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Vida familiar e vida espiritual – ajustes e transcendência

Pergunta: Para iniciantes espirituais parece ser necessário fazer alguns ajustes entre a vida familiar e a vida espiritual. Você acha que esses ajustes terão que acontecer sempre ou eles serão transcendidos por outro tipo de relacionamento?

Sri Chinmoy: No início, se a sua avidez e o seu amor por Deus não forem intensos, se sentir que pode viver com Deus mas não só com Ele, se sentir que outros seres humanos também são necessários para a sua felicidade, então deve fazer ajustes. De outra forma, você não será capaz de permanecer na vida espiritual. Mas se sentir que pode viver apenas na Luminosidade de Deus, se sentir que não pode viver sem Ele nem mesmo por um segundo, então vá para Ele e não pense nos ajustes. Ele tomará conta de você e também dos membros da sua família. Se Deus quer que você corra o mais rápido, então você tem que saber quem é o seu mais querido – Deus ou os membros da sua família. Neste momento você está fazendo um ajuste, assim os seus entes queridos podem ficar felizes. Mas você sabe que a sua capacidade é muito limitada, enquanto que Aquele do qual está se aproximando tem uma capacidade ilimitada. Você não quer negligenciar a sua família, mas, tem que saber que não tem uma capacidade infinita de fazer a sua mãe ou pai ou irmão ou irmã, felizes. Tentando agradá-los, você chega a um tipo de ajuste. Mas se chegar à Fonte com a sua urgência interior intensa, poderá pedir ao Supremo, seu Piloto Interior, para tomar total responsabilidade pelos seus entes queridos. E Ele tem capacidade infinita de fazê-los felizes.

Quem cuidava dos seus entes queridos vinte ou trinta anos atrás, antes de você vir para esta vida? E em cinquenta ou sessenta anos, quando você deixar esta cena terrena, quem tomará conta deles? Neste momento, sentimos que somos indispensáveis. Mas quando entramos profundamente na vida espiritual, sentimos que apenas uma pessoa é indispensável, e esse é Deus. Se você precisa de Deus desesperadamente, Deus permitirá que vá para Ele diretamente. Ele lhe dará a capacidade de lidar com os membros da sua família sem ter que fazer ajustes na sua vida espiritual e dará aos seus entes queridos, a força para levar suas próprias vidas sem impedir o seu progresso espiritual.

A Verdade e a Luz

Texto de Sri Chinmoy

Eu tenho dito repetidamente que, se você viver na mente, não importa quantas vezes tenha visto a Luz ou sentido a Verdade, você irá duvidar ou negar a sua experiência. Desde que veio para o nosso caminho, eu lhe asseguro, você viu a Luz ao menos dezessete vezes. Quando isso acontece, a visão dura cinco, dez ou quinze minutos. Então, na volta para casa, você começa a questionar consigo mesmo, se viu ou não viu. A sua mente começa a brigar com a sua própria conquista. Mas quando está meditando aqui, você realmente vê e sente a Luz. Eu posso dizer isso na força da minha própria unicidade com você. Se disser que eu estou errado, eu direi que errado está você, porque ninguém na terra pode me enganar. Eu posso entrar em você mais rápido do que você pode entrar em si mesmo. Eu sei que, ao menos dezessete vezes, você viu a Luz e sentiu a Verdade. Infelizmente, quando essas experiências entram na sua mente, ela constantemente questiona e duvida das suas próprias conquistas. Ela obtém alegria em suspeitar do que você consegue.

Mesmo aqueles que chegaram ao nosso caminho espiritual há dez ou quinze dias atrás, já viram a Luz e sentiram a Verdade na existência deles. Qualquer um que veio a este Centro e que está conectado conosco, já foi abençoado pelo Supremo com a Sua Luz. Ninguém que veio, vem ou virá ao Centro, mesmo que seja uma vez, sairá sem ser abençoado com essa Luz. Mesmo um aspirante que meditou neste Centro pela primeira vez, já foi abençoado pelo Supremo. Em primeiro lugar, é a Bênção do Supremo que trouxe aquele aspirante aqui.

Quando algumas pessoas vêem Luz ou sentem a Verdade, devido à própria ignorância, sentem desde o começo que o que estão vendo é alguma coisa errada ou não genuína. Outras pessoas aceitam a experiência da Luz por um curto tempo e não duvidam enquanto a estão vivendo. Suas dúvidas começam mais tarde, mas quando começam, já negam a experiência. Você está nessa categoria. Quando vê Luz, naquele momento, você realmente sente que é a Luz que está vendo. Quando sente a Verdade, naquele momento, você acredita. Porém, mais tarde, a perseguição da dúvida devora as suas conquistas e realizações.

Política, espiritualidade e meditação

politica e espiritualidade meditacao oracao florVocê às vezes sente que, apesar de ter aspirações e metas tão sublimes, por vezes o seu trabalho é ofuscado pela política?

Sri Chinmoy: Não, ele não é ofuscado pela política, pois não fazemos comparação entre política e a espiritualidade em si. O que fazemos aqui é orar e meditar em silêncio. Tentamos fazer tudo em silêncio. A política está no mundo exterior, ao passo que a nossa oração e meditação estão no mundo interior. Através da nossa oração e meditação sinceras, estamos tentando trazer à tona a paz, luz e deleite que temos. Então essa paz, luz e deleite tentamos oferecer ao mundo, ao mundo político, para que o mundo político também possa se iluminar, aperfeiçoar e satisfazer.

 

Você sente alguma relação com os políticos nas Nações Unidas?

Sri Chinmoy: Sim e não. Não em sua capacidade como políticos. Mas quando eles me procuram como buscadores, já que eu mesmo sou um buscador, posso conversar com eles a níve espiritual – não político. Política não é o meu forte, ao passo que conheço um pouco sobre espiritualidade. Quando os políticos me procurar como buscadores, eu tento oferecer luz para eles.

 

Pergunta: Um aspirante espiritual pode participar ativamente em política?

Sri Chinmoy: Com muita freqüência ouvimos a palavra “política” ser seguida por “ um negócio sujo”. As pessoas dizem: “ Política é um negócio sujo.” Existe bastante verdade nisso. Há uma luz escassa, praticamente inexistente, no mundo da política. A política é desprovida de luz, por ser desprovida do verdadeiro sacrifício. É apenas um tipo de competição que ocorre entre partidos, os quais são igualmente ruins. Naturalmente, um deles irá vencer no final.

Se sentirmos que somos capazes de mudar a face do mundo, pelo caminho da política, infelizmente estaremos enganados. Nada pode mudar a face do mundo, exceto a aspiração interior. A aspiração interior é de grande importância, especialmente para os buscadores da verdade. Aqueles que quiserem participar ativamente em política irão, sem dúvida, perder a sua mais pura aspiração por Deus.

Deus está em tudo; então naturalmente Deus também está na política. No entanto, temos que saber qual a melhor maneira de chegarmos a Ele. Será a nossa aspiração que nos levará direto ao Altíssimo. Uma vez que alcancemos o Altíssimo, o Supremo mais elevado nos levará ao coração da humanidade.

Eu não estou dizendo a vocês que deixem de votar. Longe disso. Porém o mais importante é fazer a sua escolha interior. Os aspirantes espirituais têm que optar pela divindade que habita no interior deles. Quando essa divindade lhes diz o que fazer, eles têm que cumprir. Desse modo, não importando o que aconteça na vida exterior, no mundo da política, o buscador ficará satisfeito.

Quem resolverá os problemas do nosso país? Não será esse ou aquele partido. Será você que irá resolver os problemas do seu país e não uma liderança política. Sua aspiração pela humanidade será capaz de salvar não somente a América, mas o mundo todo. Cada um de vocês aqui tem esta chama de aspiração. Quando sua aspiração subir até o mais alto e descer de lá para inspirar o mundo ignorante, esse mundo então se tornará um lugar melhor.

Um buscador genuíno e sincero deverá ter cuidado com o quanto se envolve em política. Espiritualidade, vida interior e disciplina interior vêm em primeiro lugar. Existem bilhões de pessoas no mundo que podem se envolver em política, já que elas não estão envolvidas com a espiritualidade. Aspirantes, no entanto, devem permanecer bem acima do mundo político, no Colo do Supremo. Lá eles irão crescer constantemente na luz, paz, felicidade suprema e harmonia universal.

Extraído de “Politics and Spirituality: Can They Go Together?”

 

Política e espiritualidade

A espiritualidade

Pode entrar na política

A espiritualidade

Não dispensa a política.

 

A política pode abraçar a espiritualidade.

Igualmente,

A espiritualidade pode abraçar a política.

Política e espiritualidade

São galhos da mesma árvore-vida,

Da árvore-vida que é

Toda paz-unicidade.

 

Espiritualidade é o coração.

Política é o corpo.

Ambas são

Interdependentes

E indispensáveis uma à outra.

 

O corpo é a flor.

O coração é a fragrância.

A flor nos lembra de forma encantadora

Da nossa beleza universal.

A fragrância nos lembra incansavelmente

Da nossa divindade transcendental.

Gorbachev a flor

O nosso mundo exterior ama inigualavelmente.

Gorbachev a fragrância

O nosso mundo interior entesoura completamente.

