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Como lidar com as diferenças de opinião

(texto de opinião pessoal do autor)

Hoje estava procurando uma citação para este artigo, mas não sabia onde estava e nem a lembrava direito. Peguei um livro sobre as Nações Unidas para ler e, na página seguinte, lá estava o que eu procurava:

“Já que as guerras começam na mente do ser humano, é na mente do ser humano que as defesas da paz devem ser firmadas.”- Constituição da UNESCO

Essa seria uma pergunta minha mesmo; não é que eu possa ensinar de fato qualquer coisa. É um processo meu, “um operário em construção”. Mas essa pergunta me fez uma pessoa uma migalhinha melhor do que eu era antes dela e, por isso, resolvi compartilhar também.

Talvez para muitas pessoas sejam coisas óbvias que vou descrever, mas para mim não é/era. Se você tiver alguma lição clara a acrescentar, por favor, adicione. Ou talvez seja só mais uma daquelas coisas que vou pensar sobre mim no futuro: “Puxa, como eu era tolo quando escrevi aquilo!”

Mas eu não publicaria se não fosse algo que não tivesse maturado por muito tempo antes de finalmente colocar a pena no papel, com referências aos meus autores mais queridos e que meus leitores habituais já conhecem. Levei um longo período para escrever este artigo, e fui voltando às ideias dele com o passar do tempo, para ver se fazia sentido, até porque considerei a possibilidade de que alguém pudesse se sentir julgado – e não é a minha intenção – como disse é mais um estudo próprio do que dos outros. Aposto também que alguns vão achar este post engraçado! (aqui “engraçado” é uma forma mais branda de “ridículo” : )

Mãos à obra!

Vamos estudar alguns exemplos

Muitas vezes eu escrevo ou leio aqui (e na mídia também) diferenças de opinião marcantes:

Tal coisa ser “bom ou ruim”,

Tal adição ser “necessária ou não”.

“apoiar ou boicotar” algo

está “enganando ou falando a verdade”

“julgar ou idolatrar” algo

“ofender ou defender” alguém
“obrigatório” fazer tal coisa

Meu impulso é querer defender ou justificar um ponto de forma veemente, muitas vezes ficando irritado ou partidário já ao escrever ou formular minhas ideias. Já é um presságio, não?

Algo que percebi nas frases-exemplo acima é a divisão rígida, o contraste claro entre os dois verbos ou advérbios entre aspas. Agora guarda isso tudo um pouquinho, que no fim do artigo vamos voltar aqui.

Unicidade x divisão

Esse contraste entre as palavras me fez lembrar de algo que Sri Chinmoy sempre comenta: que muitos dos problemas do mundo, tanto dentro do homem quanto fora dele (como as  guerras) acontecem por causa do sentimento de divisão, que é algo que vem da mente. A mente é um instrumento que compreende a realidade através de uma informação imperfeita, e dividindo-a em pedaços limitados ao tamanho dela própria e que possa “mastigar”. Ou seja, cada pedaço não é a realidade. Pode ser muito menos do que a realidade, ou pode ser muito mais – pegamos um grão de areia e transformamos numa montanha. Podemos ver que os “partidos” (literalmente: quebrados), sejam eles políticos, ideológicos, etc, normalmente têm um princípio guia. Partido de Tal Coisa, Partido de Outra Coisa. E eles usam a “Tal Coisa” como uma bandeira, que serve de símbolo, rótulo, de ponto de referência para se opor a “Outra Coisa”. Se o partido é dos pequenos, parece que temos de odiar os grandes. Se o partido é dos grandes, parece que temos de esmagar os pequenos. E por aí vai.

Thomas Jefferson não gostava da divisão tão forte de partidos que cresceu no início da república dos Estados Unidos e que mais tarde se tornou geográfica (Norte x Sul), culminando com a Guerra Civil. Ele tentou mitigar as diferenças, e as fontes de diferenças, tratando as pessoas pelo que elas eram e podiam se tornar. Ele sentia que era importante, muito importante, que todas as pessoas tivessem compreensão e opinião, que fossem educadas, mas não que essa opinião fosse motivo de divisão; não que se filiassem a um nome particular, um rótulo, mas que continuassem sendo indivíduos evoluindo em suas percepções e consciência sem ideias rígidas sobre qualquer coisa. As coisas rígidas ferem as outras ao seu redor e se partem no mesmo processo.

Já, quando você ama algo ou alguém de fato, você estabelece o inverso da divisão, o sentimento de unicidade. Você sente que aquilo ou aquela pessoa é parte de si. Você não consegue sentir inveja, ciúmes, etc, de você mesmo, não é? É claro, isso é uma meta elevada, que leva tempo, experiência e preparo – mas não é uma meta inalcançável. Você ama o Verdadeiro dentro do objeto do amor. É como a água que entra no recipiente ou encharca o tecido. Ela passa a fazer parte da coisa.

“Em questões de estilo, siga o fluxo…”

Uma frase que nunca me esqueci saiu também do meu amiguinho Thomas Jefferson:

–“Em questões de princípio, seja como uma rocha. Em questões de estilo, siga o fluxo.”

Com as coisas na vida, eu percebi que, quanto mais o tempo passa, mais eu “sigo o fluxo”. Quando tinha meus 19 anos, eu era bem mais reativo, e achava que muitas coisas (como opiniões) eram essenciais. Eu considerava muitas dessas coisas “questões de princípio” e lutava duramente por elas, ferindo quem fosse preciso, pois achava algo inamovível. Já hoje, com 39 anos, ainda me vejo como uma criança, mas percebi que tenho uma migalha de sabedoria a mais do que com 19. Algumas coisas que antes eu considerava “questões de princípio”, hoje eu enxergo mais como “questões de estilo”, e, portanto, já consigo evitar me desgastar e aos outros com uma oposição que hoje sinto desnecessária. Sou menos irredutível do que antes. Confesso que estou animado para ver como eu estarei com 59 e 79 anos, e se vou voltar aqui e mudar tudo que escrevi. O tempo veio e me trouxe experiências. Junto com ele, a idade trouxe uma certa sabedoria acumulada sobre como lidar com essas experiências.

Estudando homeopatia, me deparei com sintomas físicos e psicológicos que as outras pessoas têm que estavam além da minha capacidade de conceber. É como se fosse o inverso do que é natural para mim. Por exemplo, eu sempre sofro muitíssimo de calor em lugares fechados, e sou bem calorento. Entre alguns amigos, sou famoso por andar de bermuda na neve. Certo dia desses, numa sala fechada no inverno na Europa, tirei as meias, abri todos os botões e fiquei me abanando com a barra da camisa polo, para tentar parar de suar e a pressão não baixar demais. De repente, um colega, no mesmo lugar, que já estava com duas blusas (!) veste o capuz da blusa (!!) para se proteger do frio e vento (!!!) . E eu estava me derretendo de calor, tentando não ficar de mau humor por causa do desconforto físico! De repente, ao observar o outro, a minha realidade ficou maior, mais abrangente. E eu, mais compreensivo e tolerante.

Abraham Lincoln tem uma frase muito bonita, em resposta a um comentário relacionado às vitórias que estavam tendo na Guerra Civil americana, sobre Deus estar do lado deles:

–“Não é uma questão de se Deus está do nosso lado; mas sim se nós estamos do lado de Deus.”

Usando as palavras de forma a não exacerbar a divisão

Não conseguimos alcançar unicidade simplesmente com boas maneiras – para isso, uma mudança interior profunda dentro de cada indivíduo que compõe o grupo, nação, mundo, é necessário. Isso leva décadas de espiritualidade e esforço pessoal individual intenso. MAS, podemos não exacerbar o sentimento de divisão através de um uso com mais parcimônia das palavras com mais parcimônia.

