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A gratidão não é uma mera palavra. A gratidão não é uma ideia. A gratidão não é nem mesmo um ideal. A gratidão é a promessa-Deus-satisfação Do nosso coração Para Deus. -Sri Chinmoy
Estava um pouco cansado quando fui meditar em grupo no fim da tarde. Na meditação silenciosa, passei metade do tempo perdido entre pensamentos tolos e pensamentos negativos – uma verdadeira perda de tempo. Parecia que não teria um certo tempo para conseguir me concentrar, silenciar e mergulhar um pouquinho mais fundo.
Mas, por algum motivo, no meio desses pensamentos soltos, lembrei de alguns dos meus chefes mais queridos no trabalho. Essa lembrança me despertou um profundo sentimento de gratidão. Aprendi tanto com eles, e eles foram tão importantes em criar um espaço adequado para todos nós trabalharmos. Todos eles nunca quiseram ser chefes – eles aceitaram o cargo para um bem maior e geral de todos.
Isso mudou a minha postura interna. A partir dessa gratidão humana, lembrei o quanto devo realmente ao meu Mestre, que transformou a minha vida completamente – uma argila desforme está se transformando em algo útil, um instrumento para alguma coisa em seu plano.
Também a meditação mudou. Voltei-me para o que interessava – a meditação no Mestre. A sensação da gratidão despertou a minha vontade de focar na consciência dele. Ainda assim, minha mente estava inquieta, mas agora estava tomada de uma sensação expansiva, de crescimento. Foi uma experiência aparentemente bem pequena. Mas sinto ainda agora, enquanto escrevo, que foi uma forma de abrir as portas da minha consciência para algo maior do que eu me encontrava naquele momento. Fico só imaginando qual seria o resultado de um buscador sentir verdadeira e intensa gratidão espiritual mesmo por um fugaz momento.
Nas primeiras horas da aurora,
Nas tardias horas da noite,
Eu escrevo o meu diário.
O meu diário só abriga uma palavra:
Gratidão.
Gratidão à compaixão de Deus,
Gratidão ao serviço do homem,
Gratidão à busca pela minha auto-transcendência,
Gratidão ao meu auto-questionamento,
Gratidão à minha descoberta-Deus.
-Sri Chinmoy
Costumo ler por 20-30 minutos depois de meditar de manhã cedo. Hoje, após meditar, lembrei de fazer algo, que me fez fazer mais algo, e mais algo. Quando fui ver, já tinha pulado a minha leitura diária da manhã. Pensei “de tarde eu leio, então.”
Fiz várias coisas na hora do almoço, trabalhei, etc, e me percebi bem inquieto. A minha cabeça estava funcionando de forma diferente. É algo que acontece quando uso muito o computador ou o telefone.
Aí pensei: melhor ir ler agora, antes que não dê tempo, e também para recuperar o equilíbrio mental. Deitei na rede e fiquei lendo uns 20-30 minutos histórias do meu Mestre Sri Chinmoy. Saí dali completamente diferente. Estava sólido, claro, inspirado. Não só o conteúdo da leitura, mas a própria atividade da leitura ajudou-me a retornar a ser alguém razoável e mais equilibrado.
Mais profundo do que isso, outro motivo para ler livros que foram escritos por Mestres espirituais que realmente alcançaram a realização última, ou pelo menos buscadores muito avançados, é que essa leitura trará uma luz ou uma certa luminosidade para a sua mente. Assim como precisamos fazer exercícios corretamente para o nosso corpo físico estar em condições adequadas para a nossa vida, também a mente precisa de luz (e não mera informação) para agir de forma vasta e luminosa (que são as qualidades da mente), ao invés de desconfiada e duvidosa (que é o que a informação seca nos traz.)
Comida plant based, caseira e feita com boas energias. Essa é a proposta do Bistrô Mahakali que fica na Casa Madal, na Vila Mariana — oferecer uma comida num conceito de slow food, feita com consciência, para as pessoas degustarem com tranquilidade. Originalmente aberto para receber as pessoas, nesses tempos de quarentena está operando com encomendas por delivery (de bike) ou retirada no local, de quinta a domingo de 12h às 17h.
