“Aquilo que a imaginação captura como Beleza deve ser a verdade”. Assim escreveu o poeta romântico John Keats, nascido em 1795 e que viveu apenas 25 anos. O livro que li abriga toda a sua poesia, desde os trabalhos iniciais, incluindo as Odes e duas versões do Hyperion, incompleto. Além, é claro, da famosa obra Endymion, que começa com sua mais famosa frase: “A beleza é uma alegria eterna.” A beleza é provavelmente o tema mais recorrente na obra, algo com que eu mesmo me identifico muito – a palavra Beleza, Beauty, me encanta imensamente. Outro aspecto que me encanta muito é o lirismo acentuado das suas obras. Keats é reconhecido como um dos maiores poetas ingleses. Suas obras, em beleza e lirismo nos inspiram a pensar no Divino.
Abaixo dois poemas traduzidos por mim:
A Morte
1.
Pode a morte ser sono, quando a vida é um sonho,
E cenas de deleite são fantasmas vagando?
Prazeres transientes parecem visões,
E ainda pensamos que a maior dor é morrer
2.
Quão estranho é que o homem na terra vague
E tenha uma vida de sofrimento, mas não desista
Do seu caminho irregular; nem ouse enxergar sozinho
Sua perdição futura que é simplesmente acordar.
Soneto
Esta história agradável é como um pequeno bosque:
As linhas adocicadas vividamente se entrelaçam
Que o leitor em tal doce lugar alçam,
Que aqui e ali o coração cheio pára;
E por vezes sente as gotas orvalhadas
Frescas e súbitas sobre o seu rosto,
E na melodia que vaga podem tracejar
Por onde as pernas delgadas do pintarroxo saltitam
Oh, que poder tem a alva simplicidade!
Que grandioso poder tem esta gentil história!
Eu que para sempre anseio por glória
Poderia por agora contentar em deixar
Gentilmente sobre a grama, tal como as lágrimas em arrocho
Dos que ouviram nada senão os solenes pintarroxos.
Emerson foi um escritor fundamentalmente espiritual, tendo sido pastor da igreja, mas tendo deixado o ministério por não se sentir livre o suficiente e ser criticado dentro da igreja. Cultivou a amizade de muitos filósofos e poetas americanos, notavelmente Thoreau.
Abaixo, um dos seus poemas sobre a natureza, que, naturalmente, voltam os nossos pensamentos ao Divino. Escolhi e traduzi esse poema da obra Poems and Essays of Ralph Waldo Emerson.
Rhodora
Onde está a flor?
Em maio, quando a brisa do oceano atravessa a nossa solidão
Encontro a fresca Rhodora nos bosques,
Suas florescências sem folhas espalham-se num cantinho úmido,
Agradando o deserto e o lento riacho.
Pétalas púrpuras caídas na poça
Tornam suas águas negras com sua beleza alegres;
O vermelho pássaro aqui poderia suas plumas refrescar,
E cortejar a flor que faz humilde sua plumagem.
Rhodora! Se os sábios te perguntassem porque
Esse charme se desperdiça no céu e terra,
Diga-lhes, querida, que se os olhos foram feitos para enxergar,
Então a Beleza é a própria desculpa da sua existência:
Fiz a leitura no original do livro Poemas em inglês de John Milton (The English Poems of John Milton). Milton possui um toque místico na sua poesia, e certamente religioso.
Não é a toa que, ao escrever o seu épico (era comum que todos os principais poetas da sua época, e inclusive até o século XIX, escrevessem épicos para ter seu reconhecimento completo como poetas,) John Milton escreveu falar sobre temas espirituais. Suas obras mais famosas são “O Paraíso Perdido” e “O Paraíso Reconquistado”.
Em O Paraíso Perdido, uma boa parte das longas 150 páginas de poesia é dedicada a uma Gênese bíblica, descrevendo a criação do mundo até o homem, Adão e Eva. Uma parte interessante é a descrição dos arcanjos, Rafael e Gabriel, dessa criação ao próprio Adão, incluindo como os anjos caídos Uriel e Satanás e seus exércitos infernais tentaram ocupar o Paraíso, lar original de Adão, mas foram repelidos em batalha sangrenta pelos anjos ainda fiéis. Em seguida, Satanás planeja a expulsão de Adão e Eva do Paraíso, para que ele possa lá habitar, e o faz convencendo Eva a comer o fruto proibido e oferece-lo a Adão, e Adão decide compartilhar. Eles são então enviados ao mundo material, onde mais tarde ocorre o dilúvio e demais atos.
