2019 – 01 – Aulas de meditação em SP
A próxima série de aulas de meditação no Brasil será em São Paulo, em janeiro de 2019.
Para saber mais, acesse a página de contato.
A próxima série de aulas de meditação no Brasil será em São Paulo, em janeiro de 2019.
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por Patanga Cordeiro, baseado nos escritos de Sri Chinmoy
Inspirado por meus colegas de trabalho, fiz uma lista pequena de atividades para você fazer e que, espero, faça se sentir melhor e mais feliz em alguns aspectos. Segue:
Fazendo isso, provavelmente perceberemos uma mudança leve na forma com que olhamos as coisas – o que é mais importante, o que é menos importante, coisas do dia a dia que gastam muito tempo e são desnecessárias, coisas que são importantes e gostaríamos de fazer mais, etc.
A partir daí, podemos continuar, mudar, aumentar, etc o programa de acordo com o que sentimos necessário para si.
Leia o texto abaixo logo mais, do livro Água Viva, de Clarice Lispector.
Parece que a escritora teve uma experiência transformadora, algo que acontece com buscadores conscientes e inconscientes do fato da sua busca. Leia mais sobre o despertar interior:
Agora – silêncio e leve espanto.
Porque às cinco da madrugada de hoje, 25 de julho, caí em estado de
graça.
Foi uma sensação súbita, mas suavíssima. A luminosidade sorria no ar:
exatamente isto. Era um suspiro do mundo. Não sei explicar assim como não se
sabe contar sobre a aurora a um cego.
É indizível o que me aconteceu em forma
de sentir: preciso depressa de tua empatia. Sinta comigo. Era uma felicidade
suprema.
Mas se você já conheceu o estado de graça reconhecerá o que vou dizer.
Não me refiro à inspiração, que é uma graça especial que tantas vezes acontece
aos que lidam com arte.
O estado de graça de que falo
não é usado para nada. é como se viesse
apenas para que se soubesse que realmente se existe e existe o mundo. Nesse
estado, além da tranqüila felicidade que
se irradia de pessoas e coisas, há uma
lucidez que só chamo de leve porque na
graça tudo é tão leve. É uma lucidez de
quem não precisa mais adivinhar: sem esforço, sabe. Apenas isto: sabe. Não me
pergunte o quê, porque só posso responder do mesmo modo: sabe-se.
E há uma bem-aventurança física que a nada se compara. O corpo se
transforma em um dom. E se sente
que é um dom porque se está se
experimentando, em fonte direta, a dádiva de repente indubitável de existir
milagrosamente e materialmente.
Tudo ganha uma espécie de nimbo que não é imaginário: vem do esplendor
da irradiação matemática das coisas e da lembrança de pessoas. Passa-se a
sentir que tudo que existe respira e exala um finíssimo esplendor de energia. A
verdade do mundo, porém, é impalpável.
Não é nem de longe o que mal imagino deve ser o estado de graça dos
santos. Este estado jamais
conheci e nem sequer consigo adivinhá-lo. É apenas
a graça de uma pessoa comum que a torna de súbito
real porque é comum e
humana e reconhecível.
As descobertas nesse sentido são indizíveis e incomunicáveis. E
impensáveis. É por isso que na graça eu
me mantive sentada, quieta, silenciosa.
É como em uma anunciação. Não sendo porém precedida por anjos. Mas é como
se o anjo da vida viesse me anunciar o mundo.
Depois lentamente saí. Não como se estivesse estado em transe – não há
nenhum transe – sai-se devagar, com
um suspiro de quem teve tudo como o
tudo que é. Também já é um suspiro de saudade. pois tendo experimentado
ganhar um corpo e uma alma, quer-se mais
e mais. Inútil querer: só vem quando
quer e espontaneamente.
Essa felicidade eu quis tornar
eterna por intermédio da objetivação da
palavra. fui logo depois procurar no dicionário a palavra beatitude que detesto
como palavra e vi que quer dizer gozo da
alma. Fala em felicidade tranqüila – eu
chamaria porém de transporte ou de
levitação. Também não gosto da
continuação no dicionário que dia:
“de quem se absorve em contemplação
mística”. Não é verdade: eu não estava
de modo algum em meditação, não houve
em mim nenhuma religiosidade. Tinha acabado de tomar café e estava
simplesmente vivendo ali sentada com
um cigarro queimando-se no cinzeiro.
Vi quando começou e me tomou. E vi quando foi se desvanecendo e
terminou. Não estou mentindo. Não tinha tomado nenhuma droga e não foi
alucinação. Eu sabia quem era
eu e quem eram os outros.
Mas agora quero ver se consigo prender o que me
aconteceu usando
palavras. Ao usá-las estarei destruindo um pouco o que senti – mas é fatal. Vou chamar o que se segue de
“À margem da beatitude”
Em São Paulo, no início de dezembro, ocorrerá o próximo curso gratuito de meditação.
por Patanga Cordeiro
Poderíamos definir filosofia de muitas formas. Por que só uma estaria certa? Segundo Sri Chinmoy, a filosofia pode ser vista como um grau de verdade. Podemos utilizar essa verdade relativa como um trampolim para uma verdade ainda mais elevada. Assim, a filosofia também nos inspira a agir – corretamente, espiritualmente, na prática, com aplicação diária. Por isso fizemos um curso gratuito para quem quer “filosofar” e agir ao mesmo tempo.
Também é possível fazer o download gratuito do vídeo com o curso de filosofia
Montamos um minicurso gratuito de 3h com Sri Chinmoy, onde você poderá absorver palavras de sabedoria que tem cunho prático e já aplicá-las na sua vida cotidiana.
O curso aborda diversos aspectos do ser humano moderno, desde a diferença entre o bem e o mal, passando pelo papel do corpo físico e dos esportes (os filósofos gregos eram atletas também!), arte, amor e as emoções de um aspecto mais elevado, o papel das organizações que existem no mundo (como a ONU), morte e reencarnação, oração e meditação e mais.
Abaixo deixamos algumas perguntas interessantes sobre a filosofia.
Pergunta: como podemos fazer a filosofia espiritual ser uma realidade vivente em nossas vidas?