A Casa Madal é um espaço colaborativo criado em homenagem ao líder espiritual Sri Chinmoy por seus alunos de meditação. Além do Bistrô Mahakali, o espaço foi idealizado para oferecer cursos gratuitos de meditação, aulas de yoga, oficinas diversas e também tem uma lojinha de produtos sustentáveis, naturais e veganos.
Atualmente o bistrô Mahakali possui um cardápio com pratos do dia que são servidos de quinta a domingo, são eles:
● Macarrão de Arroz à Bolonhesa de Lentilha
● Moqueca de Frutos do Mato
● Feijoada Veg
● Curry de Grão de Bico com Espinafre
Além disso também são servidos burguer vegano caseiro; doces veganos, como bolo pão de melado, brownie e torta de limão; e salgados como tortas e quiches. Tudo preparado com muito cuidado.
A Casa Madal restaurante vegano
Endereço: Rua Paula Ney, 667 – Vila Mariana – São Paulo/SP
Encomendas e cardápio (WhatsApp): (11) 98128-1376
Horário de funcionamento temporário: Quinta a domingo de 12h às 17h (flexível para encomendas)
Instagram: @casamadal
por Patanga Cordeiro
Os Mestres espirituais são notoriamente positivos na sua valorização da situação atual do mundo. Por mais que tenham de lidar com os desafios de cada era, que por vezes parecem enormes, o fato é que saindo do particular e indo para o geral, tudo está fazendo progresso e melhorando. A nossa própria existência no mundo existe para o progresso.
Estive visitando amigos e meus pais em Curitiba, e vi no aeroporto algumas mensagens que gostei e me lembraram de coisas espirituais. Seguem abaixo com alguns comentários.
Sim, calma é importante, mas a alma é o motivo de estarmos vivos aqui – o progresso da alma é a razão de termos uma vida na Terra.
Razão também é uma coisa correta. Mas ela é limitada por ser algo que pertence à mente. Se estivermos falando de felicidade real (e não prazer, que é outra coisa), ele vai muito além da razão, passando pela fé (genuína) e chegando na realização do Real.
Tem horas que você não está inquieto (que é outra coisa), mas é movido a buscar pois não está satisfeito com a razão de fazer ou ser as coisas – está buscando se tornar algo mais significativo, e não simplesmente aumentar as suas posses ou vagar para se distrair.
Com a imagem do Cristo, a frase até muda de valor. Se antigamente tínhamos escravidão no cotidiano, hoje temos Madre Teresa.
Negada qualquer fuga,
O calor transmutou
Carvão em diamante
-Dag Hammarskjöld
Dag Hammarskjöld foi o segundo Secretário-Geral da ONU e um celibatário convicto. Abaixo, alguns dos seus poemas em formato de haiku descrevendo a sua experiência. O haiku final, em particular, mostra a recompensa translúcida.
Incapaz de ser cegado pelo desejo,
Sentindo que não tenho direito de invadir os outros,
Temendo expor minha própria nudez,
Exigindo completo consentimento como uma condição para a vida juntos:
Como poderia ter ocorrido de forma diferente?
Porque nunca teve cônjuge,
Os homens chamaram
O unicórnio de pervertido.
(a lenda grega e indiana do unicórnio diz que nunca teve companheiro)
Negada qualquer fuga,
O calor transmutou
Carvão em diamante
O mundo interior me prepara. O mundo exterior me utiliza.
O mundo interior me alimenta. O mundo exterior me anuncia.
No mundo interior, sou todo aspiração. No mundo exterior, sou todo revelação. O que é aspiração? Aspiração é o anseio interior da minha vida eterna. O que é revelação? Revelação é o frutífero sorriso da minha alma imortal.
No mundo interior sei o que eternamente sou. No mundo exterior sei do que sou constantemente capaz. Eternamente sou o instrumento de Deus. Isso é o que sei no mundo interior. Sou capaz de servir a Deus, agradar a Deus e satisfazer Deus da Sua própria Maneira. Isso é o que sei no mundo exterior.
No mundo interior, tento ser a Altitude de Deus, Sua Elevação transcendental. No mundo exterior, tento enxergar a Vastidão de Deus, Sua ilimitada Amplitude.