Thomas Jefferson deixou o famoso ditado: “Quando irritado, conte até dez antes de falar algo. Se estiver muito irritado, até cem.” Ele escreveu uma carta, bonita como sempre, ao seu neto, onde comentou coisas como: “O bom humor é um mantenedor da paz e tranquilidade…ele é auxiliado pelas boas maneiras de forma tal que estas também são aquisições de valor. … à prática de sacrificar-se àqueles que encontramos na sociedade, as pequenas coisas que os agradam, e que nada nos tiram, vale dedicar um momento de nossa atenção….que preço pequeno pela boa vontade dos outros! Quando é em resposta a algo rude dito por outro, isso o traz à luz, corrige-o da forma mais saudável e coloca-o à disposição da sua boa natureza… e nunca devo omitir uma regra para governo em sociedade: nunca entrar numa disputa ou discussão com outros. Nunca vi um caso de disputantes convencerem um ao outro por argumentos. Mas vi muitos, acalentados, tornando-se rudes e atirando um no outro. A convicção é feita da nossa razão calculada, em solitude ou pesando em nosso interior o que ouvimos dos outros de forma fria, sem tomar partido de qualquer argumento…”

Outra coisa que poda ajudar é dar fatos simples, quando útil ou necessário. Ultimamente, quando almoço com alguém e sou perguntado quando vêem o meu prato, só digo que não como carne. Nem costumo mais dizer que sou vegetariano, porque é muito comum hoje isso ser um rótulo e trazer associações que não fazem parte de mim: lutar por direitos dos animais, importunar as pessoas que comem carne com comentários ou informação que não é bem-vinda, etc. Eu simplesmente não faço isso. O fato no caso é simples, e a descrição simples é também a mais precisa. Eu não como carne. Só isso. Mais nada.

Vale lembrar outro ditado para balancear as coisas que escrevi até agora, cujo autor já não se sabe mais quem é, mas que diz que convém ser moderado em tudo, até mesmo na moderação.

Um exercício

Que tal voltar ao início do artigo e reescrever os termos com uma redação que não instiga a formação de partido e nem associações por rótulos? Minhas tentativas são:

Tal coisa ser “bom ou ruim” – Agradou-me sempre  / Não aproveitamos bem nas vezes que testamos.

(Fica algo pessoal seu, e não uma chancela definitiva sobre a coisa em si)

Tal adição ser “necessária ou não”.  – A adição foi uma boa experiência. / Não sentimos que o ficou melhor quando a usamos

(a sua experiência foi essa, o que não quer dizer que sempre será, nem que será assim a dos demais)

(Simples fato, sem julgamento, e é o que é necessário para as próximas providências de quem estiver interessado.)

“apoiar ou boicotar” algo ou uma empresa – espero que o mercado se estabilize naturalmente

(uma variação moral do laissez-faire)

fulano/etc está “enganando ou falando a verdade” – o tempo dirá o que acontecerá nesse caso

(Não sabemos a verdade absoluta – muitas coisas são verdades relativas, coisas que fazem sentido apenas de um ponto de vista, mas não de todos os outros – é como olhar as árvores numa montanha por uma encosta e dizer que todas as suas encostas tem árvores iguais – talvez tenha um vinhedo na outra encosta, rocha, ou mesmo neve! (Montanhas são coisas que definem o clima!))

“ofender ou defender” algo ou alguém – Você pode simplesmente omitir sua expressão nesse caso, que tal?

(“quando irritado, conte até dez; quando muito, até cem”)

Lembrando que não é o caso de que não se deve reclamar de coisas que você ache incorretas, mas sim de que não tendo certeza absoluta e irrefutável (praticamente impossível), o mais correto é ir devagar com fatos simples e deixar as portas abertas para a compreensão mútua. Tipo uma Nações Unidas – mantendo o diálogo entre as partes, sem fechar as portas da razão e interesse mútuo (e global por consequência). Um colega que trabalha nas Nações Unidas me disse uma vez que é como se o objetivo é que ninguém “fique feliz”. Por quê? Explicou: “Se alguém fica muito feliz, é porque alguém acha que saiu na vantagem.” Assim, muitas das resoluções de conflitos tratam apenas de fazer um acordo aceitável entre as partes, onde ambos têm coisas a ganhar, mas igualmente têm coisas a ceder. É uma forma atual de resolver conflitos. Ganha, mas também cede.

Um desafio moderno – a distância física e a proximidade eletrônica

Hoje ainda temos uma barreira adicional. Sri Chinmoy lembrou que, no século XIX, antes da Primeira Guerra Mundial, todos moravam longe – levava-se semanas para ir de um lugar do mundo ao outro. Mas havia um sentimento de fraternidade mundial, de unicidade. E foi o sentimento de divisão, divisão criada pela mente, que tirou esse sentimento. Todavia, hoje posso chegar no outro lado do mundo em menos de um dia, mas sinto que é uma OUTRA nação, que aquele é um OUTRO povo, que sou estrangeiro. (Note que Sri Chinmoy era um otimista e sentia que o mundo está evoluindo com toda certeza, apesar de alguns soluços temporários como esses que, observados após décadas ou séculos, dissolvem-se no tempo.)

As descobertas tecnológicas, como os meios eletrônicos de comunicação, encurtaram todas as distâncias físicas, mas tiraram parte da magia do esforço e toque pessoal. Acho que isso dificulta muito a nossa expressão, feita às pressas nos fóruns, telefones, emails e internet, sem um revisor ou editor-chefe por trás para dizer ao escritor: “Escuta, essa frase aqui, não ficou muito assim ou assado? Que tal reescrever assim? Acho que fica mais clara e compreensível por todos.” Ou “Acho que você pode perder o seu leitor com a frase de abertura – que tal primeiro explicar um pouco a ideia e deixar essa frase para o meio ou fim do texto?”

Hoje, eu escrevo um email ou uma mensagem, seja para amigos ou no trabalho. Quanto desentendimento isso gera por vezes, não? E a impessoalidade? Perdemos o tom de voz que tem numa ligação telefônica, perdemos a expressão e o brilho nos olhos de quando vemos alguém à nossa frente. Você trataria as pessoas da mesma forma se estivesse em frente a elas? Eu diria que, na maior parte dos casos, ao estar presente diante de outros, seria mais educado com os aparentes erros e também mais aberto a oferecer o seu carinho a um “fellow human being” bem na sua frente. Perdemos temporariamente e em certo grau o sentimento de sacralidade do ser humano. De fato, parece que ganhamos algo com esses avanços ultramodernos, mas muitas vezes acaba que renunciamos muitas riquezas verdadeiras para dar espaço a esses “new kids on the block”. Parece-me que tenho de tentar usar mais o coração no nosso dia a dia, aquele coração que nasce quando nasci criança – que não valoriza tanto as coisas complexas, mas que ama tudo e sente que tudo é beleza ao seu redor.

O poder da gratidão

O poder da gratidão

A gratidão não é uma mera palavra. A gratidão não é uma ideia. A gratidão não é nem mesmo um ideal. A gratidão é a promessa-Deus-satisfação Do nosso coração Para Deus. -Sri Chinmoy

Estava um pouco cansado quando fui meditar em grupo no fim da tarde. Na meditação silenciosa, passei metade do tempo perdido entre pensamentos tolos e pensamentos negativos – uma verdadeira perda de tempo. Parecia que não teria um certo tempo para conseguir me concentrar, silenciar e mergulhar um pouquinho mais fundo.

Mas, por algum motivo, no meio desses pensamentos soltos, lembrei de alguns dos meus chefes mais queridos no trabalho. Essa lembrança me despertou um profundo sentimento de gratidão. Aprendi tanto com eles, e eles foram tão importantes em criar um espaço adequado para todos nós trabalharmos. Todos eles nunca quiseram ser chefes – eles aceitaram o cargo para um bem maior e geral de todos.

Isso mudou a minha postura interna. A partir dessa gratidão humana, lembrei o quanto devo realmente ao meu Mestre, que transformou a minha vida completamente – uma argila desforme está se transformando em algo útil, um instrumento para alguma coisa em seu plano.

Também a meditação mudou. Voltei-me para o que interessava – a meditação no Mestre. A sensação da gratidão despertou a minha vontade de focar na consciência dele. Ainda assim, minha mente estava inquieta, mas agora estava tomada de uma sensação expansiva, de crescimento. Foi uma experiência aparentemente bem pequena. Mas sinto ainda agora, enquanto escrevo, que foi uma forma de abrir as portas da minha consciência para algo maior do que eu me encontrava naquele momento. Fico só imaginando qual seria o resultado de um buscador sentir verdadeira e intensa gratidão espiritual mesmo por um fugaz momento.

