O Atthaka é uma compilação dentre as mais antigas do budismo, passada oralmente por séculos, por fim escritas para benefício dos buscadores.
O Atthaka se chama de livro das oitavas porque a maior parte dos seus 16 textos possui oito frases. Como de costume na literatura budista, os temas abordados são frequentemente a busca pelo eu verdadeiro, a irrealidade do exterior, a falta de valor das conclusões e do ego, a pureza no caminhar e agir e a vida de disciplina.
(Vale lembrar que, assim como o Dhammapada, o Atthaka se foca no Jñana Yoga budista, e que buscadores de outros caminhos poderão sentir que há outras possibilidades na vida espiritual além da renúncia e abstinência (vejam mais no artigo sobre o livro Dhammapada) que levam ao Nirvana, pois há outras metas de iluminação que são paralelas ao Nirvana do Buda.)
Abaixo, tento resumir em uma frase, com minhas palavras e numa leitura superficial e pessoal, a mensagem que me inspirou cada um dos dezesseis textos do Atthaka.
Meu resumo do Atthaka
Liberte-se das paixões e seja feliz por não depender delas
Salve-se dos seus desejos e torne-se imperturbável.
Não dê atenção a conversas, sejam boas ou ruins. Equânime, mantenha-se acima dos rótulos.
Não se adquire pureza com conceitos – é necessário praticar o dhamma/dharma.
Não tenha preconceitos, seja “bom” ou “ruim”, não valorize uma disciplina espiritual ou religião sobre a outra e enxergará mais facilmente a verdade.
A vida é curta, então flutue como um lótus no pântano, pois não vale apena cobiçar ou desejar, para, alcançando o objeto, repudiá-lo.
O sábio deve ater-se rigorosamente à abstinência da sensualidade e luxúria. “Deve ir sempre só em suas peregrinações, pois que este é o tipo de vida que enobrece.”
Não desperdice energia discutindo e comparando ideias e filosofias. Melhor é ser contente, sem combater.
Alcança a pureza aquele que não se deixa iludir pelas aparências, pelo que dizem as pessoas comuns e pensam as demais. “Os pensamentos tentadores, que evocam desejos e luxúria, jamais conseguiram despertar em mim o menor desejo que seja pelas relações sexuais. Que é, afinal de contas, esta bela filha que tendes, senão um saco de excrementos? Eu não a tocaria nem mesmo com o pé.” – Buda
Perfeito é aquele que conseguiu vencer o desejo – não tem filhos, fado, terras, capital, ressentimento, tempo, classe e nem seus próprios pensamentos do passado o afetam.
A discórdia entre os homens vem das paixões pessoais. As paixões vêm do desejo. O desejo vem da noção de “agradável” e “desagradável”. A ilusão é consequência da percepção.
Não existe verdade que possa ser obtida por meio sensorial. “Abstei-vos, por isso, de toda e qualquer teorização, com suas inevitáveis disputas.”
Deixe de ver nome e forma, sendo liberto dos conceitos baseados nas coisas vistas e ouvidas, e será tranquilo, transcendendo tanto o tempo quanto a abstinência.
O indivíduo que alcançou disciplina e se libertou das coisas do mundo não deve mais pensar em termos de “eu”. Trate cada um de si, não se queixe nos períodos de adversidade, nem anseie pela mudança de circunstâncias que não tema. Não acumule alimento, bebida ou roupas, e não se mostre ansioso por não obtê-los.
“Vi homens debatendo-se como os peixes de um lago que está secando, atrapalhando-se uns aos outros. Oprimido pelo horror, vergou-se-me o corpo. Percebi que o mundo todo carece de substância e que a desintegração é a regra.”
Aos indivíduos reclusos, que não se perturbem por perigos, argumentos sutis, fome, doença, frio ou calor, falta de lar, mostrem cordialidade a todos, afastem a cólera e orgulho, empreguem o tempo ordenadamente, sem desperdiça-lo na ociosidade, assim ficando sempre em plena vigilância e seguros de si. “Conseguindo manter-se equânime, solucionará todas as dúvidas e todos os problemas da sua mente. Assim falou o Buda.”
Mas, dia e noite, o Iluminado sempre brilha, tudo iluminando.
– trecho do Dhammapada
Dhammapada significa o Caminho da Verdade, sendo uma antologia de 423 ensinamentos, dentre os ensinamentos tradicionais do budismo. Buda vem da palavra que significa desperto, consciente, ciente, visão e sabedoria. Siddharta Gautama alcançou tal estado e por isso é conhecido como Buda, sendo que há outros Mestres realizados que poderiam ter tal título, mas, em geral esse termo só é usado no budismo, e por isso onde ele é chamado de “O Buda”, sendo o foco das práticas budistas.
Uma parte dele é destinado à conduta de monges no caminho.
Logo abaixo deixei alguns trechos do livro. Após, comentários sobre as diferentes escolas filosóficas.
Trechos do Dhammapada
Brilha o sol durante o dia,
À noite brilha a lua;
Brilha o guerreiro na sua armadura,
Brilha o sábio na sua meditação;
Mas, dia e noite, o Iluminado sempre brilha, tudo iluminando.