No mundo interior, tento entrar no Barco Dourado de Deus. Em Sua infinita Generosidade, Ele me permite entrar no Seu Barco. No mundo exterior, Deus me carrega e pilota à Sua Margem-Realidade, à Sua Hora.
Chega a hora em que o meu mundo interior e o meu mundo exterior tornam-se inseparavelmente um. Sinto então que a minha realidade e a Realidade de Deus são inseparavelmente um, que a altitude da minha realidade e a Altitude da Realidade de Deus são inseparavelmente um, que o meu mundo-visão e o Mundo-Visão de Deus são inseparavelmente um. Como um buscador, torno-me um com o meu Mestre; como um sonhador, torno-me um com a minha realidade; como um amante divino, torno-me um com o meu Supremo Amado.
No meu mundo interior preciso amar mais o meu mundo exterior de uma maneira divina. No meu mundo exterior preciso ouvir mais ao meu mundo interior de uma maneira devotada. Se não sentir a necessidade do meu mundo interior, do meu mundo aspiração, não serei capaz de compreender o meu mundo exterior. A determinação, manifestação, perfeição e satisfação do meu mundo exterior dependem completamente da paz, harmonia e unicidade do meu mundo interior.
-Sri Chinmoy
25 de outubro de 1978
Capela de São Paulo
Universidade de Columbia
Nova Iorque, NY, Estados Unidos.
Pergunta: Você nos explicaria o que é nirvana?
Sri Chinmoy: Centenas de milhares de livros foram escritos sobre o Nirvana. Ouvimos falar do Nirvana primeiramente através do Senhor Buda. Foi ele quem compartilhou com o mundo o conceito do Nirvana.
O que é Nirvana? É a extinção dos desejos, sofrimento, amarras, limitações e morte. É um estado muito elevado de consciência, onde o Deleite transcendental reina supremo. Quando se está em Nirvana, o seu jogo cósmico está concluído, e não se barganha com tempo ou ações. O Dia Dourado amanhece quando, através da sua aspiração, o buscador entra na consciência Nirvânica. Ele vai além dos limites do tempo e espaço. Explicamos que, no Nirvana, o Divino desfruta do Seu estado auto-amoroso. Nirvana é a extinção dos desejos, sofrimentos e tristezas terrenas, e ao mesmo tempo o Deleite e desfrutar divino do transe mais elevado.
(vídeo para meditação: Sri Chinmoy demostra estágios altíssimos de consciência, além do Nirvana)
Se alguém teve uma vida de bondade e alcança o Nirvana, isso significa que ele não reencarnará novamente?
Sri Chinmoy: Reencarnação não significa que se alguém faz coisas boas, coisas divinas, ele não retornará, e que se alguém faz coisas ruins, coisas indevidas, ele retornará. Não, todos retornarão ao mundo, mas aquele que faz coisas boas terá na sua próxima encarnação uma vida melhor do que alguém que faz coisas ruins.
Nirvana é o caminho da negação. Aqueles que seguem o caminho do Nirvana desejam permanecer na derradeira Bem-Aventurança, ou você pode chamar de extinção. Mas não deveríamos usar o termo “extinção” – é a derradeira Bem-Aventurança. Essas pessoas não querem reencarnar. Quando entram em Nirvana, a jornada acaba para elas. A alma sente que não caminhará ou correrá mais. Ela não quer se envolver com atividades terrenas. Ninguém exceto o Supremo pode compelir a alma a reencarnar. Mas apesar do Supremo ter poder para obrigá-la, Ele não o faz. O Supremo não obriga ninguém.
Entretanto, existem almas que querem tomar parte consciente na Lila de Deus ou Peça divina. Sabem que a reencarnação é absolutamente necessária para aqueles que querem servir a Deus aqui na Terra. Realiza-se Deus na Terra – em nenhum outro planeta ou plano pode haver realização. Então, após a realização, algumas almas fazem a promessa de que retornarão, como fizeram Swami Vivekananda e Sri Ramakrishna ao dizer que, mesmo se uma única pessoa não realizada permanecesse na Terra, eles estariam prontos para retornar.