 

Sri Chinmoy, Gorbachev: the master-key of the Universal Heart, Agni Press, 1990 – Carta ao Presidente Gorbachev

  1. GMK 85. This essay was written by the author and sent to President Gorbachev on 11 June 1990.

Meditação para passar em concursos públicos

por Patanga Cordeiro

“O servidor público internacional deve sempre mergulhar fundo de si para fortalecer sua dedicação e aumentar sua unicidade com seus irmãos e irmãs universais.” – Sri Chinmoy, num discurso sobre as Nações Unidas

Essa é mais uma história da minha vida cujo título não irá condizer com as expectativas dos leitores. O que acontece é que realmente passei num concurso público federal por causa da meditação, mas não é o que vocês imaginariam, algo como “fiquei mais focado, mais tranquilo, consegui me concentrar mais nos estudos.” Muito pelo contrário! Depois de começar a meditar, fiquei mais ativo, com menos tempo e com a cabeça a mil lidando com diversos projetos e inspirações pessoais! Leia para entender:

Quando comecei a meditar, eu estava cursando engenharia química na UFPR. Como estudante, minhas finanças eram reduzidas à liberdade financeira dos meus pais, que bastava para todas as necessidades diárias, com muito carinho da parte deles (é até bonito lembrar). Contudo, para os meus planos para a minha vida espiritual, que envolviam participar mais ativamente das atividades do Centro de Meditação, como viajar dentro e fora do Brasil para participar dos encontros dos discípulos, eu precisaria encontrar uma fonte de renda. De imediato, decidi trabalhar como jardineiro nos fins de semana, pois tínhamos as ferramentas de jardinagem em casa. Assim eu poderia estudar durante a semana e trabalhar nos fins de semana. Seria simples, mas talvez eu conseguisse fazer o mínimo que pretendia com essa renda.

Alguns dias depois, havia no mural do nosso Centro em Curitiba duas oportunidades de trabalho que envolviam provas. Uma era como assistente técnico da CELEPAR, e outro era para técnico judiciário da Justiça Federal. Eu achei que faria mais sentido ter um emprego fixo, pois isso me daria maior liberdade financeira.

Para tanto, comecei a estudar. Eu não tinha dinheiro para fazer cursinho preparatório, mas um colega que ganhou o cursinho de presente me encaminhou as apostilas via e-mail. Eu não tinha dinheiro para imprimir, então dividia o computador com meu pai e minha irmã para poder estudar durante as noites. Foi um estudo muito incomum, pois o computador ficava do lado da TV, onde à noite minha família sempre assistia muitos programas, em volume alto, em meio a fumaça de cigarro, com os dois cachorros e o gato brigando e tudo o mais que vocês imaginarem. Hoje em dia eu não conseguiria estudar assim, mas naquela época, de alguma forma, eu consegui.

Na verdade, eu tentei ler todas as apostilas, mas era muito, muito conteúdo para o pouco tempo que tinha. Então me concentrei no que parecia ser mais fácil, que era a parte de direito processual e administrativo. Tinha também português e raciocínio lógico. Tudo isso junto com os cursos de meditação, tradução de livros, viagens que conseguia fazer ou ganhava de presente, aprendizado de música espiritual, etc.

Uma prova era num domingo e a outra no domingo seguinte. Fui aprovado no concurso da CELEPAR, com um salário de 550 reais para 30h semanais. No concurso da Justiça Federal, que pagava na época 1800 reais para 40h, fiquei por volta de 180º lugar, sendo que só haviam 19 vagas. Eu nem sabia como funcionavam as listas de espera, mas achava que não iria ser chamado para trabalhar lá. Na verdade, o que me salvou na prova e me deixou entre os duzentos primeiros (esse fato será importante no fim da história), foi que eu fazia diversas traduções dos livros de Sri Chinmoy e, por conta disso, tive de aprender a escrever português corretamente.

Ter acertado praticamente toda a prova de português, que tinha peso triplo, foi o grande diferencial. Se eu não fizesse as traduções (que sempre fiz gratuitamente, por amor a compartilhar os escritos sagrados de Sri Chinmoy), não teria o emprego hoje. Essa é a primeira conclusão de como a meditação me ajudou a passar num concurso público. Não foi pela paz de espírito, mais foi ao encontrar uma vocação, uma forma de serviço e através de auto doação. “Buscai o Reino de Deus e as suas coisas, e tudo o mais seguirá.”

Quando faço que eu posso,

O meu Amado Supremo faz por mim

O que eu não posso.

– Sri Chinmoy

Comecei a trabalhar na CELEPAR e em breve vi que teria de largar a universidade, pois não seria possível me formar em engenharia enquanto trabalhava. (Disso surgiu o artigo “Como usar a meditação para passar no vestibular”). Durante esse tempo, usei a minha liberdade financeira da melhor maneira possível, e tive uma sensação de que Deus estava satisfeito com a minha postura, que, apesar de singela, era muito sincera e devotada (é bom escrever sobre a experiência, pois estou reavivando isso tudo enquanto escrevo).

Fui para Nova Iorque visitar meu Mestre, Sri Chinmoy, em agosto de 2005. (Disso surgiu o artigo “Se for a Vontade de Deus – ou não?”). Após alguns meses, recebi um telegrama me convocando para trabalhar na Justiça Federal. Descobri que estive entre os dez últimos candidatos a serem convocados para esse concurso. Após a nossa turma, o concurso perderia validade e seria feito um novo concurso.

(Na verdade, o concurso já tinha sido prorrogado uma vez, o que acho que foi um milagre que me deu mais oportunidades para usar minha pequena liberdade corretamente e criar mais vagas no concurso (por aposentadoria, desistência, etc.) para a minha nomeação)

Enfim, foi assim que a meditação me ajudou a passar num concurso público federal. Não ao aumentar a concentração ou qualquer outro clichê, mas sim ao mostrar para mim o que eu deveria fazer com a minha vida, que oportunidades eram mais importantes e o valor da auto doação e altruísmo na nossa vida.

Já fazem 11 anos que estou nesse emprego, que sinto cada vez mais que foi uma oportunidade que o Divino me proporcionou para fazer o seu serviço aos meus irmãos seres humanos do mundo inteiro. É nas minhas férias para as viagens espirituais, com o fruto do meu salário para servir os outros nos cursos de meditação gratuitos, com a relação interpessoal que sinto que posso fazer muito progresso interior e inspirar nos outros que valorizem a sua própria busca espiritual.

Não foi intencional, mas as escrever este último parágrafo, lembrei do trecho que abre este artigo. Acho que relendo ele agora, o sentido ficou bem mais claro para mim.

“O servidor público internacional deve sempre mergulhar fundo de si para fortalecer sua dedicação e aumentar sua unicidade com seus irmãos e irmãs universais.” – Sri Chinmoy, num discurso sobre as Nações Unidas

Como controlar a ansiedade sem usar a meditação

Qual a melhor forma de superar a depressão?

Sri Chinmoy: Quando você estiver deprimido, tente sentir conscientemente que se forçou a carregar um fardo enorme nos seus ombros. Sinta que é um corredor, e que há uma meta para você. Você tem que correr em direção a esse objetivo. Quanto mais rápido correr, mais cedo chegará até a meta. Agora, se você colocar de forma consciente e deliberada algo pesado sobre os seus ombros, naturalmente, sua velocidade será muito lenta. Não seja tolo. Você entrou para essa corrida. A corrida não é competir com os outros, mas sim competir com si mesmo e contra as forças não divinas da depressão, dúvida, medo, inveja e todas as outras forças negativas.

Quando a depressão entra na sua mente ou vital, sinta que há uma carga pesada nos seus ombros. Naturalmente, você irá querer se livrar dela, pois quer correr com velocidade. Você a descartará, a deixará de lado, e então correrá em direção ao seu objetivo destinado tão rápido quanto puder.

Ontem tivemos uma entrevista na TV Globo sobre a prática de meditação no Centro Sri Chinmoy em São Paulo. Como havia a possibilidade de se tornar uma oportunidade muito grande para servir as pessoas que buscam a meditação, fiquei bastante ansioso desde o início do dia. O que iria falar?, quais serão as possibilidades de divulgar a meditação?, se houver um buscador que está procurando a meditação assistindo o programa, como poderei servi-lo da forma mais eficiente?, etc.

Não sou expert, mas durante o dia, usei algumas técnicas que ajudam para diminuir a nossa ansiedade (falando de um ponto de vista não patológico, claro, para pessoas que estão tendo aquela ansiedade natural). Seguem:

Controlar a respiração e olhos

Quando você está agitado, a sua respiração não fica curta, oprimida? Se conseguir controlar a sua respiração, deixando-a tranquila, plena, a sua mente também ficará menos ansiosa. Outra dica é controlar os olhos. Primeiro, pisque algumas vezes, mas bem, bem devagar. Depois, não deixe os olhos ficarem olhando para tudo enquanto caminha, etc. Olhe conscientemente apenas para aquilo que sentir necessidade de olhar. Essas duas são formas de autocontrole no físico que se refletirão na sua mente.

Alongar o corpo

Alongar os braços, pernas e principalmente (no meu caso) o pescoço e ombros auxilia bastante para relaxar. Mantenha cada alongamento por um minuto antes de trocar de lado ou tipo. Manter a postura correta, com quadril, tronco, pescoço e cabeça alinhados também ajuda.

Cantar mantras

Se você cantar canções espirituais, isso vai fazer com que você mergulhe mais fundo no seu coração, onde é tudo paz (diferente da sua mente), além de ser uma forma de controle da respiração também. Você também pode repetir um mantra, como “Supreme”, mesmo que seja em silêncio. Mas em voz alta, se possível, será mais efetivo!