Os sábios dizem que correntes de ferro, madeira ou corda, não são fortes. Mas a paixão e o anseio por jóias e ornamentos, crianças e mulheres – isso, dizem, é uma corrente bem mais forte e que, embora aparentemente solta, é difícil de tirar. Esta também os sábios cortam. Sem saudade alguma, abandonando o prazer sensual, renunciam ao mundo.
Se falamos ou agimos com a mente lúcida, a felicidade nos acompanha tal como a sombra segue o corpo do qual se projeta.
Tudo o que somos hoje é resultado do que temos pensado. O que hoje pensamos determina o que seremos amanhã. Nossa vida é criação de nossa mente.
Com energia e diligência,
com domínio e autocontrole,
façam os sábios uma ilha
que as enchentes não possam inundar.
Os tolos e ignorantes
se entregam à negligência,
mas os sábios preservam a diligência
como o seu maior tesouro.
Começa por te estabelecer a ti mesmo no Caminho, só então poderás instruir os outros. Assim o sábio evita censuras.
Amigável entre os hostis,
pacífico entre os violentos,
desapegado entre os apegados:
esse é o verdadeiro brâmane.
Percebendo claramente o Caminho, não negligencies; continua nele, vigilante, mesmo que de grande valor te pareçam outras vias.
Seja o seu próprio protetor,
seja o seu próprio refúgio.
Assim controle a si mesmo
tal como um mercador a sua preciosa montaria.
Melhor não praticar uma ação prejudicial
pois uma ação condenável atormentará mais tarde.
Melhor praticar uma ação benéfica,
que praticada, não atormenta.
A falta de repetição compromete a eficácia dos mantras. A falta de conservação é a ferrugem que compromete a solidez das habitações. A falta de exercícios saudáveis é a ferrugem que compromete a beleza e a saúde do corpo. A falta de atenção é a ferrugem que compromete o vigilante
Se renunciando a uma felicidade menor se pode perceber uma felicidade maior, que o homem sábio renuncie à menor, considerando a maior.
As impurezas só aumentam para aqueles que são arrogantes e descuidados, que deixam de fazer o que deve ser feito e que fazem o que não deve ser feito.
Escola filosófica e valor dos escritos do Dhammapada para cada um
Para quem são recomendados os ensinamentos:
Na parte dos ensinamentos espirituais, o livro, como os ensinamentos das escolas budistas em geral, foca nossa atenção no desenvolvimento do Jhana, o autoconhecimento, conhecido na Índia como Jñana Yoga. Esse conhecimento é justamente não conhecer o mundo externo, considerando-o uma ilusão efêmera, mas sim compreender espontaneamente a sua própria realidade imorredoura. Não se adquire Jhana através de leituras, mas, sim, através de meditação e prática correta. Tal é a beleza dos ensinamentos!
Os ensinamentos morais são de natureza pacifista até mesmo diante de sacrifício próprio, e semelhantes com os encontrados no Novo Testamento, com as palavras do Cristo.
Para quem não se pode recomendar levar os ensinamentos ao pé da letra:
Pelo mesmo motivo, para aqueles que não se identificam com a visão de que o mundo é um ilusão, e sentem que o mundo é parte de Deus, parte da Sua criação, e que devemos agir no mundo e servir a sua realidade divina incipiente, seja através da meditação, da devoção ou da ação (Bhakti e Karma Yoga), o livro se demonstrará um pouco desolado. Isso acontece porque muito dos ensinamentos dos caminhos de Jñana Yoga (como o budismo) focam-se na irrealidade do mundo externo.
Aqueles que se identifiquem com valores morais diferentes do Dhammapada talvez se beneficiem de outras leituras, como Swami Vivekananda, Sri Aurobindo e Sri Chinmoy. Esses três Mestres viveram no século XX e dão uma postura diferente com relação à parte moral da espiritualidade. Em contraste à paciência ou resignação do Jñana yogi, há o serviço ou ação (Karma Yoga), que é uma forma de agir em benefício dos outros – na verdade, em benefício do Divino, em concordância direta com a Sua Vontade – e pode não ser, necessariamente, ações de caridade ou elogios. Em um exemplo, não se deve sacrificar cegamente suas oportunidades por outros.
(por exemplo, é necessário defender-se; a lei “quando baterem na sua face esquerda, dá a direita também”, mas para o Karma yogin, ele deve sempre agir quando preciso, pois assim alcançará o seu potencial (físico, mental, espiritual) máximo. Esse esforço em si auxiliará no progresso espiritual individual.)
No final
é isso o que mais importa:
Quão bem você amou?
Quão plenamente viveu?
Quão completamente largou?
– O Senhor Buda
Se tiver interesse em temas budistas, recomendo também o livro Atthaka.
Por Mantu Ranjan Ghose, traduzido ao inglês por Sri Chinmoy
Chinmoy traduziu uma das minhas histórias para o inglês. Era uma história sobre Mirabai e um sannyasin. Contarei a sinopse da história. Mirabai chegou em Brindavan vinda do Rajastão. Ela soube que havia um sannyasi bengali morando em Brindaban e quis muito visitá-lo. Seu nome era Haridas. Ela enviou uma mensagem para contatar Haridas e marcar uma reunião. Haridas respondeu que, sendo um sannyasi, seria impossível que ele encontrasse uma mulher, e falar com uma estaria fora de questão. Ele disse que estava praticando disciplinas espirituais rigorosas.