Nas primeiras horas da aurora,

Nas tardias horas da noite,

Eu escrevo o meu diário.

O meu diário só abriga uma palavra:

Gratidão.

Gratidão à compaixão de Deus,

Gratidão ao serviço do homem,

Gratidão à busca pela minha auto-transcendência,

Gratidão ao meu auto-questionamento,

Gratidão à minha descoberta-Deus.

-Sri Chinmoy

A importância da leitura para a meditação

Costumo ler por 20-30 minutos depois de meditar de manhã cedo. Hoje, após meditar, lembrei de fazer algo, que me fez fazer mais algo, e mais algo. Quando fui ver, já tinha pulado a minha leitura diária da manhã. Pensei “de tarde eu leio, então.”

Fiz várias coisas na hora do almoço, trabalhei, etc, e me percebi bem inquieto. A minha cabeça estava funcionando de forma diferente. É algo que acontece quando uso muito o computador ou o telefone.

Aí pensei: melhor ir ler agora, antes que não dê tempo, e também para recuperar o equilíbrio mental. Deitei na rede e fiquei lendo uns 20-30 minutos histórias do meu Mestre Sri Chinmoy. Saí dali completamente diferente. Estava sólido, claro, inspirado. Não só o conteúdo da leitura, mas a própria atividade da leitura ajudou-me a retornar a ser alguém razoável e mais equilibrado.

Mais profundo do que isso, outro motivo para ler livros que foram escritos por Mestres espirituais que realmente alcançaram a realização última, ou pelo menos buscadores muito avançados, é que essa leitura trará uma luz ou uma certa luminosidade para a sua mente. Assim como precisamos fazer exercícios corretamente para o nosso corpo físico estar em condições adequadas para a nossa vida, também a mente precisa de luz (e não mera informação) para agir de forma vasta e luminosa (que são as qualidades da mente), ao invés de desconfiada e duvidosa (que é o que a informação seca nos traz.)

A importância da leitura

Como ter mais disciplina

Por Patanga Cordeiro

Normalmente sentimos necessidade de mais disciplina ao realizar nossas ações, nossa meditação, nosso dia. Por vezes, ficamos só na imaginação, esperando que um dia ela irá crescer. Por outras, usamos a própria mente para forçar um aumento na disciplina, que por sua vez pode trazer outros desequilíbrios na nossa vida. Sri Chinmoy, um Mestre espiritual, no entanto, tem a solução profunda para o nosso dilema, de forma clara, concisa e natural.

 

Pergunta: Como podemos disciplinar a mente?

Sri Chinmoy: Tente sentir que você não tem mente, mas sim alma. Se não conseguir sentir a presença da sua alma, ainda assim poderá facilmente sentir a presença do seu coração. Deixe que a Luz do seu coração percorra o seu ser por completo. Quando isso acontecer, saiba que transcendeu a mente intelectual, racional, e entrou na mente iluminada.

Quando a Luz cresce no coração ou sai da alma e permeia o corpo todo, a mente é disciplinada automaticamente. É impossível disciplinar a mente só na base da imaginação ou pela força. Seria como endireitar permanentemente o rabo curvo de um cão. Se puder viver na alma, ou mesmo no coração, a Luz da existência interior transforma a mente física numa região mais elevada ou traz a Paz tudo-preenchedora das alturas à mente física rudimentar. Quando a Paz vem à mente, ou a mente se eleva ao domínio superior da Luz, a mente que conhecemos desaparece automaticamente.

A cura para depressão – sintomas, causas, tipos

 

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Busque sempre a ajuda do seu profissional de saúde. Os textos desta página são meramente motivacionais, não substituindo tratamento médico. Se tiver a intenção de utilizar algo daqui, faça-o apenas em consulta com o seu médico e com seu acompanhamento.


Textos traduzidos de Sri Chinmoy

O Amor de Deus: a cura para a depressão

Quando somos atacados por preocupações e ansiedades, temos de sentir que há um antídoto. Quando uma serpente nos morde, tentamos buscar uma cura. Se as preocupações do mundo-pensamento querem entrar em nós e nos atacar, temos de obter o antídoto. O antídoto é sentir interiormente o Amor de Deus por nós.

Amamos Deus, mas não temos certeza se Deus nos ama. Oramos para Deus dizendo: “Ó Deus, conceda-nos isso, satisfaça esse desejo.” Mas o fato de Deus nos amar ou não continua vago. Na verdade, temos de começar com o sentimento de que Ele nos ama infinitamente mais do que amamos nós mesmos. Como é possível para Deus nos amar mais do que nós nos amamos? A resposta é que Deus não duvida de nós como nós duvidamos. Numa certa hora, sentimos que somos muito fortes, como um grande imperador; no momento seguinte, deparamo-nos com uma formiga peçonhenta e morremos de medo. A ansiedade aparece quando há uma separação entre a nossa existência e a existência de Deus. Ela também surge quando não consideramos Deus como parte de nós ou não dizemos “eu sou de Deus, eu sou por Deus.” As preocupações e ansiedades irão embora apenas quando nos identificarmos com algo que tenha paz, serenidade, divindade e o sentimento de unicidade absoluta. Ao nos identificarmos com o Piloto Interior, obtemos a força da sua Luz iluminadora. As preocupações surgem porque nos identificamos com o medo. Se nos identificamos com algo divino, eterno e imortal, naturalmente a essência e qualidades latentes de algo passarão a fazer parte de nós. Preocupando-se todo o tempo ou pensando pensamentos não divinos, nunca seguiremos adiante em direção à nossa meta. Entraremos na divindade apenas ao ter pensamentos positivos: “Eu sou de Deus; eu sou por Deus.” Pensando isso, não haverá preocupações nem ansiedade.

 

Dois tipos de depressão: psíquica e emocional

Há tanto a depressão psíquica quanto a depressão vital. Na depressão psíquica, o indivíduo sente que há tantas coisas que Deus quer que ele faça e que o Próprio Deus tenta manifestar em e através da pessoa, mas a ignorância-mundo não permite que a pessoa manifeste Deus. Você está com seus amigos, e o seu chefe é o Supremo. Esse chefe pediu a você que fizesse algo, e você está tentando, e Ele está tentando em e através de você. Mas há pessoas a seu redor que resistem aos seus esforços. Eles consideram que Deus é o Pai, e Ele as considera Seus filhos, mas esses filhos não são receptivos à Luz de Deus. A depressão psíquica ocorre quando você sabe o que é melhor e, ao mesmo tempo, está incapaz de fazê-lo. Alguns dos seus irmãos e irmãs ao seu redor sabem o que é melhor para eles, mas não querem fazê-lo; não querem mexer um músculo por aquilo. Outros não sabem o que é melhor para si mesmos. Você, no entanto, sabe o que é melhor para si e para eles também, e gostaria de fazê-lo; mas está impedido.

Você sabe o que a verdade é e quer manifestar a verdade. Mas encontra-se incapaz porque as pessoas a seu redor e diante de você não cooperam. O Supremo, o seu Piloto Interior, pressiona-o, e você pressiona si mesmo, mas não adianta. Quando a paz e luz interiores têm dificuldade em vir à tona da maneira que o Supremo deseja, na Hora escolhida por Deus, é que surge a depressão psíquica. Mas a depressão vital (N.d.T: emocional) é algo diferente. A depressão vital vem das exigências insatisfeitas do orgulho, ego e vaidade. Nessa depressão, você gostaria de ter feito algo ou satisfeito algum desejo, mas não conseguiu. Você fica frustrado. A depressão vital surge imediatamente. A depressão psíquica existe num nível infinitamente mais elevado, onde a sua intenção e a intenção de Deus são uma só. Na depressão vital, a sua intenção é o seu desejo, mais isso não tem nada a ver com a Vontade de Deus. Tudo o que há é você e o seu desejo insatisfeito. Deus não participa. Na depressão psíquica, você visionou a Visão de Deus; Deus colocou a Sua Visão diante de você, mas você está incapaz de transformá-La em realidade. Não é por reconhecimento pessoal ou ego que você gostaria de conseguir agir. Nada disso. Você e Deus possuem a mesma aspiração, a mesma visão, a mesma meta, mas ela não está manifestada ainda. A depressão psíquica é o resultado de uma Visão insatisfeita do Supremo em e através de você. É a divindade de Deus que deseja manifestar-se em e através de você, mas ela está sendo atrasada, pois as forças do mundo, as forças-ignorância, estão opondo-se a você. Você e Deus tornaram-se um: uma aspiração, uma alma, um objetivo. Mas a Visão de Deus não é satisfeita. Por isso você sente depressão psíquica.

