade. Assim a visão e a realidade tornaram-se uma só coisa novamente. Quando você pode enxergar a visão e a realidade desse modo, a sua concentração é totalmente perfeita. Quando o seu poder de concentração puder levá-lo para o outro lado do ponto – que você chamava de realidade – toda a sua existência estará muito além da visão e da realidade. E, ao sentir que transcendeu as a sua visão e a sua realidade, você terá poder ilimitado.

Se você for um discípulo meu, ao se concentrar no ponto preto dentro do círculo, poderá tentar ver o seu próprio ser ali – a sua face de aspiração. Sinta que você existe só ali e em nenhum outro lugar. Então procure sentir que a sua existência, a sua face, a sua consciência – tudo – foi substituído pela minha. Uma vez que sinta que a toda a sua existência anterior foi completamente substituída pela minha, terá estabelecido a sua unicidade inseparável comigo, e certamente a minha força de vontade entrará na sua vida.

 

A flor interior. Para este exercício, você precisará de uma flor. Com os olhos semi-abertos, olhe para a flor inteira por alguns segundos. Enquanto estiver se concentrando, tente sentir que você mesmo é a flor. Ao mesmo tempo, tente sentir que ela está crescendo nos recônditos mais profundos do seu coração. Sinta que você é a flor, e que está crescendo dentro do seu coração.

Gradualmente tente se concentrar numa única pétala. Sinta que a pétala que você escolheu é a forma-semente da sua existência-realidade. Depois de alguns minutos, concentre-se na flor inteira de novo, e sinta que ela é a Realidade Universal. Desse modo, siga de uma coisa para a outra, primeiro se concentrando na pétala – a forma-semente da sua realidade – e então na flor inteira – a Realidade Universal. Enquanto estiver fazendo isso, não permita que nenhum pensamento entre na sua mente. Procure deixá-la totalmente calma, silenciosa e tranquila.

Depois de algum tempo, feche os olhos e tente ver a flor em que estava se concentrando dentro do seu coração. Da mesma maneira que você se concentrou na flor física, concentre-se na flor dentro do seu coração, com os olhos fechados.

 

A vastidão do céu. Mantenha os olhos semiabertos e imagine o vasto céu. No começo, tente sentir que o céu está diante de você. Mais tarde, tente sentir que você é tão vasto quanto o céu ou que é a próprio vasto céu.

Depois de alguns minutos, feche os olhos e tente ver e sentir o céu dentro do seu coração. Sinta que você é o coração universal, e que dentro de si mesmo está o céu no qual meditou e com o qual se identificou. O seu coração espiritual é infinitamente mais vasto do que o céu. Portanto, você pode facilmente abrigar o firmamento dentro de si.

 

 

30+ VÍDEOS sobre meditação e espiritualidade

Página nova: Filmes espirituais e inspiradores!

Como saber se estou meditando bem?


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O que é uma boa meditação?

por Sri Chinmoy, do livro Meditação

Muitas vezes, os buscadores perguntam como podem afirmar se estão meditando corretamente, ou apenas se iludindo ou tendo alucinações mentais. É muito fácil saber. Se você estiver meditando corretamente, terá uma alegria interior espontânea. Ninguém deu nenhuma notícia boa, ninguém trouxe presentes, ninguém o apreciou ou o admirou, ninguém fez nada por você. Entretanto, você tem um sentimento interior de alegria. Se isso acontecer, saberá que está meditando da maneira correta. No entanto, se sentir uma tensão ou perturbação mental, saberá que essa meditação que está praticando não é apropriada para você.

Se você estiver tendo uma alucinação mental, sentirá que existe paz por dentro e agitação no exterior. Você anseia por paz, luz e bem-aventurança, mas exteriormente está sentindo uma turbulência vulcânica. Se estiver tendo uma meditação verdadeira, uma meditação feita com toda a alma, então com certeza vai sentir paz tanto interior como exteriormente. Se estiver meditando com toda a alma, você vai sentir a sua existência eterna. Sentirá que é da Eternidade e para a Eternidade. Você não consegue obter esse sentimento com uma alucinação mental.

Há também outra maneira de saber. Se você estiver entrando num plano mais elevado, sentirá que o seu corpo está ficando muito leve. Embora você não tenha asas, vai sentir que quase pode voar. De fato, ao atingir um mundo muito elevado, você verá um pássaro dentro de si mesmo, que pode facilmente voar, exatamente como os pássaros de verdade.