E a melhor dica: “Seja feita não a minha, mas a Vossa Vontade.” (Cristo, Novo Testamento)

Tudo o que fiz ajudou, mas o que realmente melhorou muito a minha ansiedade no dia foi lembrar-me várias vezes do simples fato de que eu não sou ninguém, que apenas Deus está tendo uma experiência em e através do mundo todo, de toda a criação, e que sou como um bebê, assistindo o jogo cósmico. Ele é o Agente, Ele é a Ação e Ele é o Fruto da ação. (Krishna, Bhagavad Gita) Ele se tornou eu e tudo o mais que existe no mundo. Pensando assim, não haverá ansiedade.

Question: If you feel nervous or upset, how can you bring down peace?

Sri Chinmoy: There are two ways. One way is to breathe in quietly and say “Supreme” three times very slowly. But if you find this difficult, you can invoke the Supreme as fast as possible. Fear or anxiety has a speed of its own. If you are about to be attacked by your enemy, then try to utter the name of the Supreme much faster than the speed of the attack you are getting from anger or fear. If you can do this, the Supreme will immediately conquer your anger, frustration or fear.

Sri Chinmoy, AUM — Vol.II-2, No. 4, April 27, 1975, Vishma Press, 1975

 

To conquer your mind’s
Volcano-anxiety-thoughts,
Your heart needs
The patience of a tree
And your life needs
An intensity-arrow.

Sri Chinmoy, Twenty-Seven Thousand Aspiration-Plants, part 126, Agni Press, 1989

Meditação na mídia – fatos e mitos, superficialidade e sinceridade

meditacao na midia

Sri Chinmoy nos anos 70

por Patanga Cordeiro

Coisas que vemos na TV, jornais ou sites, como “meditação para curar depressão”, “meditação para ansiedade”, “meditação para emagrecer”, “meditação para passar no vestibular”, “meditação para melhorar a concentração nos estudos”, “meditação para relaxamento”, etc., são extremamente populares, mas podem não ser realidades.

Alguém que não possui experiência no assunto pode ter criado isso para ir de encontro a uma solução fácil ou mística para um problema do cotidiano, o que atrairia a atenção irrestrita das massas. Afinal, tem uma parte de nós humanos que quer soluções fáceis que vêm do exterior, ao invés de encarar e transformar nossas imperfeições em qualidades positivas, ou, melhor ainda, investir e aprofundar nas qualidades que já estamos descobrindo em nós.

A mídia possui um papel super relevante, pois assim como a etimologia da palavra “jornalismo” indica, ela é a responsável por reunir e distribuir a informação existente. Ou seja, fazer com que a informação que é descoberta por alguns (que são procurados pelos jornalistas justamente por serem supostos experts no assunto) seja compartilhada com aqueles que tem interesse em adquiri-la. E por isso é tão louvável a profissão. O jornalista não é um conteudista, mas ele tem o dever de ser a ponte entre a demanda com a oferta de conhecimento. Ele não cria, mas apenas divulga as qualidades positivas e inspiração de pessoas ilustres, para que possamos nos espelhar nelas e alcancemos nosso próprio potencial único.

“Meditação para ansiedade – resolva o seu problema facilmente com essa técnica” é algo fácil de se ver por aí, mas não é algo que ouvi de professores de meditação. O que ouço de praticantes de meditação e dificilmente veremos na mídia é algo como “Você pode ser satisfeito se mergulhar fundo dentro de si mesmo, deixando para trás todas as coisas que o amarram e buscando pureza, disciplina e divindade, coisas que são o seu direito de nascimento. Será difícil, muito difícil, mas valerá a pena cada gota de suor derramado nessa jornada. O Buda e muitos outros chegaram lá e nos ensinaram como chegar – por que você não chegaria?” Nas palavras do Cristo: “Sejam santos assim como eu sou santo.”

É claro, se você voltar ao primeiro parágrafo, verá o quão grato e orgulhoso eu sou dos jornalistas e do papel que cumprem levando a milhões o acesso à informação.

Mas, ao mesmo tempo, fica um alerta para o buscador, no que se refere à mídia de massa a construção da sua opinião própria: “meditação para curar depressão”, “meditação para ansiedade”, “meditação para emagrecer”, “meditação para passar no vestibular”, “meditação para melhorar a concentração nos estudos”, “meditação para relaxamento”, etc., podem não ser realidades. Podem ser coisas da imaginação dos criadores de conteúdo de mídia, tentando gerar interesse através de uma solução mágica para dilemas até hoje não resolvidos da humanidade, e não de praticantes dedicados. E o mesmo vale para mim, para este artigo. Será que eu sou melhor ou mais sincero do que a mídia de massa? Talvez sim, talvez não. Mas pouco importa. Você está lendo este texto, mas sugiro que pare ao e vá praticar meditação. Não pergunte o que significa, nem peça opinião dos outros. Pratique com seriedade por algumas semanas ou meses ou anos, e descobrirá por conta própria, por experiência pessoal, o que é meditar e quais são os seus benefícios.

God knows our frailties,
But He also shows us
How to conquer them
For His complete Satisfaction.

Sri Chinmoy, Seventy-Seven Thousand Service-Trees, part 4, Agni Press, 1998

Entrevista na mídia televisiva – a importância da mídia para divulgar o bem e inspirar a humanidade

Abaixo o trecho de uma entrevista com Sri Chinmoy em New Jersey, EUA, onde o tópico era o falecimento da Madre Teresa de Calcutá (hoje Santa Teresa de Calcutá).

Interviewer: There’s been such a rush in the last week to canonise her, and there’s been a lot of talk of the Vatican waiving the preliminary five years. Do you think that was so important to her?

Sri Chinmoy: Nothing is important to her, but it is important for humanity. Sometimes it happens that when we honour someone, the person who is being honoured does not need it or care for it. But while we are honouring that person we increase our own inspiration and aspiration to become better citizens of the world. While appreciating, admiring and adoring the other person, we increase our own capacities and bring to the fore our own divine potential.

Interviewer: The timing of her death is also interesting — coming in the wake of the very public death of Princess Diana, which the world really has been so obsessed with. In terms of media coverage, maybe Mother Teresa’s death would have even been a bigger deal had it not been eclipsed by Princess Diana’s. Do you think that’s the way she would have wanted it?

Sri Chinmoy: Princess Diana at times wanted media and at times she did not. When she was doing something for the betterment of the world, when she was doing charity work and meeting with the sick and poor, she wanted media attention in order to uplift the consciousness of the world. But sometimes the media exposed her frailties and weaknesses, which we all have, and at that time she did not welcome the media attention. She said that this kind of thing does not help humanity in any way. She wanted only to inspire the rest of the world, but unfortunately the media always tries to find the negative side of things. That is a very painful experience. Everything has its darker side and its brighter side. But if you weigh the pros and cons of her life, her good qualities and virtues will far surpass her so-called human weaknesses.

Interviewer: Unfortunately, the media tend to accentuate the more frivolous aspects of her life.

MT 87. Cablevision 12, New Jersey. 12 September 1997. Interviewer: Ms. Page Hopkins

Mirabai – sua vida, histórias, poemas e canções devocionais

Mirabai foi uma devota do mais alto, altíssimo grau. Dentre os santos da Índia, ela foi inigualável. Ela compôs muitos e muitos bhajans, que são canções devocionais para Deus. Cada canção de Mirabai expressou sua inspiração, aspiração e incansável auto-doação.

– Sri Chinmoy

Se quiser ouvir uma canção de Mirabai enquanto lê, segue uma gravação muito simples e bonita:

A história e devoção de Mirabai – o amor de uma criança por Deus

Por Sri Chinmoy, em tradução

Estou contando esta história para crianças. Mas como somos todos filhos de Deus, esta história é aplicável a todo e cada um de nós. Vocês ouviram muitas histórias sobre o amor que as crianças podem ter por Deus. Mas esta história é particularmente significativa, especialmente para aqueles que aceitam a vida espiritual numa tenra idade. Desta história vocês aprenderão como o amor de uma garotinha por Deus aumentava e aumentava enquanto ela crescia.

a santa mirabai

Fonte Wikipedia (link)

Tenho certeza de que vocês ouviram o nome Mirabai. Mirabai foi uma devota do mais alto, altíssimo grau. Dentre os santos da Índia, ela foi inigualável. Ela compôs muitos e muitos bhajans, que são canções devocionais para Deus. Cada canção de Mirabai expressou sua inspiração, aspiração e incansável auto-doação.

Mirabai veio de uma família real no Rajastão. Seu pai se chamava Ratna Singh. Ele passava muito tempo longe de casa, lutando contra os imperadores Mogóis. Ele era um guerreiro muito valente. Num certo dia, um sadhu veio visitar seus pais. Ele ficou no palácio por um dia como convidado especial. O sadhu ficou muito satisfeito com a nobreza e qualidades santificadas do pai. Assim, quando foi embora, ele presenteou Ratna Singh com uma boneca ou estátua muito bela do Senhor Krishna. O Senhor Krishna é a personificação de Deus.

Mirabai tinha então apenas três anos de idade. Ela estava morrendo de vontade de ter a boneca que seu pai tinha ganho, mas ele não queria lhe dar a boneca. Vocês podem pensar que o pai era malvado. Mas havia dois motivos especiais para ele guardar a boneca. O primeiro é que, por ter sido um presente de um sadhu, ou homem santo, ela tinha bênçãos especiais. Ratna Singh queria preservar essas bênçãos, não de forma egoísta, mas para que pudessem ser assimiladas corretamente. O outro motivo que tinha para não dar a boneca é que ele pensou que Mirabai ficaria todo o tempo brincando com ela.