A obra Paraíso Reconquistado é bem menor, com cerca de 50 páginas, mas muito mais espiritual. Ela descreve o período de 40 dias que o Cristo passou em jejum no deserto, e as tentações que Satanás trouxe, tentando fazer com que Jesus Cristo desistisse do seu propósito espiritual e seguisse uma vida mundana de rei soberano. Satanás estava confiante, pois conseguiu fazer Adão e Eva caírem, mas é desnecessário dizer que o Cristo não se abalou por sequer um momento. Abaixo, algumas linhas traduzidas por mim:
Paraíso Reconquistado
…E se com repugna rejeitar
Riqueza e reino? E mesmo uma coroa,
Dourada brilhante, é mais uma guirlanda de espinhos,
Trazendo perigos, preocupações, deveres e noites insones
Àquele que enverga o diadema real
E o pesar dos homens sob seus ombros repousam;
Pois tal é o ofício do rei,
Sua honra, virtude, mérito e lisonja,
Por isso todo esse peso ele sustenta.
Mas aquele que reina dentro de si próprio e governa
Paixões, desejos, temores – ele é mais rei –
Tal governo é o que todo sábio e virtuoso homem alcança.
Fico muito feliz em parar para escrever um pouco e divulgar esse livro. Ele é tão especial pois trata da uma parte da trajetória de um grandioso Mestre espiritual, Sri Ramakrishna.
A primeira parte do livro é uma introdução ao seu nascimento, circunstâncias, tornando-se adulto e até encontrar os primeiros discípulos. Ela também trata das diversas experiências místicas que teve desde a idade de criança, começando com uma experiência de samadhi ao ver uma revoada de pássaros contra nuvens carregadas de chuva. Por fim, como aconteceu de ficar morando no complexo de templos de Dakshineshwar. Ele experimentou as verdades e sublimes experiências de diversas religiões, como o hinduísmo, cristianismo, islamismo, etc, incorporando-as na sua individualidade única.
Sri Ramakrishna tinha, como diversos mestres, uma forma muito simples de ensinar. Seus ensinamentos não eram rebuscados, e eu ousaria frisar aqui alguns dos tópicos principais que ele recomendava aos buscadores:
Em primeiro lugar ansiar, chorar e clamar pela meta
Praticar diariamente
Aceitar a vida exterior como uma necessidade, mas ir além dela
Não se prender a “women and gold” – riqueza, trabalho, família e prazer
Buscar sempre orientação interior de Deus
O livro é enorme, e as restantes 900 páginas após a introdução são conversas tidas na presença do discípulo “M.” (Mahendranath Gupta), que escrevia tudo ao retornar para casa. É um insight muito belo aos ensinamentos de uma alma realizada como Sri Ramakrishna.
Também há trechos com o contato do Mestre com pessoas bem conhecidas à sua época em Calcutá, Índia, como Keshab Sen (líder religioso), Devendranath Tagore (pai de Rabindranath Tagore), Vidyanath Sagar e outros.
Abaixo, alguns trechos traduzidos no tema de superar os desejos em direção à universalidade divina e o anseio por Deus:
“…As pessoas derramam rios de lágrimas porque um filho não nasceu ou porque não conseguiram ficar ricas. Quem, entretanto, verte sequer uma lágrima por não ter visto Deus?”
“…como um rio que ao desaguar no oceano vai perdendo sua pequena individualidade numa individualidade maior: seu verdadeiro ser.”
“…somos como uma linha tentando passar pelo buraco de uma agulha – qualquer fibrazinha saliente impossibilita a passagem. Assim, qualquer pequeno desejo pelas coisas mundanas não nos deixará vê-Lo. Onde existir bhoga (desejos) não existirá yoga (união com Deus).”