Sri Chinmoy: A única forma da filosofia se tornar uma realidade vivente é através da oração e meditação. Ao praticar oração e meditação, ao tentar manter um contato direto, imediato com o Piloto Interior, é que uma pessoa pode transformar a filosofia espiritual numa realidade vivente.
Você sente que os ocidentais conseguem compreender a filosofia oriental?
Sri Chinmoy: Alguns a entendem perfeitamente. Aqueles que não possuem interesse em compreendê-la devem sofrer em sua falta de compreensão. A mente ocidental acha difícil compreender a filosofia ocidental porque, no oriente, a filosofia não é separada da verdadeira vida espiritual e yoga. No ocidente, é diferente. Aqui diz-se: “Isso é religião. Isto é filosofia. Aquilo é vida. São coisas diferentes.” Na Índia, a espiritualidade possui o mais complete direito de chamar-se de filosofia, e a filosofia de chamar-se de espiritualidade. Ambas estão entrelaçadas.
Se você ensina algo sobre Deus, isso é religião, e não filosofia. Filosofia não reconhece Deus.
Sri Chinmoy: Esse é um conceito errado da filosofia ocidental. Toda a filosofia indiana, as escrituras védicas, começam com Deus, Brahman, o Infinito, o Supremo inigualável. A filosofia indiana começa com os Vedas, os Upanishads, o Bhagavad Gita e outros escritos. A filosofia indiana moderna, também, começa e termina com Deus.
De Sri Chinmoy, Philosophy: wisdom-chariot of the mind, Agni Press, 1999
Question: Is philosophy a waste of time?
Sri Chinmoy: No, no, no! Philosophy has its own significance. To study philosophy is not a waste of time. Philosophy gives us the message of another world, a higher world. This is of paramount importance. Philosophy’s contribution can never be questioned. It is something substantial.
Question: Is there any consolation in philosophy?
Sri Chinmoy: Philosophy does have consolation-power deep inside it. When people suffer from the injustices and other shortcomings of the world, at that time philosophy can offer consolation. Philosophy will tell us: “This suffering is unimportant. God’s Light from Above is all we need; we do not need anything else.” In this way, philosophy can console people who are in the philosophical world.
Question: How can I better live the philosophy that you have already put forward?
Sri Chinmoy: Love, devotion and surrender is my philosophy. If you ask how you can better live it, then I will say, “Just do it.” There is no other way. It is only by practising and practising that you can better live our philosophy.
Question: Is there a danger of getting lost in philosophy?
Sri Chinmoy: Yes, there is a great danger of getting lost in philosophy. Many, many people have lost their spirituality by being too much involved in the mental jugglery of philosophy.
Question: Is philosophy really a degree of truth or is there something more?
Sri Chinmoy: Everything is a degree of truth. Such being the case, philosophy is also a degree of truth. The truth that philosophy embodies may be earth-bound; again, this truth may be Heaven-free. When philosophy gives us the message of renunciation, when it tells us to go beyond, then it becomes something more.
Question: What is the best philosophy for a spiritual seeker?
Sri Chinmoy: For a spiritual seeker, the best philosophy is always to abide by God’s Will. Whatever the seeker feels from within as God’s Will, he has to obey.
Question: Can the study of philosophy also promote spiritual progress?
Sri Chinmoy: The real inner progress, the heart’s progress, does not depend on the study of philosophy. Philosophy encourages us or stimulates us, but the real inner progress, love of God or implicit faith in God, philosophy does not or cannot supply us with. For that, spirituality must come into being. So philosophy as such cannot bring about spiritual progress because real spirituality is far beyond the domain of philosophy.
Estava assistindo um filme chamado Victoria e Abdul: O Conselheiro da Rainha, que é baseado em fatos reais, se passa em 1887, onde dois jovens indianos são escolhidos para viajar até a Inglaterra para presentear a Rainha Victoria. Abdul, um dos jovens, se torna amigo da Rainha e seu confidente. Em um dos momentos do filme a Rainha fala a Abdul como a vida dela é difícil e ela diz não entender o motivo para tudo aquilo, qual era o propósito de sua vida. Abdul, com muita doçura e sabedoria diz: “Servir, servir ao outro é o propósito, como está escrito no alcorão”.
Quando estava começando a despertar para vida espiritual, de forma inconsciente, lembro que estava em uma sessão de terapia e falei para minha terapeuta que tinha tido um “insight”, que o propósito da vida era servir o outro, lembro que ela me questionou, não me recordo ao certo o que ela falou, mas lembro que ela não concordava comigo. Nessa época, estava buscando um sentido para viver, não desejava estar por aqui, era doloroso de certa forma, não fazia sentindo a minha vida. E não havia motivo para me sentir assim, na verdade, eu tinha conseguido coisas que jamais imaginei conseguir, havia realizado meus sonhos, estava casada com uma pessoa especial, estava com saúde, enfim, nada que me fizesse triste em especial, mas sentia que faltava algo. Por esse motivo cheguei ao “insight” sobre ajudar o outro. Comecei a participar de um centro espírita kardecista, lá fazíamos entrega de comida para moradores de rua. Foi boa a experiência, mas sinceramente não era algo que me fazia sentir plena, era legal, mas não preenchia o vazio que estava sentido. Não era natural, estava mais para uma obrigação embora ninguém estivesse me cobrando nada. Fiquei com isso em mente, ajudar o outro, busquei outras alternativas, participei de eventos para arrecadar dinheiro para uma instituição sem fins lucrativos que ajudava crianças carentes. Mas me sentia da mesma forma.