A cura para a depressão psíquica é render-se abertamente à Vontade de Deus. Aspire devotadamente e constantemente e, então, entregue-se à Vontade de Deus. Você poderá clamar e clamar com devoção, mas, depois da depressão psíquica começar, às vezes você pode querer descansar. Você sente que é um caso sem esperanças e, por isso, o melhor é desistir, render-se – não a Deus, mas à ignorância-mundo. Aconteceu muitas vezes de o indivíduo saber que Deus e ele são um, mas, quando percebe que o Supremo nele tem sempre ficado insatisfeito, ele desiste. Muitos Mestres espirituais e muitos buscadores desistem. Eles tentam junto com Deus, mas, quando sentem que é um caso sem esperanças, eles desistem. Contudo, isso não é bom. É preciso nunca desistir. Deve-se lutar até o fim. Cedo ou tarde, a Vontade de Deus será manifestada em e através de você.

Sri Chinmoy, Four intimate friends: insincerity, impurity, doubt and self-indulgence, Agni Press, 1977

 

Não se deixe perturbar

Pergunta: Quando algo no mundo me perturba, perco toda a minha sinceridade e fico deprimido.

Sri Chinmoy: Saiba que há uma grande diferença entre sinceridade e estupidez. Se alguém contou uma mentira, você deve tentar iluminar essa pessoa. Se um erro foi cometido por alguém, você deve tentar retificar esse erro interiormente ou exteriormente com o oferecimento da sua boa vontade. No seu caso pessoal, a tolice é o que aparece. Quando faz algo errado, você sente que, ao aumentar a sua culpa, você resolverá o problema. Mas essa não é a abordagem correta. Pense sempre na meta, que é perfeição. Você deve trazer a perfeição para a situação.

Se algo errado foi feito, seja por você ou outra pessoa, sinta que tem de oferecer o resultado imediatamente ao Supremo. Você precisa dizer: “Eu estava incapaz (ou: aquela pessoa estava incapaz.). Fomos atacados por forças negativas. Sabemos que fomos atacados e queremos oferecer o nosso erro a Você.” Mas também deve ser consciente e sábio. Uma vez que perceber que está fazendo algo errado, deve parar de fazer essa coisa.

A depressão não é a resposta. Quando você participa de uma prova de corrida e é desqualificado, o que você faz? Você espera por um novo dia e tenta novamente alcançar a meta. Se parar de competir nas provas apenas porque teve uma experiência ruim, nunca alcançará a meta. Uma experiência infeliz não deve ser a experiência final. Considere-a uma nuvem passageira. Você certamente sairá dessa nuvem-ignorância.

Sri Chinmoy, Four intimate friends: insincerity, impurity, doubt and self-indulgence, Agni Press, 1977

 

Causas da depressão

Pergunta: O que causa a depressão?

Sri Chinmoy: A depressão surge quando não queremos viver na verdade, quando consciente ou inconscientemente queremos viver no prazer-ignorância. Esse prazer certamente será acompanhado pela depressão. A depressão é causada pela nossa aceitação da ignorância. Quando aceitamos a ignorância como parte de nós, ficamos deprimidos. Não conseguimos ir além dela. Estamos presos; presos no pequeno eu da ignorância.

Queremos sucesso constante, progresso constante, conquistas constantes e satisfação constante, mas no nosso dia a dia não temos essas coisas. Cada momento é uma oportunidade para nos tornarmos mais um pouco a Luz, Paz, Deleite e Poder de Deus. Contudo, se utilizarmos erroneamente o nosso tempo, imediatamente as forças negativas entrarão em nós. Essa forças negativas são a dúvida, o medo, a ansiedade, a preocupação e a depressão. Quando estamos deprimidos, não podemos esperar mais da Graça e do Amor de Deus; nem podemos esperar simpatia contínua da humanidade. Se estamos deprimidos, um amigo pode vir e nos consolar ou simpatizar conosco; mas o seu consolo não ceifará a raiz da nossa depressão. A única cura para a depressão é a luz.

Temos de saber o que realmente queremos. Se queremos apenas luz, então temos de saber onde a luz está. A luz está na nossa paz de espírito, na tranquilidade do nosso coração. Quando desvelarmos a nossa paz interior, veremos que ela é toda satisfação e conquistas: conquistas e satisfação infinitas no processo de se tornar infinita Realização. Se não desvelarmos a nossa paz interior, estaremos fadados a ser príncipes da escuridão.

Temos de sentir que não somos ignorância, que não representamos ignorância, que não estamos na ignorância e que não somos para a ignorância. Nada disso. Estamos na luz e queremos nos tornar a mais profunda, mais iluminadora luz. Com esse sentimento não haverá depressão. A luz que é o resultado da nossa aspiração imediatamente fará em cinzas a nossa depressão, ou então transformará a nossa depressão numa aspiração constante. Se pudermos nos identificar com a alegria interior espontânea da alma, sempre teremos alegria interior e exterior. Tentemos permanecer na alegria espontânea da alma.

Sri Chinmoy, Four intimate friends: insincerity, impurity, doubt and self-indulgence, Agni Press, 1977

Pergunta: Por que a mente não quer vencer os desejos?

Sri Chinmoy: Porque a mente física está absorvida na consciência física. Está constantemente duvidando de si e dos outros e criando confusão e incerteza por si mesma. A menos e até que ela receba a luz do coração, permanecerá na escuridão da prisão e limitação humana. Infelizmente, essa é a natureza da mente humana.

 

Pergunta: Na psicologia, há um sintoma chamado de maníaco-depressivo, onde a pessoa está primeiro alegre e animada, e depois se torna depressiva. Eu reparei nisso nos discípulos algumas vezes, pois parece ser uma parte da psiquê humana. O que podemos fazer para quebrar esse ciclo?

Sri Chinmoy: O problema com todos os seres humanos é que não estão satisfeitos com uma coisa por mais de cinco minutos. Quando temos algo por cinco minutos, sentimos que somos muito ricos. Em seguida, aquela coisa não nos satisfaz mais, e corremos atrás de algo novo. Sentimos sempre que a grama do vizinho é mais verde. Então vamos até lá e vemos que não é nada verde. Ou podemos ir e ver que o outro lado é realmente verde. Apreciamos esse verde por cinco minutos, mas depois pensamos “Nada disso! Eu estava errado – o outro lado era igualmente verde.” Então voltamos para o lado inicial e não encontramos nada demais. Assim sendo, três ou quatro vezes ao dia estaremos felizes, e três ou quatro vezes estaremos tristes. Ou então estaremos muito felizes num dia e no dia seguinte estaremos deprimidos. Para cima e para baixo, para cima e para baixo! Mas por que deveria haver um “para baixo”? Se estivermos caminhando pela estrada correta e formos andarilhos sinceros, deveremos apenas continuar em frente.

Quando estamos felizes, sentimos que estamos vivendo dentro do nosso coração, dentro da nossa alma. Mas não ficamos satisfeitos lá por mais de cinco minutos. Queremos ir até o vital, até a mente ou até o físico, pois obtemos muita alegria na mudança constante. Assim, consciente ou inconscientemente retornamos ao físico, ao vital e à mente. A mudança é boa quando é uma mudança do bom para o melhor, e do melhor para o melhor de tudo. Se estamos obtendo um pouco de alegria do coração ou da alma, tentamos aumentá-la e intensificá-la. Quando chegar o dia em que estivermos na mais altíssima condição mental, quando estivermos na consciência da alma, não haverá fim para a nossa alegria.

Sabemos o que temos na cozinha e na sala de meditação. Na sala de meditação há incenso, velas e flores. Sentimos muita alegria por causa da nossa inspiração, da nossa sinceridade na vida espiritual. Sabendo o que a sala de meditação pode oferecer, por que deveremos ir até a cozinha e nos depararmos com toda a confusão que há? É porque sentimos que lá também existe alegria. Mas eu gostaria de dizer que a cozinha é o lugar errado para encontrarmos alegria.