“…Um sábio viu uma gaivota apanhar um peixe. Em seguida observou que um bando de corvos passou a persegui-la, grasnando, querendo tomar-lhe o peixe. A gaivota resistiu bravamente, mas só encontrou paz quando abandonou o peixe no ar. ‘O peixe é o objeto do desejo e os corvos são as preocupações e ansiedades’, realizou o sábio.”
Eu li a versão em inglês e traduzi a introdução, escrita originalmente por Sunanda, que aborda de forma resumida parte da filosofia contida no livro sobre o tema. Abaixo, traduzi alguns trechos para ilustrar o tema. Os capítulos são:
Prólogo: O Guru
O Papel do Guru
Escolhendo um Guru
O Mestre Realizado
O Mestre e o Discípulo
Unicidade com o Mestre
Estórias e Peças
Nosso Caminho
INTRODUÇÃO
O que é um Mestre espiritual genuíno, e que espécie de sabedoria ele incorpora? Quem são seus discípulos e que força os compele a segui-lo? Nesta expressiva coleção de escritos, o Mestre espiritual Sri Chinmoy ilumina para nós a dinâmica profundamente tocante que liga o Mestre espiritual ou Guru e seu discípulo. Essa dinâmica é eloquente com amor, e evidencia uma visão transformadora da vida. As palavras de Sri Chinmoy revelam uma verdade espiritual mais elevada, cuja conquista se dá através da odisseia que Mestre espiritual e discípulo empreendem juntos. A natureza dessa odisséia merece nosso entendimento.
Nos termos de Sri Chinmoy, um verdadeiro Mestre espiritual ou Guru é alguém que atingiu a Deus-realização, a perfeição última na sabedoria da vida, e que busca transmitir essa sabedoria a outros. A qualquer um com uma ardente sede por conhecimento interior e paz, tal sabedoria é facilmente visível na alma Deus-realizada. Sri Chinmoy emana brilho e paz tão profundas, e amor tão acolhedor e incondicional, que não se pode escapar de sentir um silencioso deleite em sua presença. O Mestre iluminado raramente transmite sua sabedoria através de palavras e nunca através de instruções didáticas. Seu ensinamento é o silêncio do seu olhar fixo e atento, a harmonia dos seus gestos, a compaixão do seu sorriso e a imensidão do seu coração. Sua autoridade advém do seu amor e paz, e é por estes que os discípulos se associam a ele com consciente devoção à vontade de seu Mestre.
Há poucas almas Deus-realizadas e menos ainda Mestres espirituais Deus-realizados. Como Sri Chinmoy enfatiza, o genuíno Mestre espiritual, reconhecendo que a riqueza interior que ele descobriu é direito de nascença e tesouro oculto de cada ser humano, oferece seu presente aos indivíduos sofredores e buscadores em todos os lugares. Esse presente necessário vem sem cobrança, porque amor e paz não têm preço e nos ensinam a ver seus reflexos em todas as coisas criadas. E assim, com infinita compaixão, o Mestre espiritual toma as frustrações e dores daqueles que vêm a ele e dá em troca sua paz e alegria.
Um Mestre espiritual é um artista de infinita paciência. Nele, estão juntas a determinação de um guerreiro destemido e a delicadeza da mais terna mãe. Usando anos como unidade de tempo, ele molda o material humano recalcitrante de seus discípulos na própria imagem da paz. Essa empreitada é enorme. A paz é tão natural para a alma humana como o ar é para a respiração, e ainda assim às vezes ela nos escapa. Todos nós dizemos querer nada mais do que paz, embora cada um viva num mar de turbulência. O problema está em nossa ignorância, dúvida e devoção inadequada à fonte de paz dentro de nós. Portanto, o Mestre espiritual deve repetidamente compelir seus discípulos a se afastarem das falsas soluções para as dificuldades da vida e a encontrar seu próprio e derradeiro refúgio no templo de seus corações.
Através da sua simplicidade de criança, alegria e serenidade, o Mestre continuamente oferece ao discípulo uma imagem do verdadeiro objetivo do discípulo. Primeiro, a influência do Mestre provê o discípulo com repetidas, porém temporárias, experiências de tranquilidade e deleite. Mas, com o passar do tempo, essas experiências despertam no discípulo uma fé florescente em seu próprio potencial interior. Essa fé anseia pela realização de sua própria visão interior. Sri Chinmoy escreve: “É trabalho do Mestre espiritual fazer seus discípulos sentirem que, sem amor, sem verdade e luz, a vida é sem sentido e infrutífera. A coisa mais importante que um Mestre espiritual faz por suas crianças espirituais é trazer a eles a percepção consciente de algo vasto e infinito dentro delas mesmas, o qual não é nada menos que o próprio Deus.”