Quando Mirabai ouviu o que o sannyasi havia dito, ela ficou decidida a visitar o sannyasi pessoalmente. Ela foi até o lugar onde estava meditando e disse a ele: “Eu pensava que em Brindaban só havia um homem, e seu nome seria Sri Krishna. Você se diz um homem. Você pensa que é outro Krishna?”
Foi assim que Mirabai destruiu o orgulho do sannyasi.
Pergunta: É aconselhável trazer para a nossa mente consciente, coisas do nosso subconsciente?
Sri Chinmoy: Há muitas coisas na nossa mente subconsciente que não precisam nem devem vir à superfície. No subconsciente há obscuridade, impureza, negação. Essas coisas devem ser purificadas, transformadas e aperfeiçoadas dentro de nós, sem serem trazidas para a mente física ou consciente. É melhor não perturbar a mente subconsciente de forma alguma.
Pergunta: Mas a psicologia ortodoxa afirma que o subconsciente tem que ser trazido à tona e iluminado.
Sri Chinmoy: Aqui vocês cometem um erro. Se trouxerem a Luz de cima ou colocarem a luz da alma à frente, automaticamente o subconsciente será iluminado. Nesse momento, ele entrará naturalmente no plano consciente. Mas tentando trazer à tona o subconsciente, sem iluminá-lo primeiro, só criarão mais problemas para vocês mesmos.
Pergunta: Há algum método espiritual de auto-análise?
Sri Chinmoy: Não. A auto-análise psicológica, de um ponto de vista mais elevado, é errada. Na auto-análise, usamos a mente física para tentar analisar nosso subconsciente e nosso passado obscuro. Na auto-análise dizemos: “Fizemos a coisa certa” ou “Fizemos a coisa errada”. Há sempre um positivo e negativo. Mas nós temos que ir além do positivo e do negativo. Nos Upanishads, é dito que temos que aceitar a ignorância e o conhecimento e então, ir além de ambos, onde tudo é sabedoria divina. Quando adotamos a auto-análise, num momento estamos no conhecimento e no próximo, na ignorância. Estamos constantemente nos identificando com o conhecimento ou a ignorância e com nossas dúvidas mentais. Mas quando entramos numa profunda meditação espiritual, estamos acima da ignorância e do conhecimento. Apenas clamamos por Paz, Luz e Bem-aventurança infinitas.
Se o buscador ficar se examinando constantemente com a mente, será sempre puxado pelas forças negativas da mente. Como um ímã, elas nos puxarão, mesmo que, com nossa mente, estejamos tentando descartar tudo que pensamos ser errado. A dificuldade na auto-análise é que nós não usamos a luz da alma para fortalecer a nossa força de vontade. Quando alguém busca fazer a coisa certa, isso não significa que será capaz de fazer. As propensões inferiores e as forças erradas têm muito poder e este, vem na forma de tentação. Se dermos passagem à esta tentação, estaremos totalmente perdidos.
Se uma pessoa espiritual quer alcançar o reino da Paz mais elevada e da Luz infinita, aonde não há tentação, ela tem que ir além da análise mental. Tem que aspirar. No entanto, se a pessoa não aceitou a vida espiritual, é melhor para ela usar a auto-análise do que agir como um animal selvagem. Para ela será bom de alguma maneira. Se ela não usar o seu poder de auto-análise, não haverá para ela nenhuma diferença entre luz e escuridão. Mas se quiser uma maneira mais rápida e convincente de transformar a sua natureza numa natureza divina, você tem que aspirar. A aspiração é a única e maior solução para os problemas da limitação humana.
Pergunta: Os problemas podem ser resolvidos psicologicamente, através de análise, ou devem sempre ser resolvidos espiritualmente?
Sri Chinmoy: Qualquer problema, se for resolvido espiritualmente, estará resolvido completamente. Mas, se você resolver psicologicamente um problema, a solução estará toda na mente, a qual, é uma esfera muito limitada. Quando respondemos uma pergunta a partir de uma Verdade espiritual mais elevada, podemos sentir que a resposta é verdadeira e completa. Teremos a satisfação maior, apenas quando a pergunta for respondida de um ponto de vista espiritual.
Embora tendo o corpo, o vital e a mente, se resolvermos problemas das diferentes perspectivas deles, com as capacidades diferentes de cada um, as respostas não satisfarão completamente as nossas necessidades. Com a mente, podemos resolver os problemas imediatos. Mas essa solução não será permanente. O problema irá simplesmente tomar uma outra forma e virá a nós como outra dificuldade. Nós pensamos: “Eu resolvi aquele problema com a minha mente analítica.” Mas infelizmente, se formos fundo dentro de nós, veremos que aquele mesmo problema, agora tomou uma outra forma e voltou a nos atormentar. Mas uma vez resolvendo espiritualmente o problema, veremos que ele realmente se foi. E como resolvemos espiritualmente um problema? Através do nosso progresso interior, da experiência e da luz da nossa alma.