Quando Mira viu que seu pai não ia lhe dar a boneca, ela deixou de comer. O que o coitado do seu pai poderia fazer? Já que ela tinha se recusado a comer, ele lhe deu a boneca. Desde então, Mira estava sempre brincando com a sua boneca. Ele costumava falar com a boneca e cantar para ela; Mira realmente gostava da boneca.

Quando ela tinha cinco anos de idade, uma procissão matrimonial passou diante do palácio do seu pai. Mira perguntou para a sua mãe: “O que está acontecendo?” Sua mãe respondeu: “É um casamento. Esses dois estão se casando.”

Por curiosidade, Mirabai perguntou para a mãe: “Com quem eu vou me casar?”

Por algum motivo, a mãe respondeu: “Você já está casada, minha filha.”

“Quem é o meu esposo?”, gritou Mira.

“Essa boneca, o Senhor Krishna, é o seu amado esposo,” disse a sua mãe. Mira ficou tão feliz em saber que Krishna era o seu esposo.

Com o passar do tempo, as orações de Mira cresceram e se tornaram mais devotadas. Todos os dias, por horas a fio, ela conversava com a boneca, cantava e cantava diante da boneca. Ela agia como se a boneca fosse um ser humano de verdade. No seu caso, a boneca era um ser real. A Presença viva do Senhor Krishna estava dentro da boneca.

Seu avô e os outros membros da família estavam confusos. O que fazer com essa garotinha? Eles decidiram que, quanto mais cedo pudessem dá-la em casamento, melhor. Com o amor que crescesse pelo seu marido, talvez a devoção à boneca diminuísse. Além disso, ela teria muitos deveres domésticos para tomar conta.

Nessa época, Mira tinha apenas oito anos de idade. Mas nesse tempo era bastante aceitável que os pais decidissem sobre o casamento quando os filhos ainda eram muito jovens. E assim Mira foi dada em casamento ao príncipe Bhoja Raj. Ele era o filho mais velho de Rana Sanga de Chittor. O governante de Chittor era considerado o líder das casas reais hindus, e portanto esse casamento ergueu Mira a uma posição social muito alta.

O marido de Mira era um grandioso guerreiro. Durante o dia, Mira fazia suas obrigações e ouvia devotadamente a sua sogra. Durante a noite, ela levava a sua boneca para o templo. Lá Mirabai conversava, cantava e dançava com a boneca.

Infelizmente, a sua sogra não concordava com nada disso. Ela disse para Mira: “Você não pode ficar acordada assim até tarde. Você é apenas uma garotinha e precisa ficar em casa e dormir.”

Mas Mira insistiu: “Eu quero ir para o templo e orar todas as noites.”

Sua sogra trouxe mais uma objeção. “Você está orando a Krishna, mas Krishna não é a deidade da nossa família. Nossa deidade é Gauri, um aspecto de Durga, e Durga é a consorte do Senhor Shiva. Portanto, você não pode continuar orando a Krishna na nossa família.

Mira não deu atenção à sua sogra. Ela disse: “Eu não farei isso que está dizendo. O meu Amado é o Senhor Krishna. É para Ele que eu devo orar.” Assim, Mira e sua sogra tiveram uma briga séria. Mas a partir de então, a sogra não se manifestou mais e deixou que Mira continuasse suas atividades espirituais.

Mira estava agora muito feliz. Ela trabalhava durante o dia e à noite ela podia ir para o templo meditar, cantar e dançar com o seu Senhor Krishna.

Ela adorava Krishna como Gopala Giridhara – o jovem pastor que tocava Sua flauta às margens do rio Jamuna em Brindaban. Brindaban foi o lar de Krishna durante a sua infância. Uma vez, para proteger Seus devotos de um dilúvio, Ele ergueu uma montanha, para que pudessem se abrigar debaixo dela. É esse o significado do epiteto ‘Giridhara’. Quando Mira adorava a boneca, o Senhor Krishna aparecia diante dela nessa forma, brincando e falando com ela.

A irmã do marido de Mira ficou com muita inveja de Mira. Ela tinha ouvido sua mãe falar que Mira era muito espiritual e conversava com Deus o tempo todo. Essa cunhada queria punir Mira, e começou a espalhar rumores de que Mira tinha vários amantes. Ela dizia que Mira os levava ao templo durante a noite para ficar com eles. Mira escutava os boatos da corte, mas não deu ouvidos. Ela tinha doze ou treze anos de idade então. Num certo dia, essa cunhada horrível disse ao marido da Mira: “Você está cego? A sua esposa tem tantos namorados. Eu posso provar facilmente. Basta ir até o templo durante a noite e ver.”

O marido de Mira ficou furioso e naquela noite ficou esperando fora do tempo. Quando ouviu Mira falando com alguém, ele arrombou a porta do templo e correu para dentro com a espada desembainhada. Mira estava falando com o Senhor Krishna. Ele havia aparecido a ela em Sua forma Celestial. Assim que o marido chegou, Ele desapareceu. O marido de Mira viu apenas a sua esposa e sua pequena boneca; mais nenhum ser humano estava presente. Ele riu e disse: “Minha irmã não passa de uma mentirosa!”, e então foi embora. Depois de ele sair, Mira começou a chorar e chorar pelo seu Senhor Krishna: “Para onde Você foi, para onde Você foi?”

Mesmo depois desse episódio, sua cunhada continuou contando histórias malvadas sobre Mira. Isso fazia Mira se sentir mal, mas o que poderia fazer? Pelo menos ela podia ir ao templo todas as noites e adorar o seu Amado Senhor do seu próprio jeito.

Nessa época ela já havia escrito diversos bhajans devocionais e repletos de alma. As pessoas estavam cantando seus bhajans nas ruas. Foi assim que todos no reino ficaram conhecendo o nome Mirabai. Todos tinham muito orgulho dela. Foi quando Akbar sucedeu seu pai como Imperador Mogol. Apesar de ser muçulmano, ele gostava da cultura hindu. Na sua corte ele tinha todos os tipos de pessoas talentosas e extraordinárias de várias religiões. Akbar sempre apreciava as boas qualidades dos outros. Com o passar do tempo, ele ouviu falar de Mirabai, e por isso quis visitá-la.

De início, parecia impossível satisfazer o seu desejo. A família de Mirabai e os imperadores Mogóis sempre foram os piores inimigos! Se fosse visitar Mirabai, ele estaria arriscando a sua vida, bem como colocando Mirabai em grande perigo. Mas Akbar estava decidido a ir. Ele disse: “Não irei como o imperador, com meu exército. Irei disfarçado.”

Ele e o músico da corte, Tansen, disfarçaram-se com robes ocres, como sannyasins itinerantes. Com esse disfarce eles se aproximaram do templo onde Mirabai adorava. Havia devotos no templo, cantando e dançando. Bem no meio estava Mirabai, cantando muito devotadamente.

Akbar e Tansen ficaram muito movidos pela voz e orações de Mirabai. Para mostrar sua gratidão, Akbar deixou um colar de diamantes aos pés da estatueta de Krishna que pertencia a Mirabai. As pessoas presentes ficaram surpresas com o gesto do pedinte. Eles imaginavam se talvez alguém muito rico não tivesse vindo na forma de um pedinte. Akbar e Tansen foram então embora.

Em poucos dias tornou-se conhecido que o próprio imperador tinha vindo. O marido de Mirabai ficou furioso e disse à sua esposa: “Você cometeu o pior pecado. Você é uma princesa hindu, mas permitiu que um muçulmano visse o seu rosto. Não posso mais olhar para você. Você deve ir até o rio e se afogar lá.”

Pobre Mirabai! Ela ficou tão triste com os acontecimentos. Ela nem mesmo foi responsável pelo que aconteceu. Apesar disso, ela estava pronta para entrar no rio e se suicidar. Mirabai caminhou para o rio, acompanhada por alguns dos seus seguidores e devotos. Ela estava prestes a entrar no rio quando o Senhor Krishna apareceu e a agarrou. Ele disse à Sua mais querida devota: “Eu não quero que você cometa suicídio. Você não fez nada de errado. Por favor, deixe este lugar e venha para Brindaban. Lá você Me verá.”

Mirabai então deixou o seu marido e, com alguns seguidores, foi para Brindaban. Lá ela podia passar todo o tempo adorando Krishna e cantando Krishna bhajans. Seus bhajans eram os mais simples possíveis. Às vezes tinham apenas quatro ou cinco palavras. Às vezes eram só o seu nome e do Senhor Krishna: “Mira Gopala Giridhara.” E assim ela cantava e cantava, da sua forma devocional. Toda a comunidade gostava muito dela, tinha muito orgulho dela e era muito grata a ela.

Enquanto isso, o marido de Mirabai ficou muito triste. Ele percebeu o quão pura e devotada era a sua esposa. Seu nome rapidamente se tornava conhecido em todos os lares. Ele nem mesmo queria mais ouvir o conselho dos familiares. Assim, ele foi até Brindaban e trouxe Mirabai de volta para o palácio. Lá ele a tratou bem e permitiu que continuasse louvando no templo. Mas os demais familiares a tratavam muito mal.