Para Sri Chinmoy, o principal veículo de instrução espiritual é a meditação, através da qual o Mestre gradualmente desperta qualidades que permitirão ao discípulo progredir interiormente e combater os efeitos das forças e hábitos negativos e autodestrutivos. Através da meditação, o discípulo começa um processo que por fim transforma as raízes do seu ser. Esse processo o compele a cessar de se identificar com eventos exteriores, os sucessos e fracassos da sua vida. Em vez disso, ele começa a encontrar uma fonte confiável dentro de si, uma fonte tão profunda que é imperturbável pelas vicissitudes da vida. Cada evento da vida, alegre ou doloroso, torna-se uma ocasião através da qual o discípulo aprofunda sua devoção a essa fonte de notável beleza e acalenta o deleite que ela lhe oferece. A misteriosa jornada em direção a essa fonte desconhecida revela-se um milagre de alegria e gratidão, que, para o verdadeiro buscador, torna-se a realidade motriz da sua vida. Todas as demais experiências perdem importância frente à necessidade dessa jornada em direção à paz, luz e deleite.
Sri Chinmoy nos diz que, à medida que o Mestre espiritual alimenta a sede interior de seus queridos discípulos, ele os leva a perceber que a altura e a realização de Paz infinita do Mestre são deles mesmos. Quando o discípulo percebe essa verdade, ele entende que obediência verdadeira ao seu Mestre é nada mais que sua constante determinação em permanecer no seu coração e pedir a luz do Mestre para si. Obediência exterior, ou cumprimento dos conselhos e pedidos do Guru espiritual, apenas expressa o reconhecimento exterior de que, como o seu Mestre é todo para ele, o discípulo anseia ser todo por seu Mestre. Como ele é um com seu Mestre, o discípulo faz da visão do Mestre a sua própria. Porque o Mestre é um com seu discípulo, ele alegremente aceita as imperfeições do discípulo como suas, e assume total responsabilidade por transformar aquelas imperfeições em perfeições.
Com maravilhosa gratidão, o discípulo percebe incontáveis vezes que seu amor-próprio, carregado de dúvidas sobre si mesmo, é nada comparado ao amor que seu Mestre nutre por ele. A princípio hesitante, e depois com crescente devoção, ele se entrega à experiência desse amor. Com o poder curativo de sua compaixão, o Mestre lentamente substitui as limitações do seu discípulo por sinceridade da mente, pureza do coração e devoção a uma visão de vida santificada.
Sri Chinmoy chama seu caminho um caminho de amor, devoção e entrega. O discípulo ama seu Mestre, e através dele ama seu próprio eu mais elevado. Ele devota-se a nutrir, com infinito cuidado e afeição carinhosa, a realidade que seu Mestre traz à tona em seu interior. E, finalmente, ele alegremente entrega todo o seu ser, com todas as imperfeições, à vontade da sua própria realidade. Através da unicidade com seu Guru, ele aprende que cada um de nós possui Deus dentro de si, e que toda a criação é nada senão a Luz de Deus. Ele vê que seu papel é simplesmente ser dessa Luz, para manifestá-la e para amá-la e acalentá-la nos outros. Com uma enxurrada de deleite, ele abraça a dádiva da vida. Com gratidão, ele oferece essa vida à visão de seu Mestre. E com inimaginável compaixão, seu Mestre lhe mostra o oceano de paz da sua própria vida.
Sunanda
Trechos do livro:
SEU VERDADEIRO PROFESSOR
Aquele que o inspira
É o seu verdadeiro professor.
Aquele que o ama
É o seu verdadeiro professor.
Aquele que o força
É o seu verdadeiro professor.
Aquele que o aperfeiçoa
É o seu verdadeiro professor.
Aquele que o valoriza
É o seu verdadeiro professor.