Uma vez que comecemos a ter experiências interiores verdadeiras, não haverá necessidade de resolver nenhum problema com a psicologia ou a filosofia. Psicologia, filosofia e outras maneiras mentais de explicar as coisas, são simplesmente falíveis e inúteis. Quando temos nossas próprias experiências interiores, podemos ver a verdade, com a luz da espiritualidade, que é o Alento de Deus. Antes disso, se vivemos no mundo humano, nós temos que usar a mente, temos que usar a psicologia ou nunca conseguiremos nem mesmo uma satisfação parcial. Para alívio temporário, podemos nos abrigar na mente. Mas para soluções permanentes, temos que obter a iluminação espiritual.
Pergunta: Como você traz luz para o subconsciente?
Sri Chinmoy: Você deve aspirar pela luz que irá transformar a sua natureza. Quando você traz a luz, ela automaticamente entrará no subconsciente. Apenas trazendo a luz para todo o seu organismo, é que você poderá iluminar por completo a sua escuridão interior. Revolvendo a lama e dizendo que você é isso e fez aquilo, estará somente se sujando mais. Não importa quantas horas eu fique numa sala escura, ela não se tornará uma sala iluminada. Mas, se apenas por um segundo, eu puder entrar numa sala com luz, talvez eu seja capaz de levar essa luz para a sala escura e iluminá-la. Quando medita, você bebe a luz que permeia a atmosfera. Essa luz será capaz de iluminar e purificar as coisas obscuras e impuras que existem dentro de você.
Meditação
Pergunta: Eu sou um iniciante na meditação e percebo que sou constantemente perturbado por pensamentos. Como eu posso ter sucesso na meditação?
Sri Chinmoy: Ao iniciar a sua jornada, tente permitir que apenas pensamentos divinos entrem em você, e não os não divinos. É melhor não ter nenhum pensamento durante a meditação, mas é quase impossível para o principiante não ter pensamentos na mente. Mas esse principiante está aprendendo e não será iniciante para sempre.
Como você pode ter sucesso na meditação? Tente clamar interiormente, clamar pela liberação. Quando esse clamor vier das profundezas, do Piloto Interior, Deus irá lhe ensinar a meditar. O segredo da meditação é a aspiração. A aspiração é o clamor interior. Se o clamor vier das suas profundezas, você obterá o que precisa.
Análise
Pergunta: É necessário analisar o que você faz ou isso só cria dúvida?
Sri Chinmoy: Não vamos usar o termo análise; vamos usar o termo consciência. Sempre que os seguidores do método de Gurdjieff fazem algo, eles sempre tentam atrair a própria atenção para suas ações. Quando tocam algo, tentam ficar conscientes de que estão tocando alguma coisa. Eles sempre tentam estar conscientes do que estão fazendo. Isso não cria nenhum tipo de dúvida.
Você tem que saber que quando medita devotadamente, se torna automaticamente mais consciente, sem a necessidade de analisar as coisas. Quando vê uma manga na sua frente, automaticamente, com a sua visão interior, o gosto dela virá à tona. Você não terá que senti-la, cheirá-la, descascá-la e prová-la. Esse processo lhe dará o resultado passo a passo. Mas a sua consciência espiritual irá lhe oferecer a essência real, imediatamente. Se você preferir obter o resultado passo a passo, não há nada de errado nisso. Só que isso vai colocar a mente à frente constantemente. Mas a consciência espontânea do coração e da mente lhe darão um resultado melhor e mais satisfatório.
Pergunta: Eu gostaria de saber como superar pensamentos negativos, tanto durante a meditação como durante as minhas atividades diárias.
Sri Chinmoy: A verdadeira natureza dos pensamentos negativos é roubar, consciente e deliberadamente, a riqueza que nós temos: nossa Alegria, Luz e Amor divinos. Esses são nossos tesouros, porém, a dúvida, o medo e a negatividade são verdadeiros ladrões. Algumas vezes, um ladrão entra no nosso apartamento e rouba coisas, mas somente porque nós negligenciamos e permitimos que isso aconteça. Nós podemos ser vigilantes por dez minutos por dia, durante a nossa meditação, mas, no resto do dia somos totalmente descuidados. Quando entramos nas nossas atividades diárias, não lembramos de ficar atentos aos nossos pensamentos. Nesse momento, não seremos diferentes de todas as pessoas comuns ao nosso redor, que nunca meditaram.
Você pode botar as dúvidas e os pensamentos negativos de lado, se puder constantemente lembrar da sua meditação. Após meditar, você deve tentar lembrar desses poucos minutos com a maior alegria, afeição e apreço. Deve acalentá-los como objetos de adoração. Durante todas as suas atividades comuns, tente lembrar da sua meditação devotadamente e não esqueça da necessidade de reter uma consciência espiritual ou pensamentos espirituais. Não permita que a sua mente afunde num baixo nível. Se puder manter pensamentos puros e divinos quando não estiver meditando, você terá uma força adicional quando meditar.
Qualquer momento em que a dúvida e os pensamentos negativos vierem, você tem que pará-los imediatamente com os seus pensamentos divinos. Dessa maneira, será capaz de vencer os seus pensamentos negativos. Se seus pensamentos forem puros durante todo o dia, quando meditar, a sua mente já estará pura. Mas se permitir que os seus pensamentos vagueiem no mundo da ignorância e da impureza por quatorze ou dezesseis horas por dia, como pode esperar que seus pensamentos sejam puros na hora da meditação?
Pergunta: Como iluminar a depressão?