Quando Mirabai tinha apenas vinte e três anos de idade, Bhoja Raj faleceu. O trono foi passado para um parente que se comportava de forma muito não divina com relação a Mirabai. Quando viu que todos apreciavam as qualidades espirituais dela, isso foi a gota d’água para ele. A chama da inveja incendiava dentro do rei, e ele desejava matá-la. Ele sabia que de manhã cedo ela costumava orar por horas a fio ao Senhor Krishna e enfeitar o altar com as mais belas flores. Num dia, ele enviou um cesto de flores como presente, mas escondeu uma serpente mortal junto com as flores. O rei sabia muito bem que a serpente a morderia assim que tocasse as flores. Mas algo milagroso aconteceu. Quando Mirabai tocou as flores com a mão, a serpente se transformou em flores também. E nada aconteceu com ela. O rei não conseguia acreditar que o seu estratagema havia falhado.

Alguns dias depois, ele a enviou um copo de leite, dizendo que estava muito satisfeito e feliz com ela. Mas o copo de leite dito puro havia um veneno muito poderoso.

O Senhor Krishna veio a Mirabai e contou que havia veneno no leite. E então disse que deveria beber mesmo assim. O Senhor disse que a protegeria. Assim, após terminar o louvor, ela bebeu o que havia no copo. Mas Krishna havia transformado o veneno em néctar. Não é preciso dizer que nada aconteceu com ela.

O rei tentou muitas outras formas para torturar Mirabai, mas o Senhor Krishna a salvou todas as vezes. Por fim, Mirabai perguntou a alguns Mestres espirituais o que ela deveria fazer. Todos recomendaram que ela deixasse o palácio. Assim, após muitos anos de sofrimento, Mirabai voltou para Brindaban a pé. Nessa época, ela tinha muitos, muitos seguidores, e toda a Índia ressoava com seus bhajans. Os amantes de Krishna em particular sentiam-se gratos a ela, pois seu tema principal era: “Krishna é o meu todo; Gopal é o meu todo!” Num certo dia, muitos anos depois, Mirabai estava no templo, cantando. Havia vários devotos ao seu redor, e eles também estavam cantando. O Senhor Krishna estava tão satisfeito com ela que apareceu em Sua forma humana sutil. Essa forma é tão tangível quando seu terceiro olho está aberto. Mirabai foi capaz de ver o Senhor, mas os outros não tinham a visão sutil para enxergá-Lo. Mas eles enxergaram algo nela.

O Senhor Krishna abriu o Seu chakra do coração. Mirabai entrou no Seu coração e desapareceu. Foi assim que ela faleceu. Ela estava numa consciência de êxtase muito elevada. E com o seu corpo físico ela se fundiu na forma divina de Krishna e desapareceu. É assim que a história acaba.

Comentário de Sri Chinmoy à história “O amor de uma criança por Deus”

O Supremo é o seu Guru, o meu Guru, o Guru de todos. Ele vive dentro do coração de todos. Se você quiser seguir a vida espiritual, se quiser inspirar o mundo inteiro, então o Supremo deve ser o seu único Amado. Se realmente precisa de Deus, como Mirabai precisava, então Ele deve ser a sua única alegria, o seu único amor, a sua única satisfação e o seu único preenchimento.

 

 

Mais histórias sobre Mirabai


Poemas devocionais de Meera             

Traduzidos por Patanga Cordeiro do livro “Mirabai – Ecstatic Poems”, versions by Robert Bly e Jane Hirshfield

 

 

Porque Mirabai não pode voltar para sua antiga casa

 

As cores do Escuro penetraram o corpo de Mira;

todas as outras cores desapareceram.

Amar Escuro e pouco comer

são minhas pérolas e turmalinas.

Rosário de meditação e a marca na testa,

tais são os meus adereços e anéis.

Isso é beleza feminina suficiente para mim;

aprendi isso com o meu professor.

Aprovada ou reprovada, eu louvo a Energia da Montanha

dia e noite.

Tomo o caminho que os seres humanos extasiados

tomaram por séculos.

Não roubo dinheiro e não agrido ninguém;

do que me acusarão?

Senti o balanço dos ombros do elefante;

e agora você quer que me sente num asno?

tente agir com seriedade.

 

 

O colar

 

Ó amiga, sento-me só enquanto o mundo dorme.

No palácio que abrigou o prazer do amor dorme a abandonada.

Ela que uma vez juntou um colar de pérolas hoje tece lágrimas.

Ele me deixou. A noite passa enquanto eu conto estrelas.

Quando chegará a Hora?

Essa tristeza precisa acabar. Mira diz:

“Sustentador de Montanhas, volte.”

 

A flecha

 

Meu professor atirou uma flecha

Que me trespassou.

Agora a sua ausência fere o meu coração

E meu corpo inquieto.

 

Minha mente não vaga mais – o amor a mantém coesa.

Agora estou acorrentada.

Quem conhece a minha dor, senão ele?

 

Um choro indefeso, interminável.

Amigas, digam-me – o que mais posso fazer?

 

Mira diz ao seu Senhor: conceda-me a sua presença ou a morte.

 

 

Não me proíba, mãe

 

Não me proíba, mãe; estou indo visitar homens santos.

Conheço um com o rosto negro; eu sou dele, o resto é nada.

Onde eu vivo, todos dormem; meus olhos abertos noite adentro.

Se o mundo não admira o Senhor, ele é louco; que sabedoria possui o mundo?

O que estou dizendo? O Senhor está dentro de mim; ao invés do sono.

Algumas lagoas têm água durante quatro meses do ano; mas eu fico longe delas.

A água de Hari verte; isso é o que basta para a minha sede.

Você diz que ele é negro; eu digo belo. Estou indo ver o seu rosto.

A dor de Mira vem da separação; o que ela quiser fazer, ela fará.

 

 

Mira só quer se unir aos elefantes e papagaios

 

Ó Amado, foi prometido que todos que disserem o Nome serão salvos.

Pelo seu poder, as rochas perdem a dureza,

Derretendo como gelo virando água; a terra fica macia, cedendo.

 

Eu também sinto essa atração.

 

Não guardei mérito, sei bem o peso dos meus pecados.

Uma cortesã ensinou o papagaio a repetir o Seu nome

E foi levada ao céu de Vishnu.

 

Um elefante que se banhava balbuciou o Seu nome e você voou para a terra

Das costas de Garuda, correndo para ajudá-lo –

Abriram-se as mandíbulas do crocodilo.

Libertou-se também aquele elefante do renascimento; chega de úteros animais para ele.

 

Ajamil deu ao seu filho o Seu nome, chamando-o no leito de morte.

Você respondeu. O medo da morte desapareceu.

 

Todos conhecem essas histórias,

E você sabe quais seres lhe deram seus corações por completo.

Sua serva Mira faz uma pergunta:

Por que você não me salva?

 

 

É tudo mentira minha

 

Em todas as minhas vidas você esteve comigo; lembro disso durante o dia e durante a noite.

Quando você some da minha vista, fico inquieta durante o dia e durante a noite, ardendo.

Subo as colinas; busco sinais do seu retorno; meus olhos inchados de lágrimas.

O oceano da vida – isso não é real; laços de família, obrigações mundanas – isso não é real.

É a sua beleza o que me deixa embriagada.

O Senhor da Mira é a Grande Serpente Negra. Esse amor brota do solo do coração.

 

 

Mira, a abelha

 

Ó minhas amigas,

O que poderiam me ensinar sobre o Amor,

Cujos caminhos são repletos de estranheza?

Quando oferece ao Grandioso o seu amor,

Ao primeiro passo seu corpo é esmagado.

Esteja pronta para oferecer sua cabeça como assento.

Esteja pronta para orbitar sua lamparina como uma mariposa cedendo à luz,

Viver como o cervo correndo em direção ao caçador,

Como o perdiz que engole brasas por amor à lua,

Como o peixe que afastado do mar morre feliz.

Tal como a abelha presa para sempre no fechar da doce flor,

Mira ofereceu-se ao seu Senhor.

Ela diz: o Lótus solitário a engolirá viva.

 

 

Quem foi Mirabai?

Por Patanga Cordeiro

Mirabai foi uma santa hindu do século XVI. Por se tratar de uma mulher, a história não é certa quanto a diversos detalhes sua vida, mas é comum referir-se à parte da Índia chamada de Rajastão, nascida como uma princesa.

Minha versão favorita da sua história é a de Sri Chinmoy, acima, que conta a história desde os primeiros anos de Mirabai até o fim da sua vida neste trecho, inclusive explicando sobre como ela começou a sua vida de busca.

Há diversas versões da sua história. Uma versão diferente é que Mirabai possuía uma devoção extrema por Krishna, o seu Senhor, o seu Amado, o seu Todo. Ela carregava uma estatueta de Krishna, chamando-o de seu esposo. Mirabai não tinha interesse por questões de família real, ou familiares de qualquer forma. Um possibilidade é que tenha sido forçada a se casar com o Rei Rana, o que mais uma vez tornou-se uma fonte de tensão, pois Mirabai recusava-se a enxergá-lo como esposo – ela já era casada com Krishna. Quando o rei morreu, possivelmente por causa da vergonha que a família sentia por ela ser tão devotada a Krishna ao invés de valorizar as conquistas exclusivamente materiais, tentaram fazer com que ela cometesse ‘sati’, que é quando uma viúva se queima viva na pira funerária do falecido esposo. Ela se recusou, naturalmente, pois o seu esposo é Krishna, e Krishna está mais do que vivo em seu coração.

E foi no coração de Krishna que sua vida acabou. Um certo dia, enquanto Mirabai cantava no tempo, Krishna abriu o chakra do seu coração e a absorveu. Mirabai fundiu-se com a forma divina de Krishna e desapareceu.

O poder do amor

 

O

O PODER DO AMOR

Do livro de Sri Chinmoy, Amor


Página central com todos os tópicos e posts sobre o amor.


