por Patanga Cordeiro
Desde o início dos tempos, essa palavra foi usada e reusada, recebendo uma enorme força e significado profundíssimo. Não estou falando da iniciação num aspecto mais secular, como iniciação científica ou iniciação a uma certa prática, ou realizar algo pela primeira vez. A iniciação espiritual é:
- Quando você estabelece uma conexão viva com o seu Mestre
- Quando o seu Mestre estabelece uma conexão viva com você
- Quando você está desperto e aceita a vida espiritual como o propósito da vida
Todos os três são sinônimos. Se você aceita a vida espiritual, foi o seu Mestre quem o inspirou e deu forças para tanto, mesmo que você nem saiba que tenha um Mestre. Igualmente, se encontrou o Mestre, é porque está desperto e aceitou a vida espiritual como o seu propósito na vida. O Mestre verdadeiro não lhe aceitará se não estiver pronto, pois ao aceitá-lo ele está fazendo uma promessa solene de que o levará até a meta final – apenas quem estiver pronto para essa jornada conseguirá chega lá. Disse o famoso ditado:
“Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece.”
Essa hora é quando tudo na sua vida muda. Eu disse tudo. Quando você muda, todas as coisas mudam. Se você enxergar perfeição dentro de si, verá perfeição no exterior também. Tal é a beleza da vida espiritual.
O significado da iniciação
Primeiro, a iniciação não é necessariamente preto ou branco, sim ou não. Você pode ir gradualmente se abrindo, se descobrindo, até que percebe um ponto onde está “mais para lá do que para cá”. Quando chega esse ponto, podemos dizer que a iniciação ocorreu.
Quando você está iniciado (como você já viu, poderá nem ter certeza se é ou não iniciado), a conexão que tiver com o seu Mestre, com a sua vida espiritual, com a sua alma, será forte o suficiente para fazer com que o seu progresso adquira uma velocidade inigualável. O próprio Mestre poderá entrar em você e desobstruir os pontos de estagnação na sua busca espiritual, se você mantiver a porta do seu coração aberta.
Ao fim do artigo deixei o texto mais bonito que conheço sobre a iniciação. Lá, você pode ler mais sobre o significado da iniciação.
O início e o fim da jornada, e um pouco mais
Uma vez iniciado, basta seguir fielmente as instruções do seu Mestre. Mas saiba que as instruções não são simplesmente conjuntos de procedimentos exteriores. Um Mestre verdadeiro ensina em silêncio primordialmente. Você precisará desenvolver o seu amor, devoção e entrega ao Divino, ao máximo. Precisará ter autoconhecimento, devoção à causa suprema e agir de forma incondicional e perfeita. Precisará de paciência e velocidade. Se sua velocidade for muito grande, ainda assim poderá levar mais de uma vida para que a sua iniciação floresça até o resultado final, a perfeição completa. O seu Mestre é o molde. Você tenta se assemelhar a ele, não como uma cópia, mas como a argila inserida na forma. Ela toma o formato utilizado do objeto desenhado, mas mantém uma leve característica própria. Assim, tendo entregue toda a sua essência à Forma Divina, poderá agir com a sua individualidade aperfeiçoada no mundo. Essa é a consumação da iniciação – quando você mesmo alcançou a perfeição e pode tomar parte em tornar o mundo perfeito também.
Uma experiência de iniciação
Contarei uma experiência que eu poderia fazer referência como, de certa forma, um dos marcos para a minha iniciação (pois houve mais de um). Não costumo contar minhas experiências interiores, até porque não costumo ter nenhuma experiência muito extraordinária para contar, mas essa é uma das coisas que gosto de contar nos cursos de meditação, então escreverei aqui também.
Já estando no Caminho de Sri Chinmoy por cerca de 4-6 meses, um dia tive um sonho consciente (que é algo raro para mim). Eu estava numa espécie de boate, com música, bebidas, mulheres, fumaça, etc. Era um lugar realmente desagradável. Se eu acordasse num lugar desses hoje em dia, teria saído imediatamente. Mas era um sonho. Lá, as pessoas me ofereciam coisas como álcool, as mulheres se colocavam disponíveis para relacionamentos, etc. Mas eu recusava tudo. Depois de um tempo, as pessoas desistiram de tentar me atrair. Nessa hora eu pensei “Agora posso ir embora.”