Sri Chinmoy: Trazendo à tona a Luz de dentro de você. Quando medita na Luz, a Luz vem, seja de cima ou de dentro do coração e, com isso, vem a Alegria e a Paz divinas.
Pergunta: Qual é a participação da mente em transcender os desejos e paixões?
Sri Chinmoy: Para ser totalmente franco, a mente nunca quer vencer ou transcender os desejos. A mente já é um depósito de todos os tipos de desejos e sua porta está sempre escancarada para desejos novos. Se você quer vencer os desejos, deve usar a sua aspiração e entrar na sua alma. Se sente que a sua mente vai ter aspiração, está enganado. Concentre-se no seu coração e a partir dele, tente entrar na alma. Primeiro tente se identificar com o seu coração e ele o levará para a sua alma. Então, a luz abundante e efulgente que reside na alma, irá espontaneamente fluir dela para o coração e dele para a mente.
Quando a mente estiver iluminada por esta luz, irá perder todo o interesse nos desejos terrenos. Somente trazendo a luz da alma para a mente através do coração, você será capaz de livrá-la dos desejos.
Você precisa ir além da mente, o qual é muito difícil, ou prestar Yoda a atenção ao seu coração que aspira. O coração que aspira não é o que está próximo à região vital. O vital está próximo ao umbigo. O coração que aspira está localizado mais acima, no centro do peito. Se você não puder elevar a sua consciência de lá para o verdadeiro coração, será uma vítima constante de desejos.
Pergunta: Por que a mente não quer vencer os desejos?
Sri Chinmoy: Porque a mente física está absorvida na consciência física. Está constantemente duvidando de si e dos outros e criando confusão e incerteza por si mesma. A menos e até que ela receba a luz do coração, permanecerá na escuridão da prisão e limitação humana. Infelizmente, essa é a natureza da mente humana.
Pergunta: Como eu posso purificar a minha mente?
Sri Chinmoy: Todos os dias, tente pensar na sua mente como um receptáculo vazio. Quando lida com a mente, se ela estiver vazia, isso significa que você já fez um progresso considerável. Você jogou fora a ignorância, a preocupação, a imperfeição, a limitação e todas as coisas não divinas. Então, o que você fará? Vai preencher este receptáculo vazio com alegria, amor, pureza e todas as qualidades divinas.
Você quer purificar a sua mente. Vai encontrar pureza abundante dentro do coração e da alma. É muito difícil para as pessoas sentirem a alma,mas não é difícil sentir a presença do coração. Quando puder sentir essa presença, mais uma vez você fez progresso. Logo, todo dia medite no coração e tente sentir que ele é composto de nada além do que a pureza. Uma vez que se sinta absolutamente certo de que o seu coração é feito de pureza, todos os dias pegue um pouquinho dela e derrame no receptáculo vazio que é a sua mente.
Outra coisa que pode fazer, é pensar na mente como uma cesta vazia. Tente sentir dentro do seu coração, uma árvore de pureza desabrochando. Todo dia, colha uma flor-pureza da árvore-coração e coloque-a dentro da cesta-mente.
Gradualmente, a cesta se encherá até a borda e a mente será preenchida com o aroma de inumeráveis flores-pureza.
Pergunta: Como podemos manter a mente pura quando não estivermos nos concentrando ou meditando?
Sri Chinmoy: A melhor coisa que pode fazer é aprender algumas canções espirituais e cantá-las para si mesmo em silêncio enquanto estiver trabalhando ou dirigindo ou fazendo qualquer coisa que não exija concentração mental. Enquanto estiver cantando em silêncio, a sua mente estará sendo purificada porque a sua alma virá à tona. Quando você cantar, tente sentir que o Supremo está ouvindo. De outra forma, o canto será um mero hábito mecânico. Então, sinta que há um ouvinte – não um ouvinte humano, mas o Próprio Supremo – ouvindo dentro do seu coração. Quando sentir que tem um ouvinte divino, obterá mais inspiração; será sobrecarregado com inspiração ilimitada e alegria interior sem fim. Quando sentir a presença do Supremo no seu coração, Ele o abençoará com a maior alegria e orgulho. Ele fará tudo para transformar, purificar,iluminar e liberar a sua mente.
*A abelha trabalhadora não tem tempo para tristezas.
*O coração é a capital da mente. A mente é um simples estado. Juntos, o coração e a mente fazem um único continente. O Um é a população suficientemente numerosa nessa nação estática, que busca a si mesma.
*Quem não encontrou o Paraíso-abaixo, fracassará em encontrá-lo acima. Pois Anjos alugaram a Casa ao lado da nossa, onde quer que nos mudemos. Sem nos curvar, não há crescimento.
Comece com o sentimento de que você é a alma e o coração. Então confronte o vital, o físico e a mente com o seu divino poder de luz. Tudo que temos, entreguemos à luz da alma e do coração, já que eles estão em comunhão com o Absoluto mais Elevado.
Pergunta: Você poderia, por favor, explicar os níveis da mente em relação à entrega?