O MESTRE E O DISCÍPULO
Um verdadeiro Mestre espiritual é aquele que tem unicidade inseparável com o Altíssimo. Por via de sua unicidade, ele pode facilmente entrar no buscador, ver seu desenvolvimento e aspiração, e saber tudo sobre sua vida interior e exterior. Quando o Mestre medita em frente aos seus discípulos, está trazendo Paz, Luz e Beatitude das Alturas, e isso entra neles. E do interior eles aprendem automaticamente como meditar. Todos os verdadeiros Mestres espirituais ensinam meditação em silêncio. Um Mestre genuíno não precisa explicar exteriormente como meditar ou dar-lhe uma forma específica de meditação. Ele pode simplesmente meditar em você, e seu olhar silencioso o ensinará como meditar. A sua alma entra na alma dele e traz dela a mensagem, o conhecimento de como meditar.
O MESTRE REALIZADO
Deus-realização é Auto-descoberta no mais elevado sentido do termo – a percepção consciente da sua unicidade com Deus. Enquanto permanecer em ignorância, sentirá que Deus é um outro ser, que tem Poder infinito, e que você é a mais débil pessoa na Terra. Mas, no momento que realizar Deus, virá a saber que você e Deus são absolutamente um, tanto na vida interior quanto na exterior. Deus-realização significa a sua identificação com seu próprio e absolutamente mais elevado Eu. Quando puder identificar-se com o seu mais elevado Eu e permanecer nessa consciência para sempre, quando puder revelá-la e manifestá-la à sua ordem, então saberá que realizou Deus.
Título: Ten Thousand Flower-Flames, por Sri Chinmoy
Aum Publications, NY/EUA
Original publicado em 100 volumes de 100 aforismos. Minha versão é um compliado em folhas A4 com letra pequena e sem espaçamento, 40 aforismos por página.
Vocês podem encontrar também este livro com 207 poemas selecionados pelo próprio autor dentre os 10 mil. Esta versão é bilíngue, em inglês com a tradução em português.
Livro espiritual e inspirador: Dez Mil Flores-Chamas
Acabei de completar a leitura de todos os poemas da série Ten Thousand Flower-Flames. Eu já havia decorado anteriormente a seleção feita pelo autor Sri Chinmoy de 207 dos seus prediletos. No dia 1° de maio de 2016 comecei a leitura, por 15 minutos por dia, cerca de 80 poemas por dia, e completei no dia 5 de outubro. No total, cerca de 150 dias de leitura.
Ler 80 poemas ou aforismos por dia, todos os dias? Sim, e não é chato. Alías, quanto mais o tempo passava e eu progredia pela espessura do livro, mais fiquei apaixonado pela leitura. Não tentei entender todos os aforismos. Pelo contrário, tentei ir absorvendo o que podia nos breves segundos dedicados a cada poema, em seguida indo para o próximo, como o fluxo de um rio que nunca para.
Alguns poemas sobre coragem que selecionei do livro, em minha tradução:
Estarmos protegidos é essencial para mantermos nossa paz e equilíbrio diário, principalmente se optamos por uma vida espiritual, pois sentimos as energias mais intensamente. Há diversas forças negativas externas e internas que constantemente tentam conquistar nossas qualidades divinas, mas, ao sentirmos ou conectarmos com o nosso Amado Pai, uma inigualável força se instala em nós.
O Livro inspirador e espiritual “Protection” (Proteção) escrito pelo nosso mestre espiritual Sri Chinmoy reúne alguns escritos selecionados sobre o tema. Abaixo alguns trechos do livro:
Para SENTIR proteção divina todo tempo, você tem que ORAR por proteção divina.
Você não conseguirá rezar 24 horas por dia, mas diariamente de 4 a 5 minutos você conseguirá orar pela proteção divina e, enquanto você está orando por proteção, você tem que simultaneamente rezar por PERDÃO.
Proteção vem rapidamente se você ora por perdão. De outra forma, Deus dirá: “Você deseja proteção, mas tem feito algumas coisas erradas. Você me pediu perdão?”
A melhor abordagem é rezar para Deus: “ Por favor me perdoe pelas coisas erradas que fiz no passado e até pelas coisas que farei de errado no futuro”. Deus pode protegê-lo hoje, mas amanhã você pode ser tentado a fazer algo errado, e a proteção pode ir embora. Mas se você pede por perdão primeiro e depois por proteção, a proteção virá mais rápido. Além disso, será mais eficaz e duradoura.