Saindo do prédio, eu estava num deserto de terra. Eu vi uma rodovia em frente e, nela, vi um colega discípulo de Sri Chinmoy, o Nandika, correndo pela estrada. Eu me juntei a ele. Fomos correndo pela estrada por um tempo, até que chegamos numa parte que tinha um acostamento, também de terra. Ao parar de correr e olhar para a frente, me deparei com uma surpresa: o meu Mestre, Sri Chinmoy.
Ali estava o Meste, juntando humildade e magnificência numa mesma presença. Ele estava inteiro de uma cor de cobre, algo entre o laranja e o dourado. Não só a roupa, mas a pele, os olhos, os dentes, tudo era de um material só. O interessante é que as estátuas de Sri Chinmoy, inauguradas a partir de 2008, são bem parecidas!
Com o Nandika do lado, ele chegou bem perto de mim, bem perto mesmo, a uns trinta centímetros do meu rosto. Ele parou, deu uma volta ao meu redor caminhando (eu fiquei congelado no lugar!), deu uns passos a mais e virou para mim, bem sério:
“Quem é o seu Mestre!?”
“É você, Guru!”, eu disse, pois é óbvio. Como se ele mesmo não soubesse, né?
O Guru sacudiu a cabeça com força, em negação. Eu falei:
“Eu SEI que é você.”
O Guru meneou a cabeça, inclinando-a pros lados, o que entendi claramente como “Sim, essa é a resposta certa, mas eu não quero ouvir dessa forma.” Na hora entendi o seu intuito. Eu disse:
“O Supremo é o meu Guru,” (pois a filosofia do Sri Chinmoy diz que Deus é o único Guru,) ao que o Guru acenou com vigor que ‘sim, sim’, com a cabeça. “Mas você é (representa) o Supremo!”, completei.
Ele deu uma gargalhada muito alegre e satisfeita, demonstrando claramente que estava feliz com a resposta e que eu realmente tinha entendido a sua filosofia. O sonho acabou. Acordei (felizzz!!!)
Eu gosto de contar essa experiência porque todos os seus momentos possuem um significado bem claro na vida espiritual, pelos quais acredito que todos os buscadores passam algum dia:
Estar numa situação de vida que não condiz com a sua busca (a boate)
Deixar de lado ou perder o gosto por coisas que atrasam o nosso progresso espiritual (álcool/drogas, música emocional, relacionamentos superficiais)
Sair sozinho sem saber exatamente aonde vai (sair da boate sem saber o que teria lá fora)
Encontrar a estrada no meio do deserto, que você sabe que leva até a meta (encontrar a rodovia)
Reconhecer e se inspirar com seus irmãos discípulos de caminho espiritual (encontrar o Nandika já correndo na estrada)
Deparar-se com o Mestre e reconhecê-lo, assim como ele o reconhece e, ainda, ter dentro de si como algo natural os pontos principais da sua filosofia (o teste “Quem é o seu Mestre!?”)
Acordar e seguir em frente! (foi isso mesmo!)
Abaixo eu separei um texto muito, muito especial, onde Sri Chinmoy comenta sobre quem está querendo ser iniciado e quais os passos ou graus. Leia até o fim.
Iniciação nas palavras de um Mestre
trechos do livro O Mestre e o Discípulo, de Sri Chinmoy
Se você sente que ao aceitar um Mestre estará evitando as próprias responsabilidades, está enganado. Dessa forma estará separando-se do seu Mestre. Aqueles que são meus discípulos muito devotados não se sentem estranhos. Eles sentem sua unicidade comigo, sentem que tenho mais capacidade que eles e, então, identificam sua pouca capacidade com a minha capacidade maior. Quando entram em minha capacidade, sentem que estão entrando em suas próprias capacidades, porque dentro de mim, veem todo o amor e cuidado.
Somente sentindo a sua unicidade com o Mestre é que poderá fazer progresso real. Sentindo-se um estranho ou um intruso no coração do Mestre, ou mesmo pensando ser apenas um convidado, nunca terá sucesso na vida espiritual. Quanto tempo poderá ficar na casa de um amigo como convidado? Apenas alguns dias ou um mês, e então terá de ir embora. Mesmo sentindo que vem como amigo, ainda assim deverá partir. Mas, se sentir que a casa dele é a sua casa, então estará seguro, eternamente seguro.