O tempo foi passando até que encontrei o centro de meditação Sri Chinmoy, onde aprendi o que é meditação e descobri meu caminho espiritual. Nos primeiros meses senti que eu nunca conseguiria ajudar alguém da forma como estava, tinha várias questões e limitações para acertar. Com a meditação nos autodescobrimos e percebemos onde estamos. Entendi em que estágio me encontrava e ficou claro que só poderia ajudar alguém se me ajudasse em primeiro lugar. Sempre fui muito independente, a pessoa que “resolve” os problemas da família, que não amola os amigos com problemas, que acha pode resolver o problema de todos e que tenta mesmo ajudar da forma como pode. Com depois de algum tempo tentando meditar ficou evidente que eu não tinha esse poder de ajudar alguém, que era muita pretensão minha acreditar que eu tinha mais a oferecer ao outro do que ele a mim. Ou que ajudando financeiramente alguém ou mesmo aconselhando, estaria eu contribuindo de alguma forma para a vida de alguém. Entendi que em alguns casos, na minha história familiar, eu acreditava estar ajudando, mas na verdade, estava atrapalhando o desenvolvimento das pessoas ao meu redor e que a melhor forma de viver é aquela que nos permite fazer qualquer coisa, mesmo a coisa errada, pois a experiência é que permitirá o aprendizado.
Após o curso, é dada a oportunidade de se tornar um aluno de Sri Chinmoy, isso para as pessoas que sentem que há alguma conexão interna com esse caminho. Me senti conectada e prossegui para a segunda etapa do processo. Continuei participando dos cursos de meditação, agora como auxiliar do professor. Chegava mais cedo para arrumar as cadeiras, organizar os livros, vídeos e receber os alunos. Foi muito natural participar de cada curso de meditação que foi realizado após ter finalizado o que eu participei. A cada curso, me sentia mais forte e consegui viver várias experiências internas a partir da história, postura, mensagem, relatos sobre experiências com a meditação, que os alunos e os professores contavam nas aulas. Até que um dia estava lendo um dos livros do meu mestre Sri Chinmoy, que falava sobre como sabemos que estamos fazendo a coisa certa para nossa alma, ou seja, quando estamos servindo a Deus da forma como Ele deseja que o façamos, e não da forma como nós achamos que devemos servi-Lo. Ele falava da naturalidade, da alegria que sentiríamos ao fazer tal serviço, da energia que sentiríamos (estou colocando com as minhas palavras, pois não me recordo as palavras exatas), mas basicamente ele dizia que ao nos sentirmos felizes estaríamos servindo corretamente.
Após um tempo, tivemos uma conversa muito especial com o líder do centro de meditação aqui no Brasil, ele é uma pessoa muito inspiradora que emana uma energia muito sutil e que contagia, nessa conversa ele, que por muito tempo viveu muito próximo ao meu mestre quando ele estava encarnado, disse que o mestre gostava muito dos cursos, de quando seus alunos davam cursos. Ele dizia que era uma das melhores formas de servir. Nesse dia, consegui sentir o que significa servir, que é bem diferente de ajudar o outro. Ajudar faz com que nos elevemos a um patamar diferente do outro, com o “ajudar” fortalecemos as diferenças. Quando servimos o outro, estamos no mesmo degrau que ele, na mesma caminhada e caminho. Entendemos que estamos nos ajudando ao servir, que o serviço é um presente. Percebi o quão natural é participar dos cursos, estar presente como apoio, suporte, fazendo qualquer coisa. Percebi o quão triste me deixa quando ficamos um período sem cursos e quão feliz é escutar as histórias de superação, as dúvidas, as experiências de cada aluno.
O Filme Victoria e Abdul: O Conselheiro da Rainha, me fez relembrar o que representa servir, o serviço ao outro pode ser feito a todo momento, na forma como se fala com o outro em qualquer situação, nas ações do dia a dia, estar presente não só fisicamente, mas efetivamente ouvindo, num abraço forte ou na palavra de apoio. O serviço é o que dá sentido à vida. Mas para servir temos de nos cuidar, nos nutrir, nos amar. Com a meditação conseguimos sentir o que significam várias coisas que geralmente são ditas, mas que poucos sentem. Posso recomendar essa experiência, temos os cursos que sempre acontecem mensalmente e será um prazer para todos que participam do curso servindo, servir a você!
Amar é ver o homem em Deus. Servir é ver Deus no homem. -Sri Chinmoy
A prática de meditação tem crescido entre os ocidentais, e no Brasil, percebemos que cada vez mais as pessoas procuram meios de se interiorizarem a fim de buscar equilíbrio e paz.
A postura pode influenciar no momento de praticar a meditação, pois quando temos estabilidade no corpo, a mente tem mais facilidade de se estabilizar, e uma mente estável favorece experiências de paz.
Quanto maior a estabilidade do corpo durante a prática, maior são as chances de você ter uma experiência de paz, encontro, amor, harmonia, proteção, ordem, coerência, alegria, plenitude, etc.
Nos cursos de meditação que oferecemos, se você tiver interesse, podemos mostrar alguns tipos de almofadas e bancos e, se quiser comprar, podemos indicar uma loja que os faz. Você também pode ligar diretamente para a Juliana no telefone (11) 98128-1376.
A almofada zafu é recheada de espuma ou estopa de forma a ficar um pouco rígida. Ela ajuda você a deixar a coluna ereta. Para isso, sente-se mais na ponta da almofada, de forma que o quadril fique um pouco rotacionado para frente.
Se quiser, você também pode tentar usar uma almofada qualquer que tiver em casa. O importante é que consiga meditar bem. Mas, normalmente, ter uma almofada específica irá ajudá-lo nisso!
Esse banco serve para sentar-se ajoelhado. Como o quadril se apoia na parte almofadada, o peso não fica nos joelhos. Se tiver um modelo dobrável, pode usar ele como uma almofada simples.
Você pode usar ele para ter um pouco de maciez na região das suas pernas que tocam o chão e, também, pode deixar uma parte enrolada atrás, como se fosse uma almofada que ergue o quadril
Sim, você pode meditar sentado numa cadeira comum ou um banquinho normal! A dica é procurar uma cadeira que não tenha um ângulo para trás, o que dificultará que você fique com a coluna ereta.
No começo da prática, ou mesmo quando existe algum problema de saúde, a cadeira de chão para meditação tem favorecido muitos praticantes por ter encosto e deixar a coluna reta, postura que é solicitada na maioria das práticas de meditação. Esse tipo de almofada possui além da parte inferior acolchoada um encosto longo para apoiar as costas, caso sinta que não consegue meditar usando uma almofada.
Com isso, esperamos ter informado sobre os principais assentos de meditação e como usá-los de forma apropriada.
O próximo curso de meditação será em outubro, em São Paulo.