Quando você estiver sendo atacado, você pode sentir-se a salvo das forças não divinas se interiormente você tem fé em Alguém que é infinitamente mais forte do que essas forças. Assim, se você sentir a presença do SUPREMO dentro de você, estará protegido, e essa proteção depende das suas próprias ações internas e externas.
Não permita que suas dificuldades
Sejam insolúveis
Muito antes das suas dificuldades
Capturar você
Busque abrigo nos Pés do Senhor Amado Supremo
Nós devemos estar protegidos com pensamentos, ideias e objetivos divinos. Pela manhã, logo cedo, temos que meditar. Todo mundo tem que meditar. Essa meditação (logo ao acordar) é de suma importância para um buscador espiritual.
Se nós saímos sem nossa meditação da manhã, estaremos no limite para sentir (se estamos conscientes) que estamos diante de um leão que ruge. Se saímos logo depois de termos uma boa meditação , nosso ser interior estará sobrecarregado com uma indomável paz, luz e poder.
Meu Senhor Supremo
Abençoe meu coração
Com livre e fácil acesso
Ao seu Olho-Compaixão
E seus Pés-Proteção
Portanto, se realmente queremos proteção na nossa vida, a solução é muito simples: basta aspirarmos constantemente pela presença do nosso Amado Supremo. Ao inundar nosso ser com pensamentos puros, simultaneamente uma força espiritual vem a tona.
Li o livro original em inglês. É uma leitura fascinante, pois trata da própria trajetória da Nivedita, uma irlandesa que encontra em Swami Vivekananda seu Mestre espiritual. O livro descreve viagens que fizeram junto com demais discípulos, momentos onde Vivekananda desobstrui a visão interior e exterior da discípula, indicações sobre qual era o seu papel de transformação no mundo e mais. Ela descreve trechos também onde Vivekananda discorre sobre o Hinduísmo, sobre o Buda, o Cristo, sobre o papel das mulheres, sobre como ocidentais podem ser treinados na espiritualidade. Santos, abordagens da Mãe divina e mais.
O livro começa falando um pouco sobre como ela conheceu o Mestre. Ele tinha idoa uma reunião na casa de conhecidos, onde Vivekananda respondia perguntas após perguntas, com referências aos textos em sânscrito para ilustrar suas respostas. Em resposta à pergunta da Nivedita, Vivekananda tinha vindo ao ocidente porque acreditava que havia chegado a hora em que as nações estavam prontas para compartilhar seus ideais, assim como já estavam trocando mercadorias no comércio internacional. Ele explicou como o panteísmo oriental demonstrava diversos aspectos da manifestação do Uno, citando o Bhagavad Gita: “Tudo isso está entrelaçado em Mim, como pérolas numa corrente.” Anos depois Nivedita foi para a Índia para o conhecer melhor.
Deixarei uma citação que ela escreveu e presenciou pessoalmente, sobre o tema do desenvolvimento comercial de ideais religiosos, que estes logo acabariam por amor ao dinheiro:
“O homem progride da verdade para a verdade, e não do erro para a verdade.” – Swami Vivekananda
E a citação que desfecha o assunto, explicando o papel dos Avatares, grandes Mestres espirituais, como era o caso do Mestre do próprio Vivekananda, Sri Ramakrishna, diretamente do Bhagavad Gita:
“Quando a religião decai e a irreligião prevalece, manifesto a Mim mesmo. Para a proteção do bem, para a destruição do mal, para o firme estabelecimento da verdade, eu nasco por vezes e mais vezes.”
É impossível descrever tudo o que passa pelo livro, mas recomendo a leitura. É quase como se estivéssemos lendo um livro do próprio Swami Vivekananda, apenas através da ótica da Irmã Nivedita. É um livro inspirador e altamente espiritual, vindo de um Mestre tal como ele.
Na peça teatral de Sri Chinmoy sobre Swami Vivekananda, tal é a sua descrição:
Vivekananda the wonder-warrior
Sri Ramakrishna’s unstinting Grace and Naren’s volcanic Will combined to create Vivekananda, who created a commotion all over the world. The never-to-be-forgotten words of Sri Aurobindo run:
“…the Master marked out Vivekananda as the heroic soul destined to take the world between his two hands and change it.”