 

 

Você não tem ideia

Do quanto faz pela humanidade

Quando ama a Deus incondicionalmente

Mesmo que por um breve momento.

 

 

Quando amamos Deus

Prontamente, voluntariamente, avidamente

E incondicionalmente,

Fazemos um progresso tremendo,

Não apenas por nós mesmos,

Mas também para a evolução

Da humanidade.

 

 

Na vida espiritual, o Poder e o Amor de Deus são inseparáveis; eles são como a frente e o verso da mesma moeda. Antes de realizar a mais elevada Verdade Transcendental, nós temos amor pelo poder. Mas depois de realizar a Verdade, passamos a sentir que temos apenas o poder do amor. Tanto quanto permanecemos no mundo do desejo, nutrimos o amor pelo poder. Mas, no momento em que nós entramos no mundo de aspiração, passamos a perceber o poder do amor.

 

Eu li seu aforismo que diz, ‘’ Quando o poder do amor substituir o amor pelo poder, o homem terá um novo nome: Deus.’’ Você poderia elaborar sobre isso, por favor?

 

O amor pelo poder vital está destruindo o mundo inteiro, mas apenas o amor divino, que é o próprio poder em si, pode nos transformar – transformar o humano em nós no divino. O amor pelo poder é o amor da supremacia. Um indivíduo ou uma nação sente que ao exercer poder é possível conquistar o coração da humanidade. Mas isso é impossível! Nós estamos chorando para ver a Face de Deus, não porque Ele é todo Poder, mas porque Ele é todo Amor. É apenas o poder do amor que pode conquistar o coração da humanidade verdadeiramente.

Se sentirmos que o mundo está cheio de ódio, então constantemente teremos um sentimento amargo em relação à vida. Então imediatamente tentaremos conquistar o mundo com o nosso poder vital, o poder que quer dominar. Mas, quando oramos e meditamos cedo pela manhã, se nutrimos pensamentos amorosos nas profundezas de nosso coração, imediatamente sentiremos que o mundo é nosso amigo. Estamos vivenciando o poder positivo, o poder da unicidade, que vem do amor.

Quando eu digo que ‘’Deus’’ será o novo nome do homem, ‘’Deus’’ significa universalidade. Ele é Um e Ele é Muitos. Ele era Um, mas quis apreciar a Si mesmo através da multiplicidade. Aqui individualidade desaparece e universalidade aparece. Quando usamos o poder do amor, a individualidade humana finita imediatamente desaparece e é substituída pela universalidade divina infinita.

 

 

 

Não culpe a Deus.

Ele está tentando sinceramente

Ajudar você.

 

Não culpe a si mesmo.

Culpando a si mesmo

Não pode chegar

À porta-satisfação-perfeição.

 

Apenas ame a Deus um pouco mais;

Apenas pense sobre si mesmo um pouco menos.

E eis que,

Todos os seus problemas incalculáveis estão resolvidos.

 

Como podemos usar o poder do amor para superar nossas fraquezas?

 

Fraquezas emocionais e mentais tem uma força tremenda. Mas a força das fraquezas é uma força negativa. A força positiva é o amor, amor divino.

Frequentemente quando nós não somos incapazes de superar nossas fraquezas, é porque estamos, na verdade, nutrindo elas. Em nossa vida exterior, nossas fraquezas estão nos torturando, mas, internamente, secretamente, nós estamos apreciando a elas.

Há apenas um poder que pode desafiar e vencer nossas fraquezas, que é o poder-amor. O poder-amor tem uma Fonte, que é Deus. Se temos feito algo errado, sentimos que Deus tem a capacidade e o direito de nos punir. Agora, a questão surge: Nós amamos a Deus por medo de que Ele irá nos punir? Ou nós temos medo e tristeza tremendos, não porque Ele nos baterá quando fizermos algo errado, mas porque podemos perdê-Lo? Há dois tipos de medo. Um tipo de medo diz que, porque Deus é onipotente, Ele nos atingirá muito forte se fizermos algo errado. Outro tipo de medo diz que, se fizermos algo errado, Ele poderá retirar Seu Amor por nós. Se amamos alguém verdadeiramente, e se essa pessoa desistir do seu amor por nós, não nos sentiremos miseráveis?

Agora, como você pode manter seu amor por Deus? Todas as manhãs, você tem de sentir que é a mais linda flor no Jardim-Coração de Deus. E quem é o jardineiro? É o Próprio Deus. Como o Criador, Ele cria você como uma flor; e, como o Jardineiro, Ele inspira a beleza e sente a fragrância de Sua Criação. Desse modo, Ele obtém uma alegria enorme.

Quaisquer fraquezas que nós temos, podemos superar se aumentarmos o anseio e a intensidade do nosso amor por Deus. Nossas fraquezas duram porque nosso amor por Deus não é sólido, não é completo, não é duradouro. Mas se há um anseio e intensidade tremendos em nosso amor por Deus, então nenhuma fraqueza pode durar.

 

Deus é o Jardineiro divino.

Dentro de cada alma-flor

Ele vê

Sua própria, nova e única, Beleza.

 

É difícil para mim me concentrar no meu coração por mais do que apenas alguns minutos. Há algum conselho que possa me dar?

 

Se você se concentrar no seu coração e, repleto de alma, repetir algumas vezes, ‘’amor, amor, amor,’’ então você verá que o amor está estendendo seu próprio horizonte. Ele está identificando-se com o tempo e, novamente, indo além do tempo, porque precisa de satisfação. Quando o amor quer satisfação, ele não permanece com o tempo por cinco ou dez minutos. Ele se estende por toda a Eternidade. Se você sabe disso e medita em seu coração, então a expansão do tempo vem, a expansão do deleite vem e a satisfação da alma vem. Se você tenta sentir amor, você estende a capacidade de sua realização e estende a capacidade de sua unicidade com o mundo inteiro.

 

O coração que ama Deus

Incondicionalmente

É o coração que irradia luz

Eternamente

No Céu e na Terra.

 

 

Eu tenho amado a humanidade.

A humanidade diz,

‘’ Você não é mais um estranho para mim.’’

 

Eu tenho amado a Infinidade.

A Infinidade diz,

‘’ Você não é mais aprisionado pelo espaço.’’

 

Eu tenho amado a Eternidade.

A Eternidade diz,

‘’ Você não será mais capturado pelo tempo.’’

 

Eu tenho amado a Imortalidade.

A Imortalidade diz,

‘’ A morte não será mais capaz de prender você.’’

 

Enfim, eu tenho amado Deus.

Deus diz,

‘’Minha criança, a partir de agora,

Você Me consolidou no seu abraço divino.

Você consolidou a Imortalidade, Infinidade,

Eternidade e a humanidade.’’

Amor: o caminho do coração

O CAMINHO DO CORAÇÃO

Do livro de Sri Chinmoy, Amor


Página central com todos os tópicos e posts sobre o amor.


 

 

Não amar Deus

É a dor do coração.

Amar Deus

E fazê-Lo sentir

Que Ele é amado e necessário

Sempre e sempre

É a inundação-êxtase do coração.

 

 

Qual é a sua religião?

 

A minha religião é o meu constante, consciente e incessante amor por Deus. Nosso amor por Deus é o sopro de vida em nós, e essa é a única religião universal.

Uma religião verdadeira quer somente amar devotadamente o coração do mundo. Uma religião verdadeira simpatizará com as outras religiões e experimentará sua unicidade com elas, por meio da sua tolerância, paciência, bondade e perdão. Uma verdadeira religião é uma que, séculos afora, amará a humanidade com todas as suas imperfeições. Através do seu amor-unicidade ela tentará trazer à tona um novo mundo – não à força, não dominando os outros, mas tornando-se inseparavelmente uma com todas as religiões.

 

Como a espiritualidade pode escapar dos confins da religião?

 

Cada religião tem a sua própria maneira de se expressar a respeito do ilimitado Um, mas, infelizmente, essa expressão por si só já é limitada. Religião é apenas uma casa, e ninguém pode afirmar que sua casa tem tudo. Podemos comprar mais mobília, mas o tamanho da casa permanecerá o mesmo. Uma vez que aceitamos a vida espiritual, no entanto, nossa religião se torna nosso amor por Deus. E, quando amamos Deus, tudo dentro de nós se expande. Nosso amor por Deus é a expansão contínua da nossa própria realidade.

Amar a Deus é a única religião verdadeira. Há qualquer religião que não nos dirá para amarmos a Deus? Mas, ora, algumas religiões dirão, ‘‘Ame a Deus, mas faça isso da minha maneira. Somente se vier à igreja, somente se vier ao templo, somente se vier à mesquita seu amor por Deus será perfeito. Os outros meios são todos errados. ’’

O verdadeiro amor por Deus não é assim. Se eu amo Deus, Deus me dirá, ‘’Porque deveria haver apenas rosas no jardim-religião? Pode haver outras flores também.’’ Uma pessoa virá apreciar a rosa, e outra pessoa virá apreciar outra flor. Portanto, devemos amar a Deus de todas as maneiras possíveis – através do que dizemos e fazemos, através de constante auto-doação em todos os níveis de consciência. Somente então não tentaremos nunca confinar ninguém.

Você perguntou como a espiritualidade pode escapar dos confins da religião. Escapar não é a palavra certa. O que é necessário não é escape, mas iluminação. E nós podemos iluminar a religião somente amando a Deus à própria Maneira de Deus.

 

 

 

A religião diz:

“Se me aceita do meu modo,

Então você é bom.”

A espiritualidade diz,

“Você não tem de seguir minha maneira.