Para participar, acesse a página específica de SP.
Busque sempre a ajuda do seu profissional de saúde. Os textos desta página são meramente motivacionais, não substituindo tratamento médico. Se tiver a intenção de utilizar algo daqui, faça-o apenas em consulta com o seu médico e com seu acompanhamento.
Textos traduzidos de Sri Chinmoy
Quando somos atacados por preocupações e ansiedades, temos de sentir que há um antídoto. Quando uma serpente nos morde, tentamos buscar uma cura. Se as preocupações do mundo-pensamento querem entrar em nós e nos atacar, temos de obter o antídoto. O antídoto é sentir interiormente o Amor de Deus por nós.
Amamos Deus, mas não temos certeza se Deus nos ama. Oramos para Deus dizendo: “Ó Deus, conceda-nos isso, satisfaça esse desejo.” Mas o fato de Deus nos amar ou não continua vago. Na verdade, temos de começar com o sentimento de que Ele nos ama infinitamente mais do que amamos nós mesmos. Como é possível para Deus nos amar mais do que nós nos amamos? A resposta é que Deus não duvida de nós como nós duvidamos. Numa certa hora, sentimos que somos muito fortes, como um grande imperador; no momento seguinte, deparamo-nos com uma formiga peçonhenta e morremos de medo. A ansiedade aparece quando há uma separação entre a nossa existência e a existência de Deus. Ela também surge quando não consideramos Deus como parte de nós ou não dizemos “eu sou de Deus, eu sou por Deus.” As preocupações e ansiedades irão embora apenas quando nos identificarmos com algo que tenha paz, serenidade, divindade e o sentimento de unicidade absoluta. Ao nos identificarmos com o Piloto Interior, obtemos a força da sua Luz iluminadora. As preocupações surgem porque nos identificamos com o medo. Se nos identificamos com algo divino, eterno e imortal, naturalmente a essência e qualidades latentes de algo passarão a fazer parte de nós. Preocupando-se todo o tempo ou pensando pensamentos não divinos, nunca seguiremos adiante em direção à nossa meta. Entraremos na divindade apenas ao ter pensamentos positivos: “Eu sou de Deus; eu sou por Deus.” Pensando isso, não haverá preocupações nem ansiedade.
Há tanto a depressão psíquica quanto a depressão vital. Na depressão psíquica, o indivíduo sente que há tantas coisas que Deus quer que ele faça e que o Próprio Deus tenta manifestar em e através da pessoa, mas a ignorância-mundo não permite que a pessoa manifeste Deus. Você está com seus amigos, e o seu chefe é o Supremo. Esse chefe pediu a você que fizesse algo, e você está tentando, e Ele está tentando em e através de você. Mas há pessoas a seu redor que resistem aos seus esforços. Eles consideram que Deus é o Pai, e Ele as considera Seus filhos, mas esses filhos não são receptivos à Luz de Deus. A depressão psíquica ocorre quando você sabe o que é melhor e, ao mesmo tempo, está incapaz de fazê-lo. Alguns dos seus irmãos e irmãs ao seu redor sabem o que é melhor para eles, mas não querem fazê-lo; não querem mexer um músculo por aquilo. Outros não sabem o que é melhor para si mesmos. Você, no entanto, sabe o que é melhor para si e para eles também, e gostaria de fazê-lo; mas está impedido.
Você sabe o que a verdade é e quer manifestar a verdade. Mas encontra-se incapaz porque as pessoas a seu redor e diante de você não cooperam. O Supremo, o seu Piloto Interior, pressiona-o, e você pressiona si mesmo, mas não adianta. Quando a paz e luz interiores têm dificuldade em vir à tona da maneira que o Supremo deseja, na Hora escolhida por Deus, é que surge a depressão psíquica. Mas a depressão vital (N.d.T: emocional) é algo diferente. A depressão vital vem das exigências insatisfeitas do orgulho, ego e vaidade. Nessa depressão, você gostaria de ter feito algo ou satisfeito algum desejo, mas não conseguiu. Você fica frustrado. A depressão vital surge imediatamente. A depressão psíquica existe num nível infinitamente mais elevado, onde a sua intenção e a intenção de Deus são uma só. Na depressão vital, a sua intenção é o seu desejo, mais isso não tem nada a ver com a Vontade de Deus. Tudo o que há é você e o seu desejo insatisfeito. Deus não participa. Na depressão psíquica, você visionou a Visão de Deus; Deus colocou a Sua Visão diante de você, mas você está incapaz de transformá-La em realidade. Não é por reconhecimento pessoal ou ego que você gostaria de conseguir agir. Nada disso. Você e Deus possuem a mesma aspiração, a mesma visão, a mesma meta, mas ela não está manifestada ainda. A depressão psíquica é o resultado de uma Visão insatisfeita do Supremo em e através de você. É a divindade de Deus que deseja manifestar-se em e através de você, mas ela está sendo atrasada, pois as forças do mundo, as forças-ignorância, estão opondo-se a você. Você e Deus tornaram-se um: uma aspiração, uma alma, um objetivo. Mas a Visão de Deus não é satisfeita. Por isso você sente depressão psíquica.
A cura para a depressão psíquica é render-se abertamente à Vontade de Deus. Aspire devotadamente e constantemente e, então, entregue-se à Vontade de Deus. Você poderá clamar e clamar com devoção, mas, depois da depressão psíquica começar, às vezes você pode querer descansar. Você sente que é um caso sem esperanças e, por isso, o melhor é desistir, render-se – não a Deus, mas à ignorância-mundo. Aconteceu muitas vezes de o indivíduo saber que Deus e ele são um, mas, quando percebe que o Supremo nele tem sempre ficado insatisfeito, ele desiste. Muitos Mestres espirituais e muitos buscadores desistem. Eles tentam junto com Deus, mas, quando sentem que é um caso sem esperanças, eles desistem. Contudo, isso não é bom. É preciso nunca desistir. Deve-se lutar até o fim. Cedo ou tarde, a Vontade de Deus será manifestada em e através de você.
Sri Chinmoy, Four intimate friends: insincerity, impurity, doubt and self-indulgence, Agni Press, 1977
Pergunta: Quando algo no mundo me perturba, perco toda a minha sinceridade e fico deprimido.