Li o livro original em inglês. Ele é uma coletânea muito inspiradora de reflexões sobre como podemos nos portar com a dignidade, amor e carinho representativos do Criador. O material é uma compilação das palavras da Madre Teresa, colocados em formato de aforismos no livro.
Madre Teresa e Sri Chinmoy compartilhavam a data de aniversário (27 de Agosto), mas as similaridades não paravam por aí. Eles tinham uma relação próxima, frequentemente trocando cartas sobre os serviços à humanidade, sobre a vida de oração e meditação, e auxiliando mutuamente nas suas iniciativas pela paz. Lendo os aforismos da Madre Teresa fui imediatamente lembrado, por vezes e mais vezes, da filosofia de Sri Chinmoy durante as semanas que utilizei para degustar o livro, por vezes em meio a lágrimas.
Ao fim do livro há uma lista de recomendações de livros não cristãos sobre a vida espiritual, que é uma coisa muito bela a se fazer num livro escrito por uma Madre católica.
Vídeo e foto do artigo: Sri Chinmoy e Madre Teresa orando na casa dos missionários de caridade em Roma, 1994.
No primeiro capítulo, ela fala sobre “a necessidade de orar.”
“Para ser capaz de dar, você precisa ter.”
“Quaisquer religião tenhamos, temos de orar juntos. Os filhos precisam aprender a orar e precisam que seus pais orem juntos com eles.”
Seguindo com “começando com o silêncio”:
“Tudo começa com a oração que nasce no silêncio dos nossos corações.”
Depois, “como uma pequena criança”:
“Como rezar? Você deve ir até Deus como uma pequena criança. Uma criança não acha dificuldades em expressar o que pensa em palavras simples e repletas de significado. Se uma criança não é mimada e não aprendeu a contar mentiras, ela simplesmente falará tudo. É isso o que quero dizer com ser como uma criança.”
“Abrindo o coração”:
“Ofereça a Deus cada palavra que você diz, cada movimento que faz. Precisamos cada vez mais nos apaixonar por Deus.”
Recentemente li o livro inspirador e espiritual “Initiation” “Iniciação”, de Elizabeth Heich. Ele é um livro muito legal e inspirador mesmo. Possui cerca de 500 páginas e comprei usado na Abebooks por três libras esterlinas + frete.
A parte inicial é sobre a sua vida, as dificuldades que passou, etc. Essa parte do livro é muito “vida material”, etc, então eu fiquei entediado e pulei 100 páginas, logo para o que me interessava. Foi o tempo, em uma encarnação passada, em que ela foi uma sacerdotisa egípcia circa 1000 a.C.
Nesse período, ela descreve duas coisas principais no seu livro:
Princípios que regem o universo e, portanto, explica como foram construídas as pirâmides, porque todas tem quatro lados e a mesma orientação, sobre Atlantis e porque Atlantis se destruiu, porque sentimos certas coisas (impulsos, formas de progresso tecnológico, etc) em diferentes momentos da humanidade, porque encarnamos numa certa família, etc, como se comunicar telepaticamente, etc, e porque hoje em dia não se consegue fazer certas coisas que faziam antigamente (como as Pirâmides). Tem muita coisa curiosa e interessante! Você para e pensa “Nossa! É isso! Agora entendi, é tão óbvio!”
Prática espiritual, que é o que me interessou mais. Ela explica os passos que teve até receber a iniciação como sacerdotisa, tais como: atividade física, concentração da mente, meditação, desapego, observar o divino nas coisas, controlar a própria vontade, viver em sociedade, celibato, etc. Essa parte é muito linda, pois se você ver vai coincidir com o que todos os grandes Mestres ensinam! Para mim, é a essência do livro, que me inspirou na minha própria jornada. Uma parte, quando ela recebe a iniciação, envolve superar os desafios dos sete chakras e ter a experiência de iluminação por um momento.
No final do livro, ela também descreve como se deu mal, muito mal, ao não observar o celibato e se apaixonar por alguém, bem como isso causou a sua morte e, em seguida, três mil anos de encarnações sem perspectiva de progresso espiritual, repletas de anseios da parte mais baixa e impulsiva do ser.