Devemos ser como fazendeiros indianos. Um fazendeiro indiano não espera a chuva ou o sol. Ele sente que o seu trabalho é arar o campo. Todos os dias ele vai para o campo e faz a sua tarefa. No nosso caso é igual. Não devemos antecipar altos e baixos. Depois de ficarmos durante um dia numa condição de alegria, no dia seguinte segue uma onda de depressão. Contudo, se vivermos na Luz, se vivermos na Paz divina, isso não acontecerá. Tais coisas acontecem apenas porque ainda não dominamos completamente o nosso vital (N.d.T: emocional) e mente.

 

Indo além dos pensamentos negativos

Pergunta: Eu gostaria de saber como superar pensamentos negativos, tanto durante a meditação como durante as minhas atividades diárias.

Sri Chinmoy: A verdadeira natureza dos pensamentos negativos é roubar, consciente e deliberadamente, a riqueza que nós temos: nossa Alegria, Luz e Amor divinos. Esses são nossos tesouros, porém, a dúvida, o medo e a negatividade são verdadeiros ladrões. Algumas vezes, um ladrão entra no nosso apartamento e rouba coisas, mas somente porque nós negligenciamos e permitimos que isso aconteça. Nós podemos ser vigilantes por dez minutos por dia, durante a nossa meditação, mas, no resto do dia somos totalmente descuidados. Quando entramos nas nossas atividades diárias, não lembramos de ficar atentos aos nossos pensamentos. Nesse momento, não seremos diferentes de todas as pessoas comuns ao nosso redor, que nunca meditaram.

Você pode deixar as dúvidas e os pensamentos negativos de lado, se puder constantemente lembrar da sua meditação. Após meditar, você deve tentar lembrar desses poucos minutos com a maior alegria, afeição e apreço. Deve acalentá-los como objetos de adoração. Durante todas as suas atividades comuns, tente lembrar da sua meditação devotadamente e não esqueça da necessidade de reter uma consciência espiritual ou pensamentos espirituais. Não permita que a sua mente afunde num baixo nível. Se puder manter pensamentos puros e divinos quando não estiver meditando, você terá uma força adicional quando meditar.

Qualquer momento em que a dúvida e os pensamentos negativos vierem, você tem que pará-los imediatamente com os seus pensamentos divinos. Dessa maneira, será capaz de vencer os seus pensamentos negativos. Se seus pensamentos forem puros durante todo o dia, quando meditar, a sua mente já estará pura. Mas se permitir que os seus pensamentos vagueiem no mundo da ignorância e da impureza por quatorze ou dezesseis horas por dia, como pode esperar que seus pensamentos sejam puros na hora da meditação?

 

Como purificar a mente

Pergunta: Como eu posso purificar a minha mente?

Sri Chinmoy: Todos os dias, tente pensar na sua mente como um receptáculo vazio. Quando lida com a mente, se ela estiver vazia, isso significa que você já fez um progresso considerável. Você jogou fora a ignorância, a preocupação, a imperfeição, a limitação e todas as coisas não divinas. Então, o que você fará? Vai preencher este receptáculo vazio com alegria, amor, pureza e todas as qualidades divinas.

Você quer purificar a sua mente. Vai encontrar pureza abundante dentro do coração e da alma. É muito difícil para as pessoas sentirem a alma, mas não é difícil sentir a presença do coração. Quando puder sentir essa presença, mais uma vez você fez progresso. Logo, todo dia medite no coração e tente sentir que ele é composto de nada além do que a pureza. Uma vez que se sinta absolutamente certo de que o seu coração é feito de pureza, todos os dias pegue um pouquinho dela e derrame no receptáculo vazio que é a sua mente.

Outra coisa que pode fazer, é pensar na mente como uma cesta vazia. Tente sentir dentro do seu coração, uma árvore de pureza desabrochando. Todo dia, colha uma flor-pureza da árvore-coração e coloque-a dentro da cesta-mente.

Gradualmente, a cesta encherá até a borda e a mente será preenchida com o aroma de inumeráveis flores-pureza.

Pergunta: Como podemos manter a mente pura quando não estivermos nos concentrando ou meditando?

Sri Chinmoy: A melhor coisa que pode fazer é aprender algumas canções espirituais e cantá-las para si mesmo em silêncio enquanto estiver trabalhando ou dirigindo ou fazendo qualquer coisa que não exija concentração mental. Enquanto estiver cantando em silêncio, a sua mente estará sendo purificada porque a sua alma virá à tona. Quando você cantar, tente sentir que o Supremo está ouvindo. De outra forma, o canto será um mero hábito mecânico. Então, sinta que há um ouvinte – não um ouvinte humano, mas o Próprio Supremo – ouvindo dentro do seu coração. Quando sentir que tem um ouvinte divino, obterá mais inspiração; será sobrecarregado com inspiração ilimitada e alegria interior sem fim. Quando sentir a presença do Supremo no seu coração, Ele o abençoará com a maior alegria e orgulho. Ele fará tudo para transformar, purificar, iluminar e liberar a sua mente.

 

Porque existe a depressão?

A depressão aparece por dois motivos. O primeiro motivo é o vital. Quando você tem uma boa meditação, o vital comum – o vital que quer nome, fama, conquistas exteriores – sente que não será mais alimentado, que irá morrer. A calma que a meditação traz é como um veneno para o vital inquieto. Então a paciência é de importância fundamental, pois a paciência faz com que o vital sinta que a sua existência não está sendo ameaçada.

Há outro motivo para o surgimento da depressão. O coração traz a partir da alma a mensagem de que você irá muito longe, que você alcançará a sua meta final nesta vida ou na próxima. O ser por completo se torna um com a luz que o coração está trazendo da alma. Olhando adiante, você percebe que tudo está ensolarado. Mas, ao olhar para o seu estado atual, você percebe que trata-se de um tempo nublado, chuvoso. Então aparece a depressão. Você sente um enorme abismo entre a sua situação atual e o objetivo, que está bastante longe. As suas possibilidades enquadram a verdade altíssima, a realização mais elevada. Mas a sua realidade atual é completamente diferente! Possibilidades e realidade parecem tão divergentes que naturalmente a depressão ocorre.

Superando a depressão

Veja também:

A melhor forma de superar a depressão é meditar todos os dias de manhã cedo, mas sem esperar coisa alguma da sua meditação. Você precisa apenas dar a sua atenção consciente à sua meditação. Considere a meditação uma criança. Você oferece o seu cuidado, o seu amor e afeição a ela, mas não espera nada em troca. De maneira similar, ofereça à sua meditação o seu amor e cuidado. Não espere nada. Apenas dê o que você tem. Se puder dar sem esperar, chegará o dia em que a sua meditação lhe trará todas as qualidades divinas.

Sri Chinmoy, Four intimate friends: insincerity, impurity, doubt and self-indulgence, Agni Press, 1977

Uma vez que comecemos a ter experiências interiores verdadeiras, não haverá necessidade de resolver nenhum problema com a psicologia ou a filosofia. Psicologia, filosofia e outras maneiras mentais de explicar as coisas, são simplesmente falíveis e inúteis. Quando temos nossas próprias experiências interiores, podemos ver a verdade, com a luz da espiritualidade, que é o Alento de Deus. Antes disso, se vivemos no mundo humano, nós temos que usar a mente, temos que usar a psicologia ou nunca conseguiremos nem mesmo uma satisfação parcial. Para alívio temporário, podemos nos abrigar na mente. Mas para soluções permanentes, temos que obter a iluminação espiritual.

Pergunta: Como iluminar a depressão?

Sri Chinmoy: Trazendo à tona a Luz de dentro de você. Quando medita na Luz, a Luz vem, seja de cima ou de dentro do coração e, com isso, vem a Alegria e a Paz divinas.

Pergunta: Qual é a participação da mente em transcender os desejos e paixões?