Siga pleno de alma seu próprio caminho

E alcance sua meta destinada.”

 

Você pode explicar a nós sua filosofia de amor, devoção e entrega?

 

Amor é o elo interior que conecta o homem com Deus. Nós necessáriamente nos aproximamos de Deus através do amor. Amor é o primeiro passo. O segundo passo é devoção. O terceiro passo é entrega. Há cinco abordagens a Deus no caminho de amor, devoção e entrega.

No primeiro, o buscador se aproxima de Deus com uma atitude calma, tranquila, macia, angelical e alegre.

No segundo, o buscador se aproxima de Deus com o pensamento de que ele é o servo e Deus é o Mestre. Aqui o buscador é o escravo eterno do Amor de Deus.

Na terceira abordagem, o buscador considera Deus seu Amigo eterno, seu Companheiro eterno. Nessa aproximação, o buscador fala com Deus abertamente e livremente, sem dificuldade. Podemos ver a personificação dessa abordagem na relação de Arjuna e o Senhor Krishna. Arjuna considerou o Senhor Krishna como um amigo, mas eventualmente a relação dele com Krishna mudou e ele se tornou um discípulo perfeito e devotado.

Na quarta relação, Deus é visto como um filho. Nada é esperado de Deus, assim como nunca esperamos nada de uma criança e um bebê. Quando nos aproximamos de Deus como um bebezinho, não temos desejo, consciente ou inconsciente, de levar nada Dele. Apenas tentamos satisfazer o bebê de seu próprio modo. Na Índia, há muitos devotos do Senhor Krishna que pensam sobre ele como uma criança, uma eterna criança. Essa é uma abordagem muito significativa de Deus, mas é bastante incomum aqui no Ocidente.

A quinta é a de doçura. Aqui o amante e o Amado são um. Nessa relação vemos a união da alma humana que aspira e da alma divina e preenchedora. A alma humana e o Eu Transcendental tornam-se inseparavelmente um através da entrega absoluta do buscador. Quando um aspirante pode oferecer sua existência interior e exterior completamente, alegremente, sem reservas e incondicionalmente ao Supremo, nesse momento ele pode descobrir a mais doce e inseparável unicidade com o Piloto Interior.

Cada aspirante pode incorporar uma ou mais dessas cinco abordagens enquanto caminha ao longo de sua jornada. Isso depende de cada aspirante, de que tipo de relação ele quer estabelecer com seu Piloto Interior ou com o Supremo em seu Professor espiritual.

Nos dias de hoje, o amor divino é a maneira mais rápida de realizar o Altíssimo. A mente desempenhou seu papel, especialmente no Ocidente. O Ocidente tem oferecido muitos gigantes mentais ao mundo, mas agora o Ocidente precisa de mais riqueza do coração, que é o amor.

 

Senhor, meu Senhor, eu amo Você

Não porque Você é todo Poder,

Não porque eu preciso de um favor especial,

Mas porque Você é meu Amigo-Mestre

E meu Amor Supremo.

 

Cada vida

É uma amor-iluminada lâmpada

Para iluminar

As tristezas da humanidade.

Casamento Divino

casamento espiritualCASAMENTO DIVINO

Do livro de Sri Chinmoy, Amor


Página central com todos os tópicos e posts sobre o amor.


 

 

O que é o casamento?

O sorriso do amor

Que permite a duas almas

Voarem além.

 

O que é o casamento?

A maldição da noite,

Um cabo de guerra,

Sem saída para Luz.

 

O que é casamento?

A verdade satisfação de Deus –

Em Silêncio e Poder

De Sua Visão perfeita.

Casar-se é pedir por mais karma?

 

Na vida ordinária, não apenas o casamento, mas todas as atividades põem a roda do karma em movimento. Por exemplo, se você pensa em algo ou alguém além de Deus, então o karma já está criado. Normalmente, no casamento, o karma individual torna-se um todo, que as pessoas naturalmente compartilham. A mulher oferece ao homem toda a capacidade e força de sua alma, mas ela também dá a ele os efeitos das suas ações e pensamentos acumulados – o karma dela. O inverso é igualmente verdadeiro. E quando os pais trazem abaixo mais almas em forma de crianças, o karma da criança é adicionado ao deles.

Sem ser casado, você tem muitos problemas. Você pode acreditar que se casar resolverá todos os seus problemas. Ou você pode dizer, ‘’Eu sou um herói, vou conquistar os problemas dela.‘’ Ela, por sua vez, pode pensar, ‘’Eu sou uma heroína; vou conquistar os problemas dele. ‘’ Mas isso é proveniente de um senso do ego.

A maior parte dos casamentos é consolidada ou na necessidade de amenizar a solidão ou na necessidade de satisfazer as exigências do vital inferior. Casamento pode ou não pode ser compatível com a vida espiritual em cada caso particular. Algumas almas sentem que através do casamento elas serão capazes de fazer progresso mais rápido, enquanto outros sentem que o casamento será um impedimento para o seu progresso espiritual. Eu frequentemente digo que pessoas solteiras podem correr o mais rápido na vida espiritual. Mas Deus e as almas individuais devem decidir, e não a mente humana.

 

Qual é o significado espiritual do casamento?

 

Casamento divino não é possessão, mas unicidade. Amor divino é todo doação; não há exigências. No amor divino, fazemos constante sacrifício e vemos toda nossa visão ampliando.

Quando é um casamento divino, uma cabeça se torna duas cabeças, duas mãos tornam-se quatro. Tudo é dobrado: nossa capacidade automaticamente aumenta. Mas se há uma batalha constante acontecendo entre o marido e a esposa, se um quer correr mais rápido na vida espiritual e outro não, então um será um fardo pesado no ombro do outro. Como pode um correr o mais rápido quando está carregando algo que é muito pesado e que não quer chegar ao destino?

O indivíduo tem de tomar a decisão, se ele vai casar e se isso será um casamento divino. Se for um casamento humano, poderá conduzir à frustração. Se for um casamento divino, isso poderá conduzir à iluminação.

 

Eu quero encontrar minha alma companheira antes de embarcar na minha jornada espiritual. Eu sinto que deve me ajudar se eu encontrar a pessoa certa com quem compartilhar minha jornada espiritual.

 

Isso é tudo besteira! Se você realmente quer correr o mais rápido até a sua Meta, sua Fonte, que é o Supremo, você tem de sentir que todos os homens são seus irmãos e todas as mulheres são suas irmãs.

 

Você poderia derramar alguma luz sobre a relação homem-mulher? Parece que há uma luta acontecendo, e eu estava questionando como podemos ainda trabalhar juntos.

 

Se nós temos homem e mulher como irmão e irmã, nós sentimos, do ponto de vista espiritual, um vínculo afetuoso. Se acreditamos que Deus criou homens e mulheres como irmãos e irmãs, então nós sentimos apenas constante afeto por e unicidade com os membros do sexo oposto.

Deus não é masculino nem feminino. Novamente, se queremos separá-Lo dentro de aspectos masculino e feminino, então temos de dar igual valor a ambos. Nem homens nem mulheres devem sentir que são superiores ou inferiores uns aos outros. Se sentimos que alguém está ficando para trás, então ficamos tristes por termos que arrastar aquela pessoa. Novamente, se sentimos que alguém está à nossa frente, podemos ficar invejosos e inseguros. Mas, se vemos homens e mulheres ao mesmo nível, lado a lado, então não há problema. Então a relação entre homem e mulher tem de ser baseada em doçura mútua e auto-doação mútua. Então há paz, alegria e satisfação.

O amor humano e o amor divino


yoga passos

AMOR HUMANO E AMOR DIVINO

Do livro de Sri Chinmoy, Amor


Página central com todos os tópicos e posts sobre o amor.


 

 

 

Possua e seja feliz:

De fato,

Essa é a definição

Do amor humano.

 

Torne-se um e seja feliz:

De fato,

Essa é a definição

Do amor divino.

 

 

Há dois tipos de amor: amor humano e amor divino. Com o amor divino, nós vamos primeiro à raiz, ao Um, à Fonte e, a partir daí, nós vamos à multiplicidade, aos ramos e folhas, as flores e frutos. Amor divino é a canção da multiplicidade na unidade.

No amor humano há uma exigência ou, no mínimo, expectativa. Muito frequentemente começamos com uma exigência. Mesmo quando uma sabedoria mais elevada desperta, ainda esperamos algo dos outros. Convencemos a nós mesmos que essa expectativa é justificada. Já que nós fizemos algo pelos outros – oferecemos nosso amor – sentimos que é bastante legítimo esperar algo em retorno.

Mas, no amor divino, não existem tais coisas como exigência e expectativa. No amor divino nós apenas damos e damos. Na vida humana, antes de darmos nosso amor, nós tentamos descobrir o amor dos outros por nós. Na vida divina, antes de darmos nosso amor aos outros, tentamos descobrir o amor, em sua realidade e integralidade, dentro de nós mesmos. Somente então estamos em posição de oferecer amor aos outros. No começo, nossa satisfação alvorece quando sentimos que aqueles para quem oferecemos o nosso amor o aceitaram de todo coração. Mas há uma forma mais elevada de amor divino, que é quando vamos além desse sentimento e damos amor em puro altruísmo. Nós damos e, mesmo se nosso amor não é aceito, nós não nos importamos. Continuaremos dando, porque nossa Fonte é todo Amor.