O último capítulo do livro conta sua vida mais recente, durante a segunda guerra mundial, ensinando os outros sobre espiritualidade e ela mesmo buscando fazer mais progresso. Muitas pessoas do seu convívio no Egito estavam reencarnados como amigos e familiares.
Você termina de ler esse livro espiritual com uma sensação de querer correr mais rápido na sua própria busca espiritual.
Recomendo!
PS: o primeiro livro que ajudou a despertar em mim uma sede espiritual foi escrito pelo seu colega, Selvajaran Yesudia, coautoria de Elizabeth Haich, chamado Ioga e Saúde. Ela possui também uma conexão com Swami Vivekananda.
Trechos do livro:
“Não viva no presente, não permita que as coisas passageiras o impressionem. Viva na eternidade, além do tempo e do espaço, além das coisas finitas Então nada poderá influenciá-lo”. 10 (E. Haich – Iniciação)
“…nunca mais perdi essa sensação de que eu era uma estranha e que estava sozinha; aliás, ela se tornou cada vez mais consciente.” 33
“Quanto maior a felicidade, maior a perda. Quando eu ainda não era tão feliz, na verdade, era mais feliz, pois ainda não tinha a possibilidade de perder a felicidade! Então deduzi que somente é feliz e continua feliz quem nunca foi feliz! Mas que contradição terrível! E por que é assim? Pelo fato de tudo durar apenas certo tempo, por nada ser eterno, visto que tudo morre, tudo passa, tudo tem de acabar!” 76
“..é impossível sair da prória pele. Temos de carregar nossa desgraça para onde formos.” 81
“..temos o livre-arbítro para nos identificar com os impulsos ou nos tornar seus senhores. Só é livre o ser humano que dominou seus impulsos e que já não é escravo de suas paixões, desejos e anseios.” 111
Experimente trocar de lugar com outro. O que vc sentiria se estivesse com alguém como vc mesmo, falando o que vc fala, fazendo o que vc faz? 111
“o destino é o reflexo do caráter da pessoa e o resultado de suas ações” 314
“Em tudo o que eu amo, eu amo a mim mesma!
E, de repente, descubro q tudo q sempre acreditei não amar era tudo o q ainda não havia reconhecido dentro de mim mesma!” 387
“..sonhos nada mais são do que realidades no mundo energético imaterial dos homens, e aquilo que vcs denominam de ‘realidade’ tb é apenas um sonho q só atua até o âmbito material, na atmosfera terrestre, como uma projeção onírica do eu (deus).” 427
Adequados para iniciantes e buscadores avançados que desejam explorar o mundo da meditação.
Seja a meditação algo novo ou uma prática regular na sua vida, a descoberta dos ilimitados tesouros que ela traz é uma aventura sempre nova. A meditação é um caminho que nos leva para o interior. Trilhamos esse caminho com o auxílio da aspiração – nosso choro interior por felicidade, amor e verdade. Uma vez que começamos a descobrir a beleza de uma mente silenciosa e um coração inundado de paz, percebemos que essa jornada interior nunca acaba.
Sri Chinmoy (1931-2007) é um prolífico autor, poeta, artista e líder espiritual de âmbito internacional, sendo reconhecido como um dos principais professores de meditação da era moderna.
Olá! Seguem duas novas traduções de livros espirituais, para quem possa interessar. Eles são feitos sob encomenda na Alphagraphics, e por isso são um pouquinho mais caros. Mas são muito inspiradores, por isso estamos compartilhando. Vocês podem ler os primeiros capítulos dos livros no site da gráfica. (basta clicar no link)
Nesse livro repleto de perguntas, respostas e descrições de sonhos, Sri Chinmoy elucida o significado espiritual do sonhar, como podemos descobrir o significado individual de um sonho e de que forma eles podem nos auxiliar. A abordagem das respostas não se baseia na psicologia, mas sim no ângulo mais interior da alma.
Neste livro Sri Chinmoy explica qual é o significado do amor, o que é amor verdadeiro, a diferença e resultados do amor humano e amor divino, o amor por Deus e muito mais. Cada capítulo possui uma seção de perguntas e respostas e também aforismos.