Sri Chinmoy: Para ser totalmente franco, a mente nunca quer vencer ou transcender os desejos. A mente já é um depósito de todos os tipos de desejos e sua porta está sempre escancarada para desejos novos. Se você quer vencer os desejos, deve usar a sua aspiração e entrar na sua alma. Se sente que a sua mente vai ter aspiração, está enganado. Concentre-se no seu coração e a partir dele, tente entrar na alma. Primeiro tente se identificar com o seu coração e ele o levará para a sua alma. Então, a luz abundante e efulgente que reside na alma, irá espontaneamente fluir dela para o coração e dele para a mente.

Quando a mente estiver iluminada por esta luz, irá perder todo o interesse nos desejos terrenos. Somente trazendo a luz da alma para a mente através do coração, você será capaz de livrá-la dos desejos.

Você precisa ir além da mente, o qual é muito difícil, ou prestar toda a atenção ao seu coração que aspira. O coração que aspira não é o que está próximo à região vital. O vital está próximo ao umbigo. O coração que aspira está localizado mais acima, no centro do peito. Se você não puder elevar a sua consciência para o verdadeiro coração, será uma vítima constante de desejos.

Qual a melhor forma de superar a depressão?

Sri Chinmoy: Quando você estiver deprimido, tente sentir conscientemente que se forçou a carregar um fardo enorme nos seus ombros. Sinta que é um corredor, e que há uma meta para você. Você tem que correr em direção a esse objetivo. Quanto mais rápido correr, mais cedo chegará até a meta. Agora, se você colocar de forma consciente e deliberada algo pesado sobre os seus ombros, naturalmente, sua velocidade será muito lenta. Não seja tolo. Você entrou para essa corrida. A corrida não é competir com os outros, mas sim competir com si mesmo e contra as forças não divinas da depressão, dúvida, medo, inveja e todas as outras forças negativas.

Quando a depressão entra na sua mente ou vital, sinta que há uma carga pesada nos seus ombros. Naturalmente, você irá querer se livrar dela, pois quer correr com velocidade. Você a descartará, a deixará de lado, e então correrá em direção ao seu objetivo destinado tão rápido quanto puder.

 

Meditação e depressão: os nossos cursos

Psicologia, o subconsciente e a mente na meditação

O subconsciente

Pergunta: É aconselhável trazer para a nossa mente consciente, coisas do nosso subconsciente?

Sri Chinmoy: Há muitas coisas na nossa mente subconsciente que não precisam nem devem vir à superfície. No subconsciente há obscuridade, impureza, negação. Essas coisas devem ser purificadas, transformadas e aperfeiçoadas dentro de nós, sem serem trazidas para a mente física ou consciente. É melhor não perturbar a mente subconsciente de forma alguma.

Pergunta: Mas a psicologia ortodoxa afirma que o subconsciente tem que ser trazido à tona e iluminado.

Sri Chinmoy: Aqui vocês cometem um erro. Se trouxerem a Luz de cima ou colocarem a luz da alma à frente, automaticamente o subconsciente será iluminado. Nesse momento, ele entrará naturalmente no plano consciente. Mas tentando trazer à tona o subconsciente, sem iluminá-lo primeiro, só criarão mais problemas para vocês mesmos.

Pergunta: Há algum método espiritual de auto-análise?

Sri Chinmoy: Não. A auto-análise psicológica, de um ponto de vista mais elevado, é errada. Na auto-análise, usamos a mente física para tentar analisar nosso subconsciente e nosso passado obscuro. Na auto-análise dizemos: “Fizemos a coisa certa” ou “Fizemos a coisa errada”. Há sempre um positivo e negativo. Mas nós temos que ir além do positivo e do negativo. Nos Upanishads, é dito que temos que aceitar a ignorância e o conhecimento e então, ir além de ambos, onde tudo é sabedoria divina. Quando adotamos a auto-análise, num momento estamos no conhecimento e no próximo, na ignorância. Estamos constantemente nos identificando com o conhecimento ou a ignorância e com nossas dúvidas mentais. Mas quando entramos numa profunda meditação espiritual, estamos acima da ignorância e do conhecimento. Apenas clamamos por Paz, Luz e Bem-aventurança infinitas.

Se o buscador ficar se examinando constantemente com a mente, será sempre puxado pelas forças negativas da mente. Como um ímã, elas nos puxarão, mesmo que, com nossa mente, estejamos tentando descartar tudo que pensamos ser errado. A dificuldade na auto-análise é que nós não usamos a luz da alma para fortalecer a nossa força de vontade. Quando alguém busca fazer a coisa certa, isso não significa que será capaz de fazer. As propensões inferiores e as forças erradas têm muito poder e este, vem na forma de tentação. Se dermos passagem à esta tentação, estaremos totalmente perdidos.

Se uma pessoa espiritual quer alcançar o reino da Paz mais elevada e da Luz infinita, aonde não há tentação, ela tem que ir além da análise mental. Tem que aspirar. No entanto, se a pessoa não aceitou a vida espiritual, é melhor para ela usar a auto-análise do que agir como um animal selvagem. Para ela será bom de alguma maneira. Se ela não usar o seu poder de auto-análise, não haverá para ela nenhuma diferença entre luz e escuridão. Mas se quiser uma maneira mais rápida e convincente de transformar a sua natureza numa natureza divina, você tem que aspirar. A aspiração é a única e maior solução para os problemas da limitação humana.

Pergunta: Os problemas podem ser resolvidos psicologicamente, através de análise, ou devem sempre ser resolvidos espiritualmente?

Sri Chinmoy: Qualquer problema, se for resolvido espiritualmente, estará resolvido completamente. Mas, se você resolver psicologicamente um problema, a solução estará toda na mente, a qual, é uma esfera muito limitada. Quando respondemos uma pergunta a partir de uma Verdade espiritual mais elevada, podemos sentir que a resposta é verdadeira e completa. Teremos a satisfação maior, apenas quando a pergunta for respondida de um ponto de vista espiritual.

Embora tendo o corpo, o vital e a mente, se resolvermos problemas das diferentes perspectivas deles, com as capacidades diferentes de cada um, as respostas não satisfarão completamente as nossas necessidades. Com a mente, podemos resolver os problemas imediatos. Mas essa solução não será permanente. O problema irá simplesmente tomar uma outra forma e virá a nós como outra dificuldade. Nós pensamos: “Eu resolvi aquele problema com a minha mente analítica.” Mas infelizmente, se formos fundo dentro de nós, veremos que aquele mesmo problema, agora tomou uma outra forma e voltou a nos atormentar. Mas uma vez resolvendo espiritualmente o problema, veremos que ele realmente se foi. E como resolvemos espiritualmente um problema? Através do nosso progresso interior, da experiência e da luz da nossa alma.

Uma vez que comecemos a ter experiências interiores verdadeiras, não haverá necessidade de resolver nenhum problema com a psicologia ou a filosofia. Psicologia, filosofia e outras maneiras mentais de explicar as coisas, são simplesmente falíveis e inúteis. Quando temos nossas próprias experiências interiores, podemos ver a verdade, com a luz da espiritualidade, que é o Alento de Deus. Antes disso, se vivemos no mundo humano, nós temos que usar a mente, temos que usar a psicologia ou nunca conseguiremos nem mesmo uma satisfação parcial. Para alívio temporário, podemos nos abrigar na mente. Mas para soluções permanentes, temos que obter a iluminação espiritual.

Pergunta: Como você traz luz para o subconsciente?

Sri Chinmoy: Você deve aspirar pela luz que irá transformar a sua natureza. Quando você traz a luz, ela automaticamente entrará no subconsciente. Apenas trazendo a luz para todo o seu organismo, é que você poderá iluminar por completo a sua escuridão interior. Revolvendo a lama e dizendo que você é isso e fez aquilo, estará somente se sujando mais. Não importa quantas horas eu fique numa sala escura, ela não se tornará uma sala iluminada. Mas, se apenas por um segundo, eu puder entrar numa sala com luz, talvez eu seja capaz de levar essa luz para a sala escura e iluminá-la. Quando medita, você bebe a luz que permeia a atmosfera. Essa luz será capaz de iluminar e purificar as coisas obscuras e impuras que existem dentro de você.

Meditação

Pergunta: Eu sou um iniciante na meditação e percebo que sou constantemente perturbado por pensamentos. Como eu posso ter sucesso na meditação?