Quando o discípulo e o Mestre se sentem seguros um no coração do outro, a hora da iniciação está próxima. Quando o Mestre inicia alguém, ele dá à pessoa uma porção de seu alento-vida. Na ocasião da iniciação, o Guru faz uma promessa solene ao buscador e ao Supremo de que dará o melhor de si para ajudar o buscador na sua vida espiritual, que oferecerá seu coração e sua alma para conduzir o discípulo até a mais elevada região do Além. O Mestre diz ao Supremo: “A menos e até que eu tenha levado esta criança até Ti eu não a deixarei, meu jogo não estará terminado.” E ao discípulo: “De agora em diante, pode contar comigo; pode considerar-me como muito seu.”
Na hora da iniciação, o Mestre realmente assume as abundantes imperfeições do discípulo, tanto desta quanto das encarnações passadas. Certamente, há Mestres espirituais verdadeiros e sinceros e, também, os falsos. Aqui, refiro-me aos verdadeiros. Alguns Mestres que são muito sinceros somente iniciam um discípulo por mês. Após a iniciação, ficam doentes e sofrem terrivelmente, porque assumiram verdadeiramente as imperfeições do discípulo. Todavia, existem alguns Mestres espirituais capazes de iniciar muitos discípulos, sem sofrimento, porque têm a capacidade de lançar na Consciência Universal as imperfeições que retiram deles. Mas também há alguns falsos Mestres que iniciam cinquenta, sessenta ou cem discípulos de uma vez, ou que iniciam por procuração. Esse tipo de iniciação em massa é uma grande ilusão.
O Guru pode iniciar o discípulo por vários meios. Pode fazer a iniciação à tradicional maneira indiana, enquanto o discípulo medita. Também pode iniciar enquanto o discípulo dorme ou mesmo em sua consciência normal, mas calmo e tranquilo. O Guru pode iniciar o discípulo simplesmente através dos olhos. Ele olha para o discípulo e imediatamente este é iniciado – mas ninguém fica sabendo. Um Mestre também pode proceder à iniciação física, que é pressionar a cabeça ou o coração ou qualquer parte do corpo do discípulo. Nessa ocasião, ele tenta fazer a consciência física sentir que a iniciação ocorreu. Mas junto com essa ação física, o Guru iniciará o discípulo de uma forma psíquica. O Guru vê e sente a alma do discípulo, agindo sobre ela. A iniciação também pode ser feita através de processos ocultos ou num sonho. Se não houver Mestre espiritual disponível na época, o próprio Deus pode tomar uma forma humana muito luminosa no seu sonho ou durante sua meditação e Ele próprio pode iniciar você. Mas isso é muito raro. Na maioria dos casos, a iniciação é feita por um Mestre.
Meus discípulos não precisam pedir-me para iniciá-los exteriormente, porque eu sei o que é melhor para eles; isto é, eu sei quando ou não a iniciação exterior vai acelerar seu progresso interior. Frequentemente, eu inicio meus discípulos através de meu terceiro olho, que percebo ser o modo mais convincente e efetivo. Muitos já viram meus olhos quando estou em minha consciência mais elevada. Nessas ocasiões, meus olhos humanos tornam-se um com meu terceiro olho. Estes dois olhos comuns então recebem infinita Luz do terceiro olho, e a Luz proveniente dos meus olhos divinamente radiantes entra nos olhos do aspirante. Imediatamente, a Luz entra no corpo todo do aspirante e o permeia da cabeça aos pés. Então, vejo a Luz, a minha própria Luz, a Luz do Supremo, brilhando na ignorância do discípulo, e aquela ignorância oferece sua gratidão. Ela diz: “Agora que me tornei sua, agora que o senhor me fez sua, serei sua para sempre.” Nessa ocasião, torno-me responsável por iluminar a ignorância do discípulo e o discípulo se torna responsável por ajudar-me a manifestar o Supremo na Terra.
Apenas porque eu o iniciei, não significa que poderá iniciar alguém mais. Não é como se eu lhe contasse uma Verdade que agora pode contar a mais alguém. Frequentemente, ouço que um Mestre iniciou alguém, e o discípulo segue iniciando outro, e então este prossegue para outro mais – como descendentes de uma família. Esse tipo de iniciação não tem valor algum. A verdadeira iniciação tem de ser feita por um Mestre Deus-realizado; não pode ser feita por procuração. Se um Mestre tem o poder espiritual de iniciar um discípulo diretamente no plano oculto, não há problema. Mas, se diz que pode iniciar alguém através de um discípulo que ainda é um iniciante, esse tipo de iniciação é um absurdo. Quando pessoas nos Estados Unidos dizem que foram solicitadas a iniciar outras por seu Mestre espiritual na Índia, então não se trata mesmo de iniciação; é só ilusão. A iniciação tem de ser feita diretamente por um Mestre, no plano físico ou nos planos interiores.