Sri Chinmoy: Nós começamos com a mente física, que é a mais inferior. Na mente física tudo é obscuridade, impureza, imperfeição, prisão, ignorância e limitação. Um pouco mais elevada é a mente intelectual, que lida com as abstrações e pensamentos mais sofisticados. Dúvida, confusão e contradição reinam nela. Depois vem a mente vazia. A essência das ideias sem forma pode ser percebida aqui. Mas o pensamento não pode se tornar visível nessa mente. Portanto, não existe a oportunidade dele ser assimilado e transformado. Depois vem a mente calma. Ela é como uma expansão do mar. Pensamentos errados podem entrar aí, mas não podem crescer na mente calma. Se pensamentos ruins entrarem, eles serão assimilados como bons pensamentos e força de vontade divina. Então vem a mente superior. Na mente superior os pensamentos são elevados, construtivos, sutis e progressivos. Depois vem a mente interior. Na mente interior, o conhecimento do pensamento criativo e a sabedoria da luz interior brincam juntos. Vem depois a mente intuitiva. A mente intuitiva é a mente-Visão. Dela obtemos a revelação criativa e dinâmica, mas não na forma dos pensamentos como conhecemos nas mentes física e intelectual. E vem a supramente, onde a criação começa. Nela não há multiplicidade nem diversidade, mas um fluxo de unicidade. Tudo na supramente é um, inteiro, completo.
Esses são os aspectos da mente. Todos os níveis da mente têm que se render à Vontade do Supremo. Infelizmente, eles não se entregam juntos. A mente física grosseira não pode ser uma com a supramente, logo, elas não se entregam juntas. Não é possível. Alunos do jardim-de-infância estudam de acordo com a sua capacidade, enquanto que universitários estudam num nível muito superior. Cada nível da mente tem que se entregar ao Supremo individualmente. Não podem fazer isso simultaneamente porque seu nível é totalmente diferente. Mas, cedo ou tarde, todos têm que se render para que a Deus-realização aconteça.
Pergunta: Algumas pessoas dizem que devemos sempre ouvir a voz da razão. Você pode comentar isso?
Sri Chinmoy: No início, muitas coisas podem nos ajudar, porém mais tarde, elas podem se tornar obstáculos. O desejo foi um auxiliador quando nos retirou do mundo da letargia. Mas ele se torna um obstáculo quando queremos entrar no mundo da espiritualidade. Desenvolver a mente racional é necessário para aqueles que não têm nenhum cérebro, que não são capazes de acessar nenhuma verdade, que são só um pouco melhores do que os animais, em compreensão. Mas uma vez que tenhamos alguma capacidade mental, devemos começar a transcender a nossa servidão à mente, invocando a Graça, a Paz e a Luz de cima, para iluminá-la. Nós temos que ir mais longe, mais elevada e mais profundamente do que o mundo da razão, muito além da mente racional ou intelectual. A mente racional tem que ser transformada num instrumento dedicado do Supremo.
A mente racional é realmente um obstáculo para um aspirante. Usar a mente se torna uma limitação porque ela não pode acessar o Infinito. Se vivermos na mente, iremos constantemente tentar circunscrever a Verdade; nunca seremos capazes de ver a Verdade em sua própria forma. Somente se vivermos na alma é que seremos capazes de abraçar a Verdade como um todo. Além da razão está a Verdade. Além das limitações da mente racional, estão a Verdade, a Realidade e a Infinidade. A razão possui uma Luz muito limitada, enquanto que aquilo que queremos e precisamos tem Luz infinita. Quando a Luz infinita alvorece, a razão é quebrada em pedaços.
Pergunta: Como eu posso trazer de volta para a minha memória consciente coisas que aprendi certa vez, mas agora esqueci – como meu conhecimento médico?
Sri Chinmoy: Esqueçamos o passado, pensemos agora no presente. O que você deve fazer quando estuda alguma coisa? Ao invés de ler uma página linha por linha e palavra por palavra, você deve olhar para a página toda de uma só vez. Olhe para a página com os seus olhos abertos e não leia nenhuma palavra que está escrita lá. De preferência, tente trazer o conhecimento, a sabedoria, a informação que a página quer oferecer para o seu ser, a sua existência, o seu coração. Uma vez que o seu coração tenha aceitado esse conhecimento, ele se torna natural para você e será então, muito mais fácil aprendê-lo com a mente.
Quando estuda palavra por palavra ou frase por frase com a mente, você obterá a informação mas, quando quiser aprender algo permanentemente, tem que aprender com o coração. Tem que se abrir como se fosse um recipiente vazio e permitir que o conhecimento entre e se torne parte de você. No momento em que o coração aceita alguma coisa, ele sente como sendo seu. Quando algo é verdadeiramente seu, você não perde, porque lhe dá total importância. Mas alguma coisa que tenha pego emprestado de alguém ou de algum lugar, você não estará apto a guardar para sempre. Quando a mente obtém algo do mundo, sente que a coisa lhe trouxe alguma substância estranha. Então virá um dia, em que irá descartá-la, porque tem mais alegria em conseguir ideias e pensamentos novos. A mente é como uma criança; tão logo recebe um brinquedo novo, joga fora o velho, porque sente que o novo é mais bonito. O coração também clama por novas ideias, conhecimento e sabedoria, mas ele não descarta as coisas que já conquistou. Para o coração, as coisas que ele já possui e acalenta e as que ele quer possuir, têm a mesma importância.