Sri Chinmoy: Ao iniciar a sua jornada, tente permitir que apenas pensamentos divinos entrem em você, e não os não divinos. É melhor não ter nenhum pensamento durante a meditação, mas é quase impossível para o principiante não ter pensamentos na mente. Mas esse principiante está aprendendo e não será iniciante para sempre.

Como você pode ter sucesso na meditação? Tente clamar interiormente, clamar pela liberação. Quando esse clamor vier das profundezas, do Piloto Interior, Deus irá lhe ensinar a meditar. O segredo da meditação é a aspiração. A aspiração é o clamor interior. Se o clamor vier das suas profundezas, você obterá o que precisa.

Análise

Pergunta: É necessário analisar o que você faz ou isso só cria dúvida?

Sri Chinmoy: Não vamos usar o termo análise; vamos usar o termo consciência. Sempre que os seguidores do método de Gurdjieff fazem algo, eles sempre tentam atrair a própria atenção para suas ações. Quando tocam algo, tentam ficar conscientes de que estão tocando alguma coisa. Eles sempre tentam estar conscientes do que estão fazendo. Isso não cria nenhum tipo de dúvida.

Você tem que saber que quando medita devotadamente, se torna automaticamente mais consciente, sem a necessidade de analisar as coisas. Quando vê uma manga na sua frente, automaticamente, com a sua visão interior, o gosto dela virá à tona. Você não terá que senti-la, cheirá-la, descascá-la e prová-la. Esse processo lhe dará o resultado passo a passo. Mas a sua consciência espiritual irá lhe oferecer a essência real, imediatamente. Se você preferir obter o resultado passo a passo, não há nada de errado nisso. Só que isso vai colocar a mente à frente constantemente. Mas a consciência espontânea do coração e da mente lhe darão um resultado melhor e mais satisfatório.

Pergunta: Eu gostaria de saber como superar pensamentos negativos, tanto durante a meditação como durante as minhas atividades diárias.

Sri Chinmoy: A verdadeira natureza dos pensamentos negativos é roubar, consciente e deliberadamente, a riqueza que nós temos: nossa Alegria, Luz e Amor divinos. Esses são nossos tesouros, porém, a dúvida, o medo e a negatividade são verdadeiros ladrões. Algumas vezes, um ladrão entra no nosso apartamento e rouba coisas, mas somente porque nós negligenciamos e permitimos que isso aconteça. Nós podemos ser vigilantes por dez minutos por dia, durante a nossa meditação, mas, no resto do dia somos totalmente descuidados. Quando entramos nas nossas atividades diárias, não lembramos de ficar atentos aos nossos pensamentos. Nesse momento, não seremos diferentes de todas as pessoas comuns ao nosso redor, que nunca meditaram.

Você pode botar as dúvidas e os pensamentos negativos de lado, se puder constantemente lembrar da sua meditação. Após meditar, você deve tentar lembrar desses poucos minutos com a maior alegria, afeição e apreço. Deve acalentá-los como objetos de adoração. Durante todas as suas atividades comuns, tente lembrar da sua meditação devotadamente e não esqueça da necessidade de reter uma consciência espiritual ou pensamentos espirituais. Não permita que a sua mente afunde num baixo nível. Se puder manter pensamentos puros e divinos quando não estiver meditando, você terá uma força adicional quando meditar.

Qualquer momento em que a dúvida e os pensamentos negativos vierem, você tem que pará-los imediatamente com os seus pensamentos divinos. Dessa maneira, será capaz de vencer os seus pensamentos negativos. Se seus pensamentos forem puros durante todo o dia, quando meditar, a sua mente já estará pura. Mas se permitir que os seus pensamentos vagueiem no mundo da ignorância e da impureza por quatorze ou dezesseis horas por dia, como pode esperar que seus pensamentos sejam puros na hora da meditação?

Pergunta: Como iluminar a depressão?

Sri Chinmoy: Trazendo à tona a Luz de dentro de você. Quando medita na Luz, a Luz vem, seja de cima ou de dentro do coração e, com isso, vem a Alegria e a Paz divinas.

Pergunta: Qual é a participação da mente em transcender os desejos e paixões?

Sri Chinmoy: Para ser totalmente franco, a mente nunca quer vencer ou transcender os desejos. A mente já é um depósito de todos os tipos de desejos e sua porta está sempre escancarada para desejos novos. Se você quer vencer os desejos, deve usar a sua aspiração e entrar na sua alma. Se sente que a sua mente vai ter aspiração, está enganado. Concentre-se no seu coração e a partir dele, tente entrar na alma. Primeiro tente se identificar com o seu coração e ele o levará para a sua alma. Então, a luz abundante e efulgente que reside na alma, irá espontaneamente fluir dela para o coração e dele para a mente.

Quando a mente estiver iluminada por esta luz, irá perder todo o interesse nos desejos terrenos. Somente trazendo a luz da alma para a mente através do coração, você será capaz de livrá-la dos desejos.

Você precisa ir além da mente, o qual é muito difícil, ou prestar Yoda a atenção ao seu coração que aspira. O coração que aspira não é o que está próximo à região vital. O vital está próximo ao umbigo. O coração que aspira está localizado mais acima, no centro do peito. Se você não puder elevar a sua consciência de lá para o verdadeiro coração, será uma vítima constante de desejos.

Pergunta: Por que a mente não quer vencer os desejos?

Sri Chinmoy: Porque a mente física está absorvida na consciência física. Está constantemente duvidando de si e dos outros e criando confusão e incerteza por si mesma. A menos e até que ela receba a luz do coração, permanecerá na escuridão da prisão e limitação humana. Infelizmente, essa é a natureza da mente humana.

Pergunta: Como eu posso purificar a minha mente?

Sri Chinmoy: Todos os dias, tente pensar na sua mente como um receptáculo vazio. Quando lida com a mente, se ela estiver vazia, isso significa que você já fez um progresso considerável. Você jogou fora a ignorância, a preocupação, a imperfeição, a limitação e todas as coisas não divinas. Então, o que você fará? Vai preencher este receptáculo vazio com alegria, amor, pureza e todas as qualidades divinas.

Você quer purificar a sua mente. Vai encontrar pureza abundante dentro do coração e da alma. É muito difícil para as pessoas sentirem a alma,mas não é difícil sentir a presença do coração. Quando puder sentir essa presença, mais uma vez você fez progresso. Logo, todo dia medite no coração e tente sentir que ele é composto de nada além do que a pureza. Uma vez que se sinta absolutamente certo de que o seu coração é feito de pureza, todos os dias pegue um pouquinho dela e derrame no receptáculo vazio que é a sua mente.

Outra coisa que pode fazer, é pensar na mente como uma cesta vazia. Tente sentir dentro do seu coração, uma árvore de pureza desabrochando. Todo dia, colha uma flor-pureza da árvore-coração e coloque-a dentro da cesta-mente.

Gradualmente, a cesta se encherá até a borda e a mente será preenchida com o aroma de inumeráveis flores-pureza.

Pergunta: Como podemos manter a mente pura quando não estivermos nos concentrando ou meditando?

Sri Chinmoy: A melhor coisa que pode fazer é aprender algumas canções espirituais e cantá-las para si mesmo em silêncio enquanto estiver trabalhando ou dirigindo ou fazendo qualquer coisa que não exija concentração mental. Enquanto estiver cantando em silêncio, a sua mente estará sendo purificada porque a sua alma virá à tona. Quando você cantar, tente sentir que o Supremo está ouvindo. De outra forma, o canto será um mero hábito mecânico. Então, sinta que há um ouvinte – não um ouvinte humano, mas o Próprio Supremo – ouvindo dentro do seu coração. Quando sentir que tem um ouvinte divino, obterá mais inspiração; será sobrecarregado com inspiração ilimitada e alegria interior sem fim. Quando sentir a presença do Supremo no seu coração, Ele o abençoará com a maior alegria e orgulho. Ele fará tudo para transformar, purificar,iluminar e liberar a sua mente.

*A abelha trabalhadora não tem tempo para tristezas.

*O coração é a capital da mente. A mente é um simples estado. Juntos, o coração e a mente fazem um único continente. O Um é a população suficientemente numerosa nessa nação estática, que busca a si mesma.