Sri Chinmoy: Saiba que há uma grande diferença entre sinceridade e estupidez. Se alguém contou uma mentira, você deve tentar iluminar essa pessoa. Se um erro foi cometido por alguém, você deve tentar retificar esse erro interiormente ou exteriormente com o oferecimento da sua boa vontade. No seu caso pessoal, a tolice é o que aparece. Quando faz algo errado, você sente que, ao aumentar a sua culpa, você resolverá o problema. Mas essa não é a abordagem correta. Pense sempre na meta, que é perfeição. Você deve trazer a perfeição para a situação.
Se algo errado foi feito, seja por você ou outra pessoa, sinta que tem de oferecer o resultado imediatamente ao Supremo. Você precisa dizer: “Eu estava incapaz (ou: aquela pessoa estava incapaz.). Fomos atacados por forças negativas. Sabemos que fomos atacados e queremos oferecer o nosso erro a Você.” Mas também deve ser consciente e sábio. Uma vez que perceber que está fazendo algo errado, deve parar de fazer essa coisa.
A depressão não é a resposta. Quando você participa de uma prova de corrida e é desqualificado, o que você faz? Você espera por um novo dia e tenta novamente alcançar a meta. Se parar de competir nas provas apenas porque teve uma experiência ruim, nunca alcançará a meta. Uma experiência infeliz não deve ser a experiência final. Considere-a uma nuvem passageira. Você certamente sairá dessa nuvem-ignorância.
Sri Chinmoy, Four intimate friends: insincerity, impurity, doubt and self-indulgence, Agni Press, 1977
Pergunta: O que causa a depressão?
Sri Chinmoy: A depressão surge quando não queremos viver na verdade, quando consciente ou inconscientemente queremos viver no prazer-ignorância. Esse prazer certamente será acompanhado pela depressão. A depressão é causada pela nossa aceitação da ignorância. Quando aceitamos a ignorância como parte de nós, ficamos deprimidos. Não conseguimos ir além dela. Estamos presos; presos no pequeno eu da ignorância.
Queremos sucesso constante, progresso constante, conquistas constantes e satisfação constante, mas no nosso dia a dia não temos essas coisas. Cada momento é uma oportunidade para nos tornarmos mais um pouco a Luz, Paz, Deleite e Poder de Deus. Contudo, se utilizarmos erroneamente o nosso tempo, imediatamente as forças negativas entrarão em nós. Essa forças negativas são a dúvida, o medo, a ansiedade, a preocupação e a depressão. Quando estamos deprimidos, não podemos esperar mais da Graça e do Amor de Deus; nem podemos esperar simpatia contínua da humanidade. Se estamos deprimidos, um amigo pode vir e nos consolar ou simpatizar conosco; mas o seu consolo não ceifará a raiz da nossa depressão. A única cura para a depressão é a luz.
Temos de saber o que realmente queremos. Se queremos apenas luz, então temos de saber onde a luz está. A luz está na nossa paz de espírito, na tranquilidade do nosso coração. Quando desvelarmos a nossa paz interior, veremos que ela é toda satisfação e conquistas: conquistas e satisfação infinitas no processo de se tornar infinita Realização. Se não desvelarmos a nossa paz interior, estaremos fadados a ser príncipes da escuridão.
Temos de sentir que não somos ignorância, que não representamos ignorância, que não estamos na ignorância e que não somos para a ignorância. Nada disso. Estamos na luz e queremos nos tornar a mais profunda, mais iluminadora luz. Com esse sentimento não haverá depressão. A luz que é o resultado da nossa aspiração imediatamente fará em cinzas a nossa depressão, ou então transformará a nossa depressão numa aspiração constante. Se pudermos nos identificar com a alegria interior espontânea da alma, sempre teremos alegria interior e exterior. Tentemos permanecer na alegria espontânea da alma.
Sri Chinmoy, Four intimate friends: insincerity, impurity, doubt and self-indulgence, Agni Press, 1977
Pergunta: Por que a mente não quer vencer os desejos?
Sri Chinmoy: Porque a mente física está absorvida na consciência física. Está constantemente duvidando de si e dos outros e criando confusão e incerteza por si mesma. A menos e até que ela receba a luz do coração, permanecerá na escuridão da prisão e limitação humana. Infelizmente, essa é a natureza da mente humana.
Pergunta: Na psicologia, há um sintoma chamado de maníaco-depressivo, onde a pessoa está primeiro alegre e animada, e depois se torna depressiva. Eu reparei nisso nos discípulos algumas vezes, pois parece ser uma parte da psiquê humana. O que podemos fazer para quebrar esse ciclo?
Sri Chinmoy: O problema com todos os seres humanos é que não estão satisfeitos com uma coisa por mais de cinco minutos. Quando temos algo por cinco minutos, sentimos que somos muito ricos. Em seguida, aquela coisa não nos satisfaz mais, e corremos atrás de algo novo. Sentimos sempre que a grama do vizinho é mais verde. Então vamos até lá e vemos que não é nada verde. Ou podemos ir e ver que o outro lado é realmente verde. Apreciamos esse verde por cinco minutos, mas depois pensamos “Nada disso! Eu estava errado – o outro lado era igualmente verde.” Então voltamos para o lado inicial e não encontramos nada demais. Assim sendo, três ou quatro vezes ao dia estaremos felizes, e três ou quatro vezes estaremos tristes. Ou então estaremos muito felizes num dia e no dia seguinte estaremos deprimidos. Para cima e para baixo, para cima e para baixo! Mas por que deveria haver um “para baixo”? Se estivermos caminhando pela estrada correta e formos andarilhos sinceros, deveremos apenas continuar em frente.
Quando estamos felizes, sentimos que estamos vivendo dentro do nosso coração, dentro da nossa alma. Mas não ficamos satisfeitos lá por mais de cinco minutos. Queremos ir até o vital, até a mente ou até o físico, pois obtemos muita alegria na mudança constante. Assim, consciente ou inconscientemente retornamos ao físico, ao vital e à mente. A mudança é boa quando é uma mudança do bom para o melhor, e do melhor para o melhor de tudo. Se estamos obtendo um pouco de alegria do coração ou da alma, tentamos aumentá-la e intensificá-la. Quando chegar o dia em que estivermos na mais altíssima condição mental, quando estivermos na consciência da alma, não haverá fim para a nossa alegria.