Logo, quando ler ou pensar em algo, ao invés de usar a mente para examinar ou pegar ideia por ideia, tente tornar o seu coração um recipiente vazio. Olhe para a página como se fosse devorá-la com o coração. O coração possui tudo permanentemente; a mente possui por um momento e então joga fora, clamando por algo mais. A mente é muito limitada, mas o coração é o lar do Infinito. O mundo inteiro pode ficar dentro do nosso coração, mas não da nossa mente. Tente trazer o que quer para o seu coração e lá, vai possuir, seja o que for. Uma vez que ele possua, você nunca poderá esquecer. A coisa é sua. O que você tem no seu quarto limpo e arrumado, não poderá perder, porque a qualquer momento pode olhar e ver o que quiser.
Pergunta: Os problemas sempre podem ser resolvidos psicologicamente através de análise ou isso deve ser sempre feito espiritualmente?
Sri Chinmoy: Qualquer problema, se for resolvido espiritualmente, estará completamente solucionado. Mas se você resolver um problema psicologicamente, a solução fica toda na mente, que é uma esfera muito limitada. Quando respondemos uma pergunta a partir de uma Verdade espiritual mais elevada, podemos sentir que a resposta é verdadeira e completa. Obteremos a maior satisfação apenas quando a pergunta for respondida de um ponto de vista espiritual.
Embora tenhamos o corpo, o vital e a mente, se resolvermos os problemas a partir dessas perspectivas diferentes com as diferentes capacidades da mente, do vital ou do corpo, as respostas não satisfarão completamente as nossas necessidades. Com a mente resolvemos o problema imediato. Mas essa solução não será permanente. O problema simplesmente tomará outra forma e virá a nós como uma outra dificuldade. Nós pensamos: “Eu resolvi aquele problema com a minha mente analítica”, mas infelizmente, se formos profundamente dentro de nós, veremos que aquele mesmo problema, agora tomou uma outra forma e voltou a nos atormentar. Mas uma vez resolvamos o problema espiritualmente, veremos que ele realmente se foi. E como resolver um problema espiritualmente? Através do nosso progresso interior, da experiência e da luz da nossa alma.
Pergunta: Você poderia nos dizer o que é o Cristo?
Sri Chinmoy: Cristo é a infinita Consciência da Realidade Eterna. Cristo como o homem físico, o filho de um carpinteiro, ficou na terra por trinta e três anos. Mas se você se importar com o espiritual, o divino, o imortal, dirá que Cristo é infinito, eterno, imortal. Há dois mil anos atrás o Cristo veio em forma física, mas agora mesmo Ele está conosco na forma espiritual e ficará para sempre conosco. Para buscadores espirituais, Ele estará sempre dentro dos seus corações. Para pessoas comuns, mesmo que Ele venha e se coloque na frente delas, elas ainda duvidarão Dele.
Pergunta: Cristo foi um avatar?
Sri Chinmoy: Na força da minha própria realização mais elevada, quero dizer que Cristo foi, é e sempre será um avatar. Avatar significa o representante direto de Deus – Deus na forma humana. Um avatar incorpora a Visão e a Realidade de Deus de uma sé vez. Com ele, a Visão e a Realidade caminham juntas. Cristo, Sri Krishna, Buda, Sri Ramakrishna, vieram todos da mesma Fonte, mas tiveram nomes diferentes. Nesse momento, eu O chamo Krishna porque gosto da forma de Krishna; no momento seguinte, eu gosto da forma de Buda, então O chamo Buda; depois posso chamá-Lo de Ramakrishna ou Cristo. Mas eles todos são eternamente um.
Maya, a ilusão ou esquecimento, faz você sentir que é finito, fraco, desamparado. Isso não é verdade. Você não é o corpo.
Você não é os sentidos. Você não é a mente. Eles são todos limitados.
Você é a alma, que é ilimitada. Sua alma é infinitamente poderosa.
Sua alma desafia o espaço e tempo.
– Sri Chinmoy
Pergunta: Como eu posso ver a Luz da minha alma?
Sri Chinmoy: Você tem que sentir que não é o corpo, nem o vital, nem a mente, nem o coração, mas que é a própria alma. Para ter essa experiência, tem que sentir que precisa de Deus e Ele de você. Você precisa de Deus para elevar a sua consciência o máximo possível – alto, mais alto, altíssimo. Deus precisa de você para manifestar-Se em e através de você aqui na terra.
Pergunta: O que impede a alma de manifestar a sua divindade?
Sri Chinmoy: A alma acha difícil manifestar a sua divindade, quando o físico, o vital, a mente e o coração não estão cooperando com ela. A alma tem Paz, Luz e Bem-aventurança infinitas e tem a potencialidade e a capacidade de manifestar a Luz do Supremo. Mas se o corpo, o vital, a mente e o coração conscientemente se recusam a aceitar a Luz da alma, a sua missão será temporariamente atrasada. Mas por fim, todos os membros desregrados da família serão capazes de se render à Luz da alma. Nós podemos acelerar esse acontecimento, ao tentarmos conscientemente nos tornar um com a Paz, Luz e Bem-aventurança da alma, através de nossas orações e meditações.
…Na vida espiritual estamos procurando por uma península espiritual. A península é o Amor, a Devoção e a Entrega – Amor Divino, Devoção Divina e Entrega Divina. O amor humano prende; O Amor Divino expande. A devoção humana é o nosso apego inconsciente; a Devoção Divina é o nosso conhecimento consciente da nossa realidade maior. A entrega humana é a entrega do escravo ao seu mestre; a Entrega Divina é a entrega do finito ao Infinito. Essa entrega é consciente, de coração e incondicional e permite que o ser humano realize a sua Fonte, Deus.