São as mesmas almas que continuam retornando à Terra?
As mesmas almas retornam, mas o Supremo também cria novas almas. Por várias razões, muitas almas pediram para descansar antes de completar a sua parte no Jogo Cósmico. Aqueles que seguem rigorosamente o caminho do Senhor Buddha e entraram em Nirvana não retornaram. Então o Supremo envia novas almas ao mundo para substituí-las.
Incomoda você receber essas vibrações de nós vinte e quatro horas por dia?
Sri Chinmoy: Não, e pelo contrário, ficarei muito feliz se meu filho espiritual estiver pensando em mim. Se estiver pensando mal de mim, ficarei triste. Mas mesmo que alguém passe seu tempo pensando mal de mim, isso é uma bênção para a pessoa. Havia um indivíduo que odiava o Buda. Mas o Buda disse que esse indivíduo iria alcançar o Nirvana, pois pelo menos ele estava pensando no Buda vinte e quatro horas por dia. Estava sempre pensando em como capturar o Buda ou destrui-lo. Era uma abordagem negativa. Mas ao menos ele focava toda a sua atenção no Buda. Agora, é claro que é sempre melhor abordar o Mestre de uma maneira positiva.
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Normalmente sentimos necessidade de mais disciplina ao realizar nossas ações, nossa meditação, nosso dia. Por vezes, ficamos só na imaginação, esperando que um dia ela irá crescer. Por outras, usamos a própria mente para forçar um aumento na disciplina, que por sua vez pode trazer outros desequilíbrios na nossa vida. Sri Chinmoy, um Mestre espiritual, no entanto, tem a solução profunda para o nosso dilema, de forma clara, concisa e natural.
Sri Chinmoy: Tente sentir que você não tem mente, mas sim alma. Se não conseguir sentir a presença da sua alma, ainda assim poderá facilmente sentir a presença do seu coração. Deixe que a Luz do seu coração percorra o seu ser por completo. Quando isso acontecer, saiba que transcendeu a mente intelectual, racional, e entrou na mente iluminada.
Quando a Luz cresce no coração ou sai da alma e permeia o corpo todo, a mente é disciplinada automaticamente. É impossível disciplinar a mente só na base da imaginação ou pela força. Seria como endireitar permanentemente o rabo curvo de um cão. Se puder viver na alma, ou mesmo no coração, a Luz da existência interior transforma a mente física numa região mais elevada ou traz a Paz tudo-preenchedora das alturas à mente física rudimentar. Quando a Paz vem à mente, ou a mente se eleva ao domínio superior da Luz, a mente que conhecemos desaparece automaticamente.
por Adriano Passini
Dinamismo e letargia, duas palavras antagônicas que podem erguer ou destruir sua vida. Uma pessoa dinâmica é aquela que possui ânimo suficiente para colocar suas ideias e inspirações, que estão no plano mental em ação, ou mesmo ser uma pessoa mais ativa. Ao contrário disso, uma pessoa letárgica é aquela que não consegue fazer o mínimo necessário em algumas ou todas as atividades para se tornar uma pessoa melhor, vive planejando, pensando no futuro e não consegue materializar praticamente nada que é preciso para evoluir – uma pessoa estagnada.
Mas de onde vem esse o dinamismo? E a letargia? Como isso acontece? Para explicar essa situação, Sri Chinmoy descreve que nosso ser é dividido em 5 partes: o corpo, o vital, a mente, o coração e a alma. Cada parte é responsável por alguma coisa, e a letargia está associada ao corpo e ao vital.
O corpo é a parte materializada da nossa existência. Com ele conseguimos sentir e tocar as coisas. É nele que residem as outras quatro partes. Por natureza, o corpo é parte estática de nosso ser. Sem as demais partes, ele praticamente é uma união de átomos e moléculas que não tem serventia. Em resumo, o corpo quer apenas ficar parado e, se possível, dormindo. Porém, quando bem utilizado, é um forte instrumento de manifestação de Deus.