Quando o Guru inicia um discípulo, ele o aceita sem reservas e incondicionalmente. Mesmo se o discípulo parte após a iniciação, pensando mal do Guru, o Guru atuará em e através desse discípulo para sempre. O discípulo pode até ir a outro Guru, mas o Guru que o iniciou sempre ajudará aquele buscador no mundo interior. E, se o novo Guru é suficientemente nobre, permitirá que o Guru original aja em e através do discípulo. Embora a conexão física com o Guru original esteja cortada, e fisicamente o Guru não veja o discípulo, espiritualmente ele está fadado a ajudá-lo, pois fez uma promessa ao Supremo.
Mesmo se o discípulo não buscar outro Guru, mas simplesmente sair do caminho da Verdade, ainda assim, seu Guru original tem de manter a promessa. O discípulo pode sair do caminho espiritual por uma encarnação, duas ou mesmo muitas encarnações, mas seu Guru – esteja ele encarnado ou nas regiões superiores – constantemente olha pelo discípulo e espera pela oportunidade de ajudá-lo ativamente, quando ele uma vez mais retornar ao caminho espiritual. Na verdade, o Guru é sinceramente desapegado, mas como fez uma promessa ao discípulo e ao Supremo no discípulo, ele espera indefinidamente por uma oportunidade de conduzir o discípulo para a Meta.
Alguns dos meus discípulos que em algum momento seguiram meu caminho com toda a sinceridade também me deixaram com toda a sinceridade. Mas, se eles são meus discípulos no mundo interior, se eu já os havia aceitado e eles eram meus discípulos verdadeiros, então gostaria de dizer que não os esqueci. Eles podem levar uma, duas, cinco ou seis encarnações para retornarem à vida de aspiração, mas não importa quanto tempo levem, eu os ajudarei nas suas marchas em direção à Deus-realização.
Devido à promessa que fiz à alma do meu discípulo e a Deus, sou mais responsável por meu discípulo do que ele próprio. Mas, quem me permite assumir essa responsabilidade? É o discípulo! Estou à mercê dos meus discípulos. Agora mesmo, Deus é uma ideia vaga para eles, de modo que hoje podem me aceitar e amanhã podem me deixar. No plano exterior, o discípulo pode me deixar, mas, enquanto o Supremo desejar que eu me concentre naquela pessoa e envie Sua Luz para aquela pessoa, eu tenho de fazê-lo. Após deixar nosso caminho, o discípulo pode seguir algum outro caminho ou mesmo nenhum. Mas, uma vez que eu aceite alguém, a menos e até que o Supremo me diga que aquela pessoa está em outras mãos, eu sou responsável por ela.
Eu digo aos meus alunos, “Estou pronto para assumir todos os seus problemas, desde que você esteja pronto para sentir que é por mim e apenas por mim. Se sua dedicação fica dividida aqui e ali, nesse e naquele grupo, e se vem meditar no nosso Centro só de vez em quando, então, mesmo que diga que eu sou o seu Mestre, você me tornou impotente para fazer algo por você. Se verdadeiramente me der a sua completa existência, interior e exterior, somente então poderei fazer algo por você. É na força da minha total unicidade com você e na sua aceitação de mim que eu posso assumir os seus problemas.”
Quando um Mestre da maior grandeza diz que você tem uma relação eterna com ele, ele está falando pela força da sua absoluta unicidade com o Supremo e com a sua alma. Ele sabe que você estará sempre sob sua orientação interior. E quando realizar o Altíssimo, verá que a suprema Consciência que realizou é a mesma Consciência que o Mestre representou na Terra. Um verdadeiro Mestre espiritual incorpora a infinita Consciência do Supremo e a representa na Terra.