Pergunta: A Bem-aventurança pode ser experienciada pelo homem na terra?
Sri Chinmoy: Certamente, mas não por um homem comum. Ela pode ser experienciada por homens espirituais, que sabem que Deus é a única Realidade e que tentam experienciar Deus em e através de tudo. Um buscador da Verdade mais elevada e absoluta, é capaz de viver a Bem-aventurança com o passar do tempo, quando chega a Hora-Deus. A Bem-aventurança pode facilmente ser vivida, mas é necessária uma verdadeira preparação para essa experiência. De outra forma, muitas vezes podemos confundir a Bem-aventurança com o prazer. Quando temos Bem-aventurança verdadeira, recebemos uma sensação interior dentro do nosso coração, um tipo de ápice estático dentro dele.
Pergunta: Qual é especificamente o propósito da minha vida aqui na terra?
Sri Chinmoy: Especificamente, o propósito da sua vida aqui na terra é oferecer ao Supremo o que você pensa que é – um mar de ignorância – e receber Dele o que Ele sabe que você é – um mar de luz e deleite.
Pergunta: Como eu posso manifestar melhor o Supremo?
Sri Chinmoy: Você pode manifestá-Lo melhor sentindo constantemente no plano físico que é desamparado e inútil sem Ele, pois, o Supremo fica insatisfeito e incompleto, até que tenha Se manifestado em e através de você no plano espiritual.
Pergunta: Qual é a Verdade mais elevada?
Sri Chinmoy: A Verdade mais elevada é que o homem e Deus são eternamente um e inseparáveis, embora nesse momento, o homem seja um Deus não realizado e Deus seja um homem incompleto e não manifestado.
Pergunta: Como a vida pode se tornar mais verdadeira?
Sri Chinmoy: A vida pode não apenas se tornar mais verdadeira, mas a única realidade, se a considerarmos como incorporação de Deus, o Jogador Eterno.
Nunca será tarde para amar meus irmãos e irmãs – a humanidade – no meu Amado Supremo.
Nunca será tarde para que eu diga ao meu doce Senhor que eu existo somente para Ele. Vê-Lo cara a cara, a Ele amar, servir e satisfazer, pois para isso eu vi a luz do dia.
Nunca será tarde para aprender o que eu realmente sou no mundo interior e para desaprender o que eu realmente não sou no mundo exterior.
Nós estabelecemos uma meta de acordo com a nossa própria percepção interior e essa meta será alcançada. Mas pelo fato de termos estabelecido a nossa meta de acordo com a nossa própria imagem interior, nós não ficaremos satisfeitos; ficaremos frustrados. Mas a todo momento, quando orarmos, nos concentrarmos, meditarmos e contemplarmos, se pudermos manter à frente a nossa promessa devotada ao nosso Amado Supremo e, se pudermos manter a nossa certeza interior, então, poderemos e iremos satisfazer essa promessa – a Ele agradar à Sua própria maneira, para isso nós vimos a luz do dia. Só assim, nossa oração, concentração, meditação e contemplação terão um valor, um significado e uma satisfação verdadeiros.
Oh coração problemático, oh coração problemático,
Não seja assim.
Deus vai definitivamente curá-lo,
Curar suas dores,
Seus sofrimentos,
Pois você é Seu divino instrumento escolhido.
Para agradá-Lo em Seu sonho,
Satisfazê-Lo em Seu esquema sem fim,
Você viu a luz do dia.
Deus está sempre pronto a estar com você
Em Seus infinitos sol-deleite,
Lua-brilhante e raio ilimitado.
Agora
Estamos sempre dispostos a dizer que não é muito tarde para fazer alguma coisa, mas falamos que não é muito cedo para fazer algo? Não é muito cedo para fazer qualquer coisa na vida. Não é muito cedo para rezar nas primeiras horas da manhã. Não é muito cedo para realizar Deus. Não é muito cedo para revelá-Lo. Não é muito cedo para manifestá-Lo. O quão cedo realizarmos Deus, revelarmos Deus e manifestarmos Deus, mais cedo teremos um novo começo, apontando para uma meta mais elevada, mais iluminada e mais satisfatória.
Na vida espiritual não há tal coisa como, cedo. Esse momento, o Agora eterno, é o único salvador, único libertador e único preenchedor. Levantar de manhã cedo, às três da manhã, é uma tarefa difícil. Mas se você disser que é muito cedo, então eu direi que está enganado. Você está enganado, porque o que chama de cedo ou tarde, é decidido pela sua mente. É uma descoberta da sua mente, de que três da manhã é cedo e seis da manhã é tarde. É a mente que lhe diz que três da manhã é muito cedo e oito da manhã é muito tarde.
Se for além da mente, não haverá tal coisa como cedo ou tarde. Haverá apenas uma hora, que é a Hora de Deus. E onde está a Hora de Deus? Está dentro do Agora. O que é o Agora? O Agora é Deus-a Preparação, Deus-a Aspiração, Deus-a Evolução e Deus-a Perfeição sempre-transcendente.