Sabemos o que temos na cozinha e na sala de meditação. Na sala de meditação há incenso, velas e flores. Sentimos muita alegria por causa da nossa inspiração, da nossa sinceridade na vida espiritual. Sabendo o que a sala de meditação pode oferecer, por que deveremos ir até a cozinha e nos depararmos com toda a confusão que há? É porque sentimos que lá também existe alegria. Mas eu gostaria de dizer que a cozinha é o lugar errado para encontrarmos alegria.
Devemos ser como fazendeiros indianos. Um fazendeiro indiano não espera a chuva ou o sol. Ele sente que o seu trabalho é arar o campo. Todos os dias ele vai para o campo e faz a sua tarefa. No nosso caso é igual. Não devemos antecipar altos e baixos. Depois de ficarmos durante um dia numa condição de alegria, no dia seguinte segue uma onda de depressão. Contudo, se vivermos na Luz, se vivermos na Paz divina, isso não acontecerá. Tais coisas acontecem apenas porque ainda não dominamos completamente o nosso vital (N.d.T: emocional) e mente.
Pergunta: Eu gostaria de saber como superar pensamentos negativos, tanto durante a meditação como durante as minhas atividades diárias.
Sri Chinmoy: A verdadeira natureza dos pensamentos negativos é roubar, consciente e deliberadamente, a riqueza que nós temos: nossa Alegria, Luz e Amor divinos. Esses são nossos tesouros, porém, a dúvida, o medo e a negatividade são verdadeiros ladrões. Algumas vezes, um ladrão entra no nosso apartamento e rouba coisas, mas somente porque nós negligenciamos e permitimos que isso aconteça. Nós podemos ser vigilantes por dez minutos por dia, durante a nossa meditação, mas, no resto do dia somos totalmente descuidados. Quando entramos nas nossas atividades diárias, não lembramos de ficar atentos aos nossos pensamentos. Nesse momento, não seremos diferentes de todas as pessoas comuns ao nosso redor, que nunca meditaram.
Você pode deixar as dúvidas e os pensamentos negativos de lado, se puder constantemente lembrar da sua meditação. Após meditar, você deve tentar lembrar desses poucos minutos com a maior alegria, afeição e apreço. Deve acalentá-los como objetos de adoração. Durante todas as suas atividades comuns, tente lembrar da sua meditação devotadamente e não esqueça da necessidade de reter uma consciência espiritual ou pensamentos espirituais. Não permita que a sua mente afunde num baixo nível. Se puder manter pensamentos puros e divinos quando não estiver meditando, você terá uma força adicional quando meditar.
Qualquer momento em que a dúvida e os pensamentos negativos vierem, você tem que pará-los imediatamente com os seus pensamentos divinos. Dessa maneira, será capaz de vencer os seus pensamentos negativos. Se seus pensamentos forem puros durante todo o dia, quando meditar, a sua mente já estará pura. Mas se permitir que os seus pensamentos vagueiem no mundo da ignorância e da impureza por quatorze ou dezesseis horas por dia, como pode esperar que seus pensamentos sejam puros na hora da meditação?
Pergunta: Como eu posso purificar a minha mente?
Sri Chinmoy: Todos os dias, tente pensar na sua mente como um receptáculo vazio. Quando lida com a mente, se ela estiver vazia, isso significa que você já fez um progresso considerável. Você jogou fora a ignorância, a preocupação, a imperfeição, a limitação e todas as coisas não divinas. Então, o que você fará? Vai preencher este receptáculo vazio com alegria, amor, pureza e todas as qualidades divinas.
Você quer purificar a sua mente. Vai encontrar pureza abundante dentro do coração e da alma. É muito difícil para as pessoas sentirem a alma, mas não é difícil sentir a presença do coração. Quando puder sentir essa presença, mais uma vez você fez progresso. Logo, todo dia medite no coração e tente sentir que ele é composto de nada além do que a pureza. Uma vez que se sinta absolutamente certo de que o seu coração é feito de pureza, todos os dias pegue um pouquinho dela e derrame no receptáculo vazio que é a sua mente.
Outra coisa que pode fazer, é pensar na mente como uma cesta vazia. Tente sentir dentro do seu coração, uma árvore de pureza desabrochando. Todo dia, colha uma flor-pureza da árvore-coração e coloque-a dentro da cesta-mente.
Gradualmente, a cesta encherá até a borda e a mente será preenchida com o aroma de inumeráveis flores-pureza.
Pergunta: Como podemos manter a mente pura quando não estivermos nos concentrando ou meditando?
Sri Chinmoy: A melhor coisa que pode fazer é aprender algumas canções espirituais e cantá-las para si mesmo em silêncio enquanto estiver trabalhando ou dirigindo ou fazendo qualquer coisa que não exija concentração mental. Enquanto estiver cantando em silêncio, a sua mente estará sendo purificada porque a sua alma virá à tona. Quando você cantar, tente sentir que o Supremo está ouvindo. De outra forma, o canto será um mero hábito mecânico. Então, sinta que há um ouvinte – não um ouvinte humano, mas o Próprio Supremo – ouvindo dentro do seu coração. Quando sentir que tem um ouvinte divino, obterá mais inspiração; será sobrecarregado com inspiração ilimitada e alegria interior sem fim. Quando sentir a presença do Supremo no seu coração, Ele o abençoará com a maior alegria e orgulho. Ele fará tudo para transformar, purificar, iluminar e liberar a sua mente.
A depressão aparece por dois motivos. O primeiro motivo é o vital. Quando você tem uma boa meditação, o vital comum – o vital que quer nome, fama, conquistas exteriores – sente que não será mais alimentado, que irá morrer. A calma que a meditação traz é como um veneno para o vital inquieto. Então a paciência é de importância fundamental, pois a paciência faz com que o vital sinta que a sua existência não está sendo ameaçada.