Quando o Mestre fala de uma relação eterna, trata-se de uma relação de aceitação mútua. O Mestre não diz, “Quer você esteja consciente disso ou não, eu manterei minha eterna conexão com você e seremos eternamente um.” Não, se o Mestre tem verdadeiramente a capacidade de estabelecer essa eterna relação com o discípulo, então ele também tem a capacidade de fazer o discípulo sentir que ele o fez. O Mestre oferece essa mensagem para a alma do buscador, e o buscador sente que sua conexão interior com seu Mestre durará para sempre. Então, com sua extrema doçura, carinho, compaixão, gratidão e orgulho, o Mestre aceita o discípulo de todo o coração e permanentemente. E o discípulo tem o mesmo sentimento pelo Mestre; ele sente que seu Mestre não é uma entidade separada, mas sim ele mesmo, o próprio discípulo. Ele sente que o mais elevado, o qual chama de Mestre, é sua própria parte mais iluminada. Quando tem esse tipo de sentimento, essa espécie de realização, então a relação eterna entre Mestre e discípulo poderá ter o seu início.
A relação eterna entre o Mestre e o discípulo possui relevância somente no caso de um Mestre realizado. Se o Mestre não é completamente realizado, então está só enganando o discípulo. Há muitos Mestres que não realizaram Deus e ainda assim dizem, “Oh, nós temos uma eterna conexão. Tomarei conta de você, mesmo após eu ter deixado o meu corpo.” Quando esse tipo de Mestre deixa o corpo, o discípulo poderá chamar por seu Mestre constantemente, mas não obterá resposta. Mesmo no plano físico esse tipo de Mestre é sem utilidade. Ele só pode fazer falsas promessas.
O principal objetivo da iniciação é trazer a alma à tona. Se não há iniciação, a purificação do corpo, do vital, da mente e do coração nunca poderá ser completa. Se não há iniciação, a Meta altíssima nunca poderá ser realizada. Os que são próximos de mim sentiram o real florescimento de suas iniciações no momento que, do fundo do coração, dedicaram ao Supremo em mim suas vidas por completo – corpo, vital, mente, coração e alma. Esse florescimento da iniciação é verdadeiramente mais do que iniciação. É a revelação da própria divindade interior dos discípulos. Nesse momento, eles sentem que eles e seu Guru se tornaram totalmente um. Sentem que seu Guru não possui existência sem eles e que eles não têm existência sem seu Guru. O Guru e o discípulo se completam mutuamente e sentem que essa satisfação vem diretamente do Supremo. E o maior segredo que o discípulo aprende do Guru é que somente satisfazendo o Supremo primeiro pode ele trazer plenitude ao resto do mundo.
Como pode o Guru satisfazer ao Supremo? O Guru faz a sua parte assumindo a ignorância, imperfeição, obscuridade, impureza e indisposição do discípulo, conduzindo-as com fé e devotadamente ao Supremo. O discípulo satisfaz ao Supremo permanecendo constantemente no barco do Guru e no mais profundo recesso do coração dele, sentindo que existe somente para a satisfação divina de seu Mestre. Satisfazê-lo, manifestá-lo: essa é a única razão, o único propósito, o único significado da vida do discípulo.
*
O Guru não é o corpo. O Guru é a revelação e manifestação de um Poder divino sobre a terra.
*
Encontrar Deus sem um intermediário
Pode não ser impossível,
Mas é certamente a mais ambiciosa
Empreitada montanha-escalada.
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Você recebeu alguma ajuda para aprender o alfabeto? Requisitou um professor para ajudá-lo a aprimorar-se em seu instrumento musical? Recebeu instrução para capacitar-se a receber o seu diploma? Se precisou de quem o ajudasse a fazer essas coisas, também não necessitará de um professor que possa guiá-lo no conhecimento do Divino – a sabedoria do Infinito? Esse professor é o seu Guru e ninguém mais.
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O Guru e o discípulo devem se testar docemente, seriamente e perfeitamente antes da aceitação mútua. De outro modo, se errarem na escolha, o Guru terá de dançar com o fracasso e o discípulo com a perdição.
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O que significa a aceitação do discípulo por um Guru? Significa que o Guru viverá alegremente no mundo de dourado sacrifício.
*
A suprema iniciação é quando o Mestre diz ao discípulo, “Tome o que eu tenho”, e o discípulo diz ao Mestre, “Tome a mim como eu sou.”
Aos que tiverem interesse, há um outro livro, muito inspirador, da Elizabeth Haich, chamado Iniciação (Initiation).