Se for a sua imaginação, você vai ter um sentimento muito doce por alguns minutos. Então, imediatamente pensamentos obscuros e frustrantes aparecerão. Você dirá: “Eu estudei muito, mas não fui bem na prova”, ou “Hoje no escritório eu trabalhei muito, mas não consegui agradar ao meu chefe”. Essas forças negativas, na forma de frustração, entrarão no mesmo instante. Ou a dúvida vai entrar, e talvez você diga: “Como posso meditar tão bem se ontem mesmo fiz tantas coisas erradas? Como Deus pode ficar satisfeito comigo? Como posso ter uma meditação elevada?” Entretanto, se for uma meditação realmente elevada, você vai sentir que a sua existência inteira, como um pássaro divino, está voando para o alto, para o mais alto, para o altíssimo. Ao ter esse sentimento, não haverá pensamentos tristes, idéias frustrantes e nem dúvidas. Você estará voando no céu de pleno prazer, onde tudo é alegria, paz e felicidade.

Você também pode saber se teve uma boa meditação pelo modo como se sente depois. Se a paz, a luz, o amor e a alegria vieram à tona como resultado da sua meditação, você saberá que meditou bem. Se tiver um sentimento bom pelo mundo, se encarar o planeta de uma maneira amorosa apesar das enormes imperfeições dele, saberá que a sua meditação foi boa. E se você tiver um sentimento dinâmico logo depois da meditação, se sentir que veio ao mundo para fazer e para transformar-se em algo – evoluir na própria imagem de Deus e tornar-se um instrumento dedicado dele – isso vai indicar que teve uma boa meditação. Mas o modo mais fácil de saber se teve uma boa meditação é sentir se a paz, a luz, o amor e o deleite vieram à tona.

Você está mais do que pronto agora, porque o seu pássaro-aspiração está voando bem acima das nuvens de confusão de sua mente, que o escravizam e o cegam.

 

srichinmoy-aforismo-rosa.jpgNão fique desanimado

por Sri Chinmoy, do livro Meditação
Por favor, não fique desanimado se não conseguir meditar bem no começo. Mesmo na vida comum, só Deus sabe quantos anos precisamos praticar para ficarmos muito bons em alguma coisa. Quando um exímio pianista se lembra do nível em que estava quando começou a tocar, ele ri. Ele atingiu o seu atual nível musical mediante um progresso gradual. Na vida espiritual, no início você pode achar difícil meditar. Mas não tente se forçar. Dez minutos de manhã cedo são suficientes. Aos poucos, sua capacidade vai aumentar. Se você praticar todos os dias, fará progresso em sua vida interior.
Você também não pode fazer uma refeição deliciosa todos os dias. Hoje, talvez consuma um alimento delicioso, e então por três ou quatro dias pode comer uma comida muito simples. Todavia, contanto que você coma, saberá que está sustentando o seu corpo. Do mesmo modo, se num dia tiver uma meditação boa, e no dia seguinte perceber que não consegue meditar bem, não fique frustrado, e não tente forçar a sua meditação. Quando a hora de meditar chegar ao fim, não fique triste, nem mesmo por um instante, por não ter conseguido uma boa meditação. Se você ficar insatisfeito consigo mesmo, está cometendo um grande erro. Se não conseguir meditar em algum dia específico, tente deixar a responsabilidade com Deus. Se não puder meditar bem alguma vez, sinta que em outra oportunidade o Supremo dará novamente a bênção, a inspiração e a aspiração para meditar extremamente bem. No entanto, se você ficar perturbado ou irritado, o pouco do progresso que você fez no dia anterior será reduzido ou anulado. A melhor coisa é ficar calmo, sereno e firme em sua vida espiritual. Assim, com certeza você vai continuar a progredir tanto na meditação como na vida interior.

 

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Perguntas e Respostas sobre Meditação

por Sri Chinmoy, do livro Meditação
Pergunta: Muitas vezes, percebo que a qualidade da minha meditação tem altos e baixos. Sempre acho que não vou cair de novo, mas isso acontece com freqüência. 
Sri Chinmoy: No começo, todo mundo passa por altos e baixos na vida espiritual. Quando uma criança está aprendendo a andar, ela tropeça e cai. Depois de algum tempo, no entanto, ela aprende a andar e finalmente a correr. No final, ela poderá correr tão rápido quanto a capacidade dela permitir. Mas uma criancinha não pode esperar correr tão rápido quanto o pai dela, porque ele tem muito mais condição para isso.
Você tem tido altos e baixos na sua meditação. Quando estiver em cima, precisa sentir que está tendo um vislumbre de sua capacidade total. Ao estar embaixo, deve sentir simplesmente que é só uma incapacidade temporária. Só porque você vê que aqueles que são mais avançados na vida espiritual estão correndo, não deve perder a coragem. Eles também tropeçaram antes.
Hoje o céu pode estar cheio de nuvens, mas chegará um dia em que o Sol vai brilhar de novo, com plena refulgência. Quando você passar por momentos inferiores de medo, dúvida ou falta de aspiração, deve sentir que não vão durar para sempre. Assim como uma criança que caiu, você deve tentar ficar de pé novamente. Algum dia será capaz de caminhar, correr e, finalmente, correr o mais rápido possível sem cair.