No amor humano não há somente exigência e expectativa, mas há algo pior: afastamento. Primeiro nós exigimos e então esperamos algo. Quando nossa espectativa não é cumprida, tentamos nos afastar da pessoa a quem nós oferecemos o nosso amor. No amor divino, nunca é assim. Com o amor divino, tentamos nos tornar um com as imperfeições dos outros. Desse modo podemos entendê-los e servi-los, com uma intenção de transformar as imperfeições deles.

No amor humano há frequentemente o sentimento de supremacia. ‘’Eu devo amar você, sem dúvida, mas eu desejo permanecer um centímetro mais alto do que você.’’ O superior ama o inferior porque ele está satisfeito com sua posição nessa relação. O inferior muito frequentemente ama o superior por causa da sua insegurança. Então o amor humano amarra os dois e dá a ambos algum sentimento de satisfação. Mas no amor divino não há tal coisa como superioridade e inferioridade. Amor divino sempre se doa livremente e de todo o coração.

No amor humano, muito frequentemente a mente física, a mente duvidante, a mente suspeitadora, vem à tona. Mas, no amor divino, nós vemos apenas o coração amoroso. A mente ama a realidade porque ela enxerga a realidade de acordo com seu próprio entendimento e visão. Mas o coração ama uma realidade porque ele enxerga a realidade na própria forma da realidade.

No amor humano, sentimos que a satisfação existe em algum outro lugar – não dentro de nós, mas em outro alguém. Muito frequentemente a frustração vem porque sentimos que outro alguém não está nos dando o amor de que nós precisamos ou queremos.

Mas, no amor divino, satisfação é encontrada em lugar nenhum a não ser em nós mesmos. O amante e o Amado são um e o mesmo – o Supremo habitante dentro de nós e o Supremo dora de nós.

Viemos do Uno e existimos para a multiplicidade. Tal é a quintessência do amor divino.

 

Você poderia, por favor, falar sobre apego e desapego no amor?

 

Amor humano é apego; amor divino é desapego. Por que o amor humano é apego? Porque o amor humano exige constantemente. Amor humano quer possuir e ser possuído; caso contrário, não estará satisfeito. Mas, mesmo quando somos possuídos e possuímos, não há satisfação, porque vemos as limitações dentro da outra pessoa e as limitações em nosso próprio ser. Quando vemos limitações em nós mesmos ou nos outros, não ficamos satisfeitos, porque a alma em nós nunca pode ficar satisfeita com imperfeição. Ela quer constante iluminação e perfeição.

Quando amamos divinamente, não estamos apegados a ninguém. Nos importamos apenas com a expansão da nossa própria consciência e da consciência dos outros. Sentimos que não é certo limitar os outros. Ao limitar um indivíduo não estamos aperfeiçoando nada. Quando amamos verdadeiramente, sentimos que devemos expandir nossa consciência até o infinito e que devemos ajudar aqueles, com quem estamos intimamente ligados, a expandir a consciência deles também. Amor divino é a canção da expansão. Constantemente tentamos expandir nossa realidade e ajudar os outros a expandir a realidade deles. E, enquanto estamos expandindo, um dia, na Hora escolhida de Deus, nós nos tornaremos um com a Sua Consciência Universal, a Sua Consciência Transcendental.

O apego está no corpo; o desapego está na alma. Se vivemos na consciência corporal, sempre seremos apegados a pessoas e objetos à nossa volta. Mas, se nós vivemos na consciência da alma, tentaremos iluminar as coisas em nós que tem de ser iluminadas e manifestar as coisas que tem de ser manifestadas completamente aqui na Terra para o propósito de Deus.

 

Obcessão não é amor.

Possessão não é amor.

Compulsão não é amor.

Somente a plenitude-entrega

Na luz-unicidade

É amor.

 

Como podemos dizer se o nosso amor é amor humano ou amor puro espiritual?

 

Você pode facilmente dizer. No amor humano, há uma exigência consciente ou, ao menos, uma expectativa consciente pelo amor que oferece aos outros. Quando seu amor é puro ou espiritual, não há exigência, não há expectativa. Há somente o mais doce sentimento de unicidade espontânea com os seres humano ou os seres em causa. Temos de usar amor não para prender ou possuir o mundo, mas para libertar e ampliar nossa própria consciência e a consciência do mundo.

 

Como podemos conscientemente dar amor puro?

 

Você pode conscientemente dar amor puro aos outros se sentir que está dando uma porção do seu alento-vida quando fala com os outros ou pensa sobre eles. E esse alento-vida você está oferecendo apenas porque sente que você e o resto do mundo é totalmente e inseparavelmente um. Onde há unicidade, tudo é amor puro.

Você pode usar amor divino para transformar seus apegos humanos se você constantemente tentar aumentar a sua pureza.

 

Cada vez que você ama incondicionalmente,

Um anjo alado vem voando

E lhe diz:

‘’Sente-se rapidamente na minha asa.

O Senhor Supremo está esperando por você. ‘’

Como amar pessoas difíceis

como amar pessoas difíceisAMANDO PESSOAS DIFÍCEIS

Do livro de Sri Chinmoy, Amor


Página central com todos os tópicos e posts sobre o amor.


 

 

A cada momento que pensamos

Nas imperfeições dos outros

Nós devemos sentir com maior sinceridade

Que estamos usando mal e perdendo

O mais precioso alento-vida

Do nosso sonho de Deus-realização.

 

 

Como podemos amar alguém quando seus defeitos e más qualidades são tão evidentes?

 

Tente sentir que os defeitos e as más qualidades de alguém não representam ele totalmente. O verdadeiro eu dele é infinitamente melhor do que o que você vê agora. Além disso, as imperfeições dele são suas próprias imperfeições.

Se realmente quer amar a humanidade, então você tem que amar a humanidade como ela está agora e não esperar ela subir a um certo nível. Se a humanidade tivesse que se tornar perfeita primeiro, então ela não precisaria do seu amor, afeto e cuidado. Agora mesmo, neste estado imperfeito de consciência, a humanidade precisa da sua ajuda. Dê à humanidade sem reservas mesmo a mais limitada e insignificante ajuda que você tem à sua disposição.

Você é uma Criação de Deus; a humanidade também. A humanidade é tão somente uma expressão do seu coração universal. Você pode e deve amar a humanidade, não apenas como um todo, mas também individualmente – porque até que a humanidade tenha realizado a Meta suprema dela, sua própria perfeição divina não estará completa.

 

Tente não aperfeiçoar os outros;

Isso é Tarefa de Deus.

Tente aperfeiçoar a si mesmo;

De fato, essa é a sua

Tarefa Deus-ordenada.

 

Como podemos aprender a amar pessoas que nos machucam?

 

Neste mundo nem todo mundo é gentil. Mas por sentir que alguém é muito ruim, você está ganhando alguma coisa? Quando alguém fez algo muito prejudicial a você, sua reação imediata será odiar essa pessoa. Mas odiando aquela pessoa você perdeu algo muito doce dentro de você. Por que você deveria perder algo tão precioso de si mesmo, só porque quer corrigir alguém odiando a ele?

Digamos que alguém tenha feito algo desagradável a você. Se você o punir e ataca-lo, o que irá acontecer? Sua consciência o atormentará. Você dirá, ‘’O que foi que eu fiz? Ele fez algo errado, é verdade, mas agora eu fiz algo pior. Então de que maneira eu sou superior a ele?‘’

Neste mundo temos de ser muito sábios. Você irá dizer que ele foi muito mau e você tinha de fazer algo. Mas odiar não é a abordagem correta. A arma mais eficaz é o amor. Você pode pensar que amor não é uma arma forte o suficiente, enquanto o ódio é uma faca afiada. Não! O poder do amor é infinitamente mais poderoso do que o poder do ódio, porque quando você ama alguém, as qualidades divinas dele vêm para fora.

 

É possível desenvolver esse amor?

 

Sim, cedo pela manhã, quando você se levanta, apenas diga: ‘’Ó Deus, na Sua Criação eu quero ver somente boas qualidades! Se más qualidades estão à minha volta, ou pessoas estão me incomodando, então por favor me dê a paciência necessária, de modo que eu possa permanecer repleto de paz. ‘’

 

Ás vezes odiamos alguém sem nenhuma razão aparente.

 

Ódio é frequentemente uma forma contrária de amor. Você odeia alguém que deseja verdadeiramente amar, mas não consegue amar. Talvez ele mesmo impeça. Você pode odiar apenas alguém que você tem a capacidade de amar, porque se você é realmente indiferente, você não tem energia suficiente para odia-lo. Ódio é a frustração ou bloqueio do normal, livre-fluente amor.

Se você achar difícil amar o humano em alguém, então ame o divino nele. Você sabe que Deus existe naquela pessoa assim como Deus existe na sua vida. Se você pode tornar-se conscientemente ciente da Existência de Deus nele, então você não poderá conscientemente ser perturbado pelas imperfeições e limitações dele.

 

O ódio dele pelo homem

Está todo dentro da sua cabeça.

O amor dele por Deus

Dentro do seu coração

Inundará em breve

Todo o seu ser.

Porque nada

Salvo e exceto o amor

É sua verdadeira natureza.

 

Como podemos amar alguém se nós estamos zangados com ele?

 

Quando você está zangado com alguém ou prestes a ficar zangado, por favor sinta a necessidade de sua unicidade com ele. Diga a si mesmo: ‘’Se eu ficar zangado, então como posso me tornar um com ele?‘’ Tente repetir o mais rápido possível, sete vezes, a palavra ‘amor’. Então pronuncie o nome da pessoa por quem está zangado e lance amor dentro dele. Você verá que esse amor se tornará uma realidade.