O vital é a parte responsável pelo dinamismo, porém junto com ele estão nossas emoções. Sem o vital, não somos capazes de fazer praticamente nada, é ele que nos fornece energia para realizar nossas ações. Mas, como no vital as emoções também imperam, é preciso que seja feita uma purificação para que fiquemos com a parte mais elevada que ele nos tem a oferecer.
É evidente que muitas pessoas tendem a ativar o dinamismo com mais facilidade que outras, pois elas possuem qualidades divinas que facilitam esse processo, tais como determinação e disciplina. Para ativar esse dinamismo de forma plena, é necessário muita força de vontade, porém, o método mais eficiente é através da meditação.
A meditação fará com que ativemos nosso coração, e através dele abrimos nossa porta de conexão com a alma. Isso é, a Graça Divina é capaz de entrar em nosso ser ativando o que temos de melhor. No caso do vital, ela ativa o nosso dinamismo. É por essa razão que muitos buscadores espirituais sentem vontade de praticar alguma atividade física ou então fazer alguma forma de serviço dedicado à humanidade após sua meditação diária.
O grande problema da letargia é que pode ser facilmente confundida com o cansaço. Muitas vezes as pessoas acham que estão cansadas, mas na verdade é a falta de dinamismo. Como pode alguém ficar cansado se dormiu mais de 8 horas em algumas noites e não fez nenhuma atividade física que fizesse ela ficar demasiadamente cansada? Não faz sentido algum. Em casos mais extremos, há pessoas que chegam a dormir mais de 10 horas por noite no final de semana, passam o dia vendo televisão e na internet e chegam na segunda-feira morrendo de sono.
Isso acontece porque a pessoa entrou na consciência do corpo e não ativou o seu dinamismo. Em um caso diametralmente oposto, como pode um atleta, que treinou intensamente no final de semana, chegar na segunda-feira com ânimo para enfrentar a semana? Essa pessoa ativou o dinamismo através de alguma atividade física.
O grande problema de uma pessoa que fica nesse estado de letargia é um ciclo vicioso. Ela entra na consciência do corpo, não ativa o dinamismo, e se sente cansada. Ela pensa que precisa de mais e mais descanso, mas na verdade precisa apenas quebrar esse ciclo, sair da inércia e ativar o dinamismo. Fazendo isso, ela automaticamente vai se sentir melhor e mais ativa, com muito mais ânimo.
Evidentemente para sair desta inércia, a pessoa precisa de um esforço consciente e determinação. Eu mesmo já passei por uma situação dessa, onde passei 6 dias sem atividade física alguma por ordem médica. Eu me senti cansado e sem ânimo para nada, foi horrível. No final do sexto dia, através da meditação, cheguei a conclusão que eu precisava de dinamismo e não estava cansado. Peguei minha bicicleta e pedalei durante 1 hora e meia, foi suficiente para ativar o meu dinamismo e me fazer sentir infinitamente melhor. Em resumo, eu eliminei a letargia do meu corpo e entrei em um estado de consciência muito mais dinâmico.
Muitas pessoas sabem que se praticar uma atividade física elas se sentirão muito melhores, mais ativas e felizes. Mas por que não fazem isso, por que tanta dificuldade em sair um pouco de casa e ativar o corpo? Porque sair da zona de conforto não é fácil. É preciso energia, assim como na química, para iniciar uma reação, é preciso uma energia de ativação. Essa energia nem todos têm facilidade em ativar. Mas todos nós precisamos conseguir essa energia. Algumas pessoas a tem naturalmente e outras conseguem através da meditação.
A meditação é algo realmente incrível, que pode nos levar à felicidade verdadeira, e uma das consequências dela é conseguir uma energia dinâmica que nos traz alegria. Portanto, se a meditação for feita da maneira correta, com toda certeza, o buscador conseguirá energia para realizar as mais diferentes tarefas do dia-a-dia.
por Patanga Cordeiro, baseado nos escritos de Sri Chinmoy
Inspirado por meus colegas de trabalho, fiz uma lista pequena de atividades para você fazer e que, espero, faça se sentir melhor e mais feliz em alguns aspectos. Segue:
Fazendo isso, provavelmente perceberemos uma mudança leve na forma com que olhamos as coisas – o que é mais importante, o que é menos importante, coisas do dia a dia que gastam muito tempo e são desnecessárias, coisas que são importantes e gostaríamos de fazer mais, etc.