*Quem não encontrou o Paraíso-abaixo, fracassará em encontrá-lo acima. Pois Anjos alugaram a Casa ao lado da nossa, onde quer que nos mudemos. Sem nos curvar, não há crescimento.

 

 

 

 

O coração e a mente: meditação e psicologia

A Mente Subconsciente e a Análise Psicológica

textos de Sri Chinmoy

 

A mente encobre perguntas infindáveis

O coração descobre respostas satisfatórias

 

Comece com o sentimento de que você é a alma e o coração. Então confronte o vital, o físico e a mente com o seu divino poder de luz. Tudo que temos, entreguemos à luz da alma e do coração, já que eles estão em comunhão com o Absoluto mais Elevado.

Pergunta: Você poderia, por favor, explicar os níveis da mente em relação à entrega?

Sri Chinmoy: Nós começamos com a mente física, que é a mais inferior. Na mente física tudo é obscuridade, impureza, imperfeição, prisão, ignorância e limitação. Um pouco mais elevada é a mente intelectual, que lida com as abstrações e pensamentos mais sofisticados. Dúvida, confusão e contradição reinam nela. Depois vem a mente vazia. A essência das ideias sem forma pode ser percebida aqui. Mas o pensamento não pode se tornar visível nessa mente. Portanto, não existe a oportunidade dele ser assimilado e transformado. Depois vem a mente calma. Ela é como uma expansão do mar. Pensamentos errados podem entrar aí, mas não podem crescer na mente calma. Se pensamentos ruins entrarem, eles serão assimilados como bons pensamentos e força de vontade divina. Então vem a mente superior. Na mente superior os pensamentos são elevados, construtivos, sutis e progressivos. Depois vem a mente interior. Na mente interior, o conhecimento do pensamento criativo e a sabedoria da luz interior brincam juntos. Vem depois a mente intuitiva. A mente intuitiva é a mente-Visão. Dela obtemos a revelação criativa e dinâmica, mas não na forma dos pensamentos como conhecemos nas mentes física e intelectual. E vem a supramente, onde a criação começa. Nela não há multiplicidade nem diversidade, mas um fluxo de unicidade. Tudo na supramente é um, inteiro, completo.

Esses são os aspectos da mente. Todos os níveis da mente têm que se render à Vontade do Supremo. Infelizmente, eles não se entregam juntos. A mente física grosseira não pode ser uma com a supramente, logo, elas não se entregam juntas. Não é possível. Alunos do jardim-de-infância estudam de acordo com a sua capacidade, enquanto que universitários estudam num nível muito superior. Cada nível da mente tem que se entregar ao Supremo individualmente. Não podem fazer isso simultaneamente porque seu nível é totalmente diferente. Mas, cedo ou tarde, todos têm que se render para que a Deus-realização aconteça.

 

Pergunta: Algumas pessoas dizem que devemos sempre ouvir a voz da razão. Você pode comentar isso?

Sri Chinmoy: No início, muitas coisas podem nos ajudar, porém mais tarde, elas podem se tornar obstáculos. O desejo foi um auxiliador quando nos retirou do mundo da letargia. Mas ele se torna um obstáculo quando queremos entrar no mundo da espiritualidade. Desenvolver a mente racional é necessário para aqueles que não têm nenhum cérebro, que não são capazes de acessar nenhuma verdade, que são só um pouco melhores do que os animais, em compreensão. Mas uma vez que tenhamos alguma capacidade mental, devemos começar a transcender a nossa servidão à mente, invocando a Graça, a Paz e a Luz de cima, para iluminá-la. Nós temos que ir mais longe, mais elevada e mais profundamente do que o mundo da razão, muito além da mente racional ou intelectual. A mente racional tem que ser transformada num instrumento dedicado do Supremo.

A mente racional é realmente um obstáculo para um aspirante. Usar a mente se torna uma limitação porque ela não pode acessar o Infinito. Se vivermos na mente, iremos constantemente tentar circunscrever a Verdade; nunca seremos capazes de ver a Verdade em sua própria forma. Somente se vivermos na alma é que seremos capazes de abraçar a Verdade como um todo. Além da razão está a Verdade. Além das limitações da mente racional, estão a Verdade, a Realidade e a Infinidade. A razão possui uma Luz muito limitada, enquanto que aquilo que queremos e precisamos tem Luz infinita. Quando a Luz infinita alvorece, a razão é quebrada em pedaços.

Pergunta: Como eu posso trazer de volta para a minha memória consciente coisas que aprendi certa vez, mas agora esqueci – como meu conhecimento médico?

Sri Chinmoy: Esqueçamos o passado, pensemos agora no presente. O que você deve fazer quando estuda alguma coisa? Ao invés de ler uma página linha por linha e palavra por palavra, você deve olhar para a página toda de uma só vez. Olhe para a página com os seus olhos abertos e não leia nenhuma palavra que está escrita lá. De preferência, tente trazer o conhecimento, a sabedoria, a informação que a página quer oferecer para o seu ser, a sua existência, o seu coração. Uma vez que o seu coração tenha aceitado esse conhecimento, ele se torna natural para você e será então, muito mais fácil aprendê-lo com a mente.

Quando estuda palavra por palavra ou frase por frase com a mente, você obterá a informação mas, quando quiser aprender algo permanentemente, tem que aprender com o coração. Tem que se abrir como se fosse um recipiente vazio e permitir que o conhecimento entre e se torne parte de você. No momento em que o coração aceita alguma coisa, ele sente como sendo seu. Quando algo é verdadeiramente seu, você não perde, porque lhe dá total importância. Mas alguma coisa que tenha pego emprestado de alguém ou de algum lugar, você não estará apto a guardar para sempre. Quando a mente obtém algo do mundo, sente que a coisa lhe trouxe alguma substância estranha. Então virá um dia, em que irá descartá-la, porque tem mais alegria em conseguir ideias e pensamentos novos. A mente é como uma criança; tão logo recebe um brinquedo novo, joga fora o velho, porque sente que o novo é mais bonito. O coração também clama por novas ideias, conhecimento e sabedoria, mas ele não descarta as coisas que já conquistou. Para o coração, as coisas que ele já possui e acalenta e as que ele quer possuir, têm a mesma importância.

Logo, quando ler ou pensar em algo, ao invés de usar a mente para examinar ou pegar ideia por ideia, tente tornar o seu coração um recipiente vazio. Olhe para a página como se fosse devorá-la com o coração. O coração possui tudo permanentemente; a mente possui por um momento e então joga fora, clamando por algo mais. A mente é muito limitada, mas o coração é o lar do Infinito. O mundo inteiro pode ficar dentro do nosso coração, mas não da nossa mente. Tente trazer o que quer para o seu coração e lá, vai possuir, seja o que for. Uma vez que ele possua, você nunca poderá esquecer. A coisa é sua. O que você tem no seu quarto limpo e arrumado, não poderá perder, porque a qualquer momento pode olhar e ver o que quiser.

Pergunta: Os problemas sempre podem ser resolvidos psicologicamente através de análise ou isso deve ser sempre feito espiritualmente?

Sri Chinmoy: Qualquer problema, se for resolvido espiritualmente, estará completamente solucionado. Mas se você resolver um problema psicologicamente, a solução fica toda na mente, que é uma esfera muito limitada. Quando respondemos uma pergunta a partir de uma Verdade espiritual mais elevada, podemos sentir que a resposta é verdadeira e completa. Obteremos a maior satisfação apenas quando a pergunta for respondida de um ponto de vista espiritual.

Embora tenhamos o corpo, o vital e a mente, se resolvermos os problemas a partir dessas perspectivas diferentes com as diferentes capacidades da mente, do vital ou do corpo, as respostas não satisfarão completamente as nossas necessidades. Com a mente resolvemos o problema imediato. Mas essa solução não será permanente. O problema simplesmente tomará outra forma e virá a nós como uma outra dificuldade. Nós pensamos: “Eu resolvi aquele problema com a minha mente analítica”, mas infelizmente, se formos profundamente dentro de nós, veremos que aquele mesmo problema, agora tomou uma outra forma e voltou a nos atormentar. Mas uma vez resolvamos o problema espiritualmente, veremos que ele realmente se foi. E como resolver um problema espiritualmente? Através do nosso progresso interior, da experiência e da luz da nossa alma.