Há outro motivo para o surgimento da depressão. O coração traz a partir da alma a mensagem de que você irá muito longe, que você alcançará a sua meta final nesta vida ou na próxima. O ser por completo se torna um com a luz que o coração está trazendo da alma. Olhando adiante, você percebe que tudo está ensolarado. Mas, ao olhar para o seu estado atual, você percebe que trata-se de um tempo nublado, chuvoso. Então aparece a depressão. Você sente um enorme abismo entre a sua situação atual e o objetivo, que está bastante longe. As suas possibilidades enquadram a verdade altíssima, a realização mais elevada. Mas a sua realidade atual é completamente diferente! Possibilidades e realidade parecem tão divergentes que naturalmente a depressão ocorre.
Veja também:
A melhor forma de superar a depressão é meditar todos os dias de manhã cedo, mas sem esperar coisa alguma da sua meditação. Você precisa apenas dar a sua atenção consciente à sua meditação. Considere a meditação uma criança. Você oferece o seu cuidado, o seu amor e afeição a ela, mas não espera nada em troca. De maneira similar, ofereça à sua meditação o seu amor e cuidado. Não espere nada. Apenas dê o que você tem. Se puder dar sem esperar, chegará o dia em que a sua meditação lhe trará todas as qualidades divinas.
Sri Chinmoy, Four intimate friends: insincerity, impurity, doubt and self-indulgence, Agni Press, 1977
Uma vez que comecemos a ter experiências interiores verdadeiras, não haverá necessidade de resolver nenhum problema com a psicologia ou a filosofia. Psicologia, filosofia e outras maneiras mentais de explicar as coisas, são simplesmente falíveis e inúteis. Quando temos nossas próprias experiências interiores, podemos ver a verdade, com a luz da espiritualidade, que é o Alento de Deus. Antes disso, se vivemos no mundo humano, nós temos que usar a mente, temos que usar a psicologia ou nunca conseguiremos nem mesmo uma satisfação parcial. Para alívio temporário, podemos nos abrigar na mente. Mas para soluções permanentes, temos que obter a iluminação espiritual.
Pergunta: Como iluminar a depressão?
Sri Chinmoy: Trazendo à tona a Luz de dentro de você. Quando medita na Luz, a Luz vem, seja de cima ou de dentro do coração e, com isso, vem a Alegria e a Paz divinas.
Pergunta: Qual é a participação da mente em transcender os desejos e paixões?
Sri Chinmoy: Para ser totalmente franco, a mente nunca quer vencer ou transcender os desejos. A mente já é um depósito de todos os tipos de desejos e sua porta está sempre escancarada para desejos novos. Se você quer vencer os desejos, deve usar a sua aspiração e entrar na sua alma. Se sente que a sua mente vai ter aspiração, está enganado. Concentre-se no seu coração e a partir dele, tente entrar na alma. Primeiro tente se identificar com o seu coração e ele o levará para a sua alma. Então, a luz abundante e efulgente que reside na alma, irá espontaneamente fluir dela para o coração e dele para a mente.
Quando a mente estiver iluminada por esta luz, irá perder todo o interesse nos desejos terrenos. Somente trazendo a luz da alma para a mente através do coração, você será capaz de livrá-la dos desejos.
Você precisa ir além da mente, o qual é muito difícil, ou prestar toda a atenção ao seu coração que aspira. O coração que aspira não é o que está próximo à região vital. O vital está próximo ao umbigo. O coração que aspira está localizado mais acima, no centro do peito. Se você não puder elevar a sua consciência para o verdadeiro coração, será uma vítima constante de desejos.
Qual a melhor forma de superar a depressão?
Sri Chinmoy: Quando você estiver deprimido, tente sentir conscientemente que se forçou a carregar um fardo enorme nos seus ombros. Sinta que é um corredor, e que há uma meta para você. Você tem que correr em direção a esse objetivo. Quanto mais rápido correr, mais cedo chegará até a meta. Agora, se você colocar de forma consciente e deliberada algo pesado sobre os seus ombros, naturalmente, sua velocidade será muito lenta. Não seja tolo. Você entrou para essa corrida. A corrida não é competir com os outros, mas sim competir com si mesmo e contra as forças não divinas da depressão, dúvida, medo, inveja e todas as outras forças negativas.
Quando a depressão entra na sua mente ou vital, sinta que há uma carga pesada nos seus ombros. Naturalmente, você irá querer se livrar dela, pois quer correr com velocidade. Você a descartará, a deixará de lado, e então correrá em direção ao seu objetivo destinado tão rápido quanto puder.
No capítulo seis do Bhagavad Gita, Sri Krishna ensina a Arjuna como praticar a meditação. Segue abaixo o capítulo inteiro, traduzido ao português a partir da versão em inglês de Sri Aurobindo.
Se quiser ler mais sobre o Bhagavad Gita ou a prática de Meditação podemos recomendar os dois livros de Sri Chinmoy nos links, em versões impressa, pdf e áudio, além de participar presencialmente.
6.10- Que o Yogin* pratique continuamente a união com o Eu, sentado sozinho e afastado, com todos os desejos e ideias de posse banidas da sua mente, autocontrolado em todo o seu ser e consciência.
*N.d.T: Os cabeçalhos são nossa inserção, para facilitar a leitura/navegação. O uso do termo Yoga (LINK) remonta à palavra União, e não aos exercícios físicos praticados nas modalidades de hatha yoga. Yogin é o praticante, o aspirante a essa Yoga de União com o divino.
6.11-12- Ele deve preparar num lugar puro o seu assento firme, nem muito alto e nem muito baixo, coberto com um tecido, com uma pele de cervo, com ervas sagradas, e ali sentado com uma mente concentrada e com as ações da consciência mental e dos sentidos sob controle, ele deve praticar Yoga para a autopurificação.
6.13-14- Mantendo o corpo, cabeça e pescoço eretos, imóvel, com sua visão internalizada e fixada entre as sobrancelhas, (…), mente calma e liberta do medo, observado o voto de Brahmacharya*, a integralidade da mentalidade controlada direcionada a Mim, ele deve sentar-se firme no Yoga, completamente entregue a Mim.