A partir daí, podemos continuar, mudar, aumentar, etc o programa de acordo com o que sentimos necessário para si.
Leia o texto abaixo logo mais, do livro Água Viva, de Clarice Lispector.
Parece que a escritora teve uma experiência transformadora, algo que acontece com buscadores conscientes e inconscientes do fato da sua busca. Leia mais sobre o despertar interior:
Agora – silêncio e leve espanto.
Porque às cinco da madrugada de hoje, 25 de julho, caí em estado de
graça.
Foi uma sensação súbita, mas suavíssima. A luminosidade sorria no ar:
exatamente isto. Era um suspiro do mundo. Não sei explicar assim como não se
sabe contar sobre a aurora a um cego.
É indizível o que me aconteceu em forma
de sentir: preciso depressa de tua empatia. Sinta comigo. Era uma felicidade
suprema.
Mas se você já conheceu o estado de graça reconhecerá o que vou dizer.
Não me refiro à inspiração, que é uma graça especial que tantas vezes acontece
aos que lidam com arte.
O estado de graça de que falo
não é usado para nada. é como se viesse
apenas para que se soubesse que realmente se existe e existe o mundo. Nesse
estado, além da tranqüila felicidade que
se irradia de pessoas e coisas, há uma
lucidez que só chamo de leve porque na
graça tudo é tão leve. É uma lucidez de
quem não precisa mais adivinhar: sem esforço, sabe. Apenas isto: sabe. Não me
pergunte o quê, porque só posso responder do mesmo modo: sabe-se.
E há uma bem-aventurança física que a nada se compara. O corpo se
transforma em um dom. E se sente
que é um dom porque se está se
experimentando, em fonte direta, a dádiva de repente indubitável de existir
milagrosamente e materialmente.
Tudo ganha uma espécie de nimbo que não é imaginário: vem do esplendor
da irradiação matemática das coisas e da lembrança de pessoas. Passa-se a
sentir que tudo que existe respira e exala um finíssimo esplendor de energia. A
verdade do mundo, porém, é impalpável.
Não é nem de longe o que mal imagino deve ser o estado de graça dos
santos. Este estado jamais
conheci e nem sequer consigo adivinhá-lo. É apenas
a graça de uma pessoa comum que a torna de súbito
real porque é comum e
humana e reconhecível.
As descobertas nesse sentido são indizíveis e incomunicáveis. E
impensáveis. É por isso que na graça eu
me mantive sentada, quieta, silenciosa.
É como em uma anunciação. Não sendo porém precedida por anjos. Mas é como
se o anjo da vida viesse me anunciar o mundo.
Depois lentamente saí. Não como se estivesse estado em transe – não há
nenhum transe – sai-se devagar, com
um suspiro de quem teve tudo como o
tudo que é. Também já é um suspiro de saudade. pois tendo experimentado
ganhar um corpo e uma alma, quer-se mais
e mais. Inútil querer: só vem quando
quer e espontaneamente.
Essa felicidade eu quis tornar
eterna por intermédio da objetivação da
palavra. fui logo depois procurar no dicionário a palavra beatitude que detesto
como palavra e vi que quer dizer gozo da
alma. Fala em felicidade tranqüila – eu
chamaria porém de transporte ou de
levitação. Também não gosto da
continuação no dicionário que dia:
“de quem se absorve em contemplação
mística”. Não é verdade: eu não estava
de modo algum em meditação, não houve
em mim nenhuma religiosidade. Tinha acabado de tomar café e estava
simplesmente vivendo ali sentada com
um cigarro queimando-se no cinzeiro.
Vi quando começou e me tomou. E vi quando foi se desvanecendo e
terminou. Não estou mentindo. Não tinha tomado nenhuma droga e não foi
alucinação. Eu sabia quem era
eu e quem eram os outros.
Mas agora quero ver se consigo prender o que me
aconteceu usando
palavras. Ao usá-las estarei destruindo um pouco o que senti – mas é fatal. Vou chamar o que se segue de
“À margem da beatitude”