*N.d.T: Abstinência sexual, física e mental, entre outras práticas. Literalmente: “Conhecedor da conduta que leva a Deus”
6.15- Assim, sempre colocando-se em Yoga pelo controle da mente, o Yogin alcança a paz suprema do Nirvana, que tem a Mim como fundação.
6.16- Este Yoga não é para aquele que come demais ou dorme demais, nem é para aquele que abdica do sono e alimento, Ó Arjuna.
6.17- O Yoga destrói toda a tristeza para aquele cujo sono e vigília, alimento, ações, esforços são todos em medida correta.
6.18- Quando a consciência mental integral e perfeitamente controlada e livre de anseios por coisas agradáveis permanece silente no Eu, diz-se: “ele está em Yoga.”
6.19- Imóvel como a luz de uma lamparina num local sem vento é a consciência do Yogin que pratica união com o Eu.
6.20- Aquilo em que a mente fica silente e imóvel pela prática de Yoga; aquilo em quem o Eu é visto no Eu pelo Eu (e não o que é visto, mal traduzido, falsamente ou parcialmente pela mente e representado a nós através do ego, mas sim autopercebido pelo Eu), nele a alma está satisfeita;
6.21- Aquilo em que a alma conhece o seu próprio e incrível deleite, que é percebido pela inteligência e está além dos sentidos, onde estabelecida não mais pode cair da verdade espiritual do seu ser;
6.22- Aquilo em que obtido não considera outro ganho maior; aquilo em que estabelecido não é perturbado pelo maior dos ataques de tristeza mental;
6.23- Aquilo deve ser conhecido pelo nome de Yoga – a libertação da associação com a dor e tristeza. Esse Yoga deve ser continuamente aplicado com um coração livre de desânimo e depressão.
6.24-25- Abandonando sem exceção todos os desejos nascidos na vontade-desejo e controlando todos os sentidos pela mente, de forma que não possam correr para todos os lados, deve-se gradualmente recolher-se na tranquilidade através de um buddhi controlado por constância e, fixando-se a mente no Eu, não deve-se pensar em qualquer coisa.
6.26- Por qualquer coisa que a mente inquieta e inconstante perambule, daquilo ela deve ser restringida a acessar e trazida de volta ao subjugar do Eu.
6.27- Quando a mente está completamente silenciada, vem ao Yogin a altíssima intocada, purificada bem-aventurança da alma que se tornou o Brahman.*
*Deus, o Absoluto
6.28- Assim liberto da mácula da paixão e colocando-se constantemente em Yoga, o Yogin facilmente e alegremente desfruta do toque do Brahman que é deleite inefável.
6.29- Com sua visão equalizada para tudo, o homem cujo eu está em Yoga vê o Eu em todos os seres e todos os seres no Eu.
6.30- Aquele que vê a Mim em todo lugar e vê tudo em Mim, ele nunca Me perde, nem ele se perde de Mim.
6.31- O Yogin que sustenta-se na unicidade e ama a Mim em todos os seres, de qualquer maneira que ele agir e viver, vive e age em Mim.*
((trecho do comentário de Sri Aurobindo na sua tradução): A visão espiritual de Deus e do mundo não é apenas uma idealização, e nem mesmo é principalmente ou inicialmente idealização. Ela é uma experiência direta e tão real, vívida, próxima, constante, efetiva e íntima quanto a visão que a mente possui através dos sentidos das imagens, objetos e pessoas….)
6.32- Ó Arjuna, aquele que enxerga com equanimidade tudo na imagem do Eu, seja tristeza ou felicidade; ele eu considero o Supremo Yogin.
6.33- Arjuna disse: esse Yoga que foi por Você declarado sobre a natureza da equanimidade, Ó Madhusudana, nele não vejo fundação estável por conta da inquietação.
6.34- De fato inquieta é a mente, Ó Krishna; ela é veemente, forte e difícil de curvar; considero-a tão difícil de controlar quanto o vento.
6.35- O Divino Senhor disse: Sem dúvidas, Ó Kaunteya de braços fortes, a mente é inquieta e muito difícil de controlar, mas ela pode ser controlada através de prática constante e desapego.
6.36- Por aquele que não é autocontrolado, esse Yoga é difícil de alcançar; mas para o autocontrolado, é alcançável por esforços propriamente direcionados; tal é a minha visão.
6.37- Arjuna disse: Aquele que toma o Yoga com fé, mas não consegue controlar-se, com sua mente vagando para longe do Yoga, fracassando em alcançar perfeição no Yoga, qual é o seu fim, Ó Krishna?
6.38- Ele não perde, Ó Krishna de braços fortes, a sua vida e a consciência brâhmica a que aspira e, caindo de ambos, falece como uma nuvem dispersando-se?
6.39- Peço-lhe que disperse esta minha dúvida completamente, Ó Krishna; pois ninguém além de Você pode destruir essa dúvida.
6.40- O Divino Senhor disse: Ó Partha, nem nesta vida e nem na próxima haverá destruição para ele; nunca alguém que pratica o bem, Ó querido, vem a sofrer.
6.41- Tendo alcançado os mundos daqueles que têm retidão e habitado lá por anos a fio, aquele que cai do Yoga nasce novamente na família dos puros e gloriosos.
6.42- Ou então pode nascer na família de sábios Yogins; tal nascimento é de certo raro de se obter neste mundo.
6.43- Portanto, Ó alegria dos Kurus, ele recupera a disposição búdica* que tinha alcançado na vida passado e com ela continua a se esforçar pela perfeição.
*N.d.T: buddhi, dentre possíveis traduções, pode ser vista como ‘consciência interior’
6.44- Pela virtude da paciência do passado, ele é carregado inexoravelmente; mesmo o buscador do Yoga vai além do alcance dos Vedas e Upanishads.
6.45- O Yogin que se esforça com assiduidade, purificado dos pecados, aperfeiçoando-se através de muitas vidas, alcança a meta altíssima.
6.46- O Yogin é maior que os praticantes de asceticismo, maior que os homens de conhecimento, maior que os homens de ação; torne-se o Yogin, então, Ó Arjuna.
6.47- De todos os Yogins, aquele que com todo o seu ser interior entregou-se a Mim, tem amor por Mim e fé em Mim, considero ele o mais unido Comigo em Yoga.