Há uma maneira de um Mestre espiritual provar a sua filosofia ou a sua realização, mas você tem que permiti-lo fazer isso à própria maneira dele. Eu lhe pedirei para desistir das suas dúvidas, impurezas, apegos e desejos por alguns meses e meditar comigo sincera e devotadamente. Se me permitisse provar a mim mesmo dessa forma, muito em breve, você veria e sentiria a verdade. Mas se disser: “Não, eu não quero que você prove a si mesmo dessa forma; nesse momento, eu quero que você me mostre Deus, a Verdade e a Luz, bem diante dos meus olhos”, o que eu poderia fazer? Eu ficaria desamparado nesse momento. Eu poderia fazê-lo, mas os seus olhos interiores estariam bem fechados e você não veria nada, então, ainda duvidaria da minha capacidade e da minha verdade.
No mundo exterior você precisa dos olhos para ver se alguém está fazendo algo. Similarmente, no mundo interior você precisa do terceiro olho para ver se alguém está fazendo algo interiormente. A pessoa tem que usar a sua visão interior para ver a autenticidade do Mestre espiritual. Os olhos externos, que servem à mente, não têm utilidade para ver coisas interiores. Se você quer provar a autenticidade de um Mestre espiritual, medite e vá fundo dentro de si, aquiete a sua mente e tente entrar na Consciência universal. Só assim você verá se o homem espiritual está ou não falando a verdade; apenas assim, você se tornará um juiz competente.
Mas você não pode esperar se tornar um juiz qualificado da noite para o dia. Se quiser aprender a ser um eletricista, você se colocará nas mãos de um profissional qualificado por um ou dois anos, e seguirá as instruções dele cuidadosamente. Ao final desse período, se ele não o tiver ensinado muito bem, você poderá dizer: “Você não era qualificado” ou “Você não sabia o que estava fazendo”. A Deus-realização é um assunto infinitamente mais difícil. Se um homem espiritual diz: “Eu posso levá-lo a Deus”, você tem que seguir as suas instruções ao pé da letra, por ao menos um ano ou dois, para obter experiências preliminares, que lhe mostrarão que está no caminho certo. Se duvidar dele desde o comecinho, não estará dando uma chance nem a ele nem a você. Se o seu Mestre disser: “Eu vi a Luz e o levarei para a Luz”, você deve lhe dar uma oportunidade de conduzi-lo à Luz. Você tem que ser paciente e lhe devotar completa obediência. Eu uso a palavra ‘entrega’, mas a completa obediência é necessária até mesmo para começar. Para isso, a pessoa tem que rejeitar totalmente a mente duvidosa. Com uma enorme autodisciplina, você tem que forçar a si próprio a parar de duvidar, ainda que diga que é apenas por um período temporário. Diga: “Eu vou parar de duvidar por dois anos e dar a esse homem uma chance de me mostrar a Luz.” Mas se duvida dos seus ensinamentos no momento em que está tentando aprendê-los, estará simplesmente destruindo as suas oportunidades.
Se quiser ver alguma coisa no mundo exterior, tem que ir ao lugar onde ela está. No mundo interior também é assim. Quando uma pessoa espiritual diz que está fazendo isso ou aquilo, você tem que ir ao seu nível, ao seu plano, para ver. Tudo tem que ser visto ou sentido ou julgado no seu próprio mundo. Eu não julgo a ciência porque nunca entrei nesse mundo; não sou competente para julgá-la no seu próprio nível. A verdade física tem que ser vista no mundo físico e a verdade espiritual tem que ser vista no mundo espiritual.
Ocidentais têm um problema especial com essa mente desenvolvida. É realmente uma desvantagem na vida espiritual ter uma mente intelectual altamente desenvolvida. Mas se você transformá-la e transmutá-la, ela pode se tornar um instrumento muito útil. Eu quero contar uma estória indiana tradicional, nesse assunto:
Um buscador que estudou milhares e milhares de livros espirituais, foi a um Mestre e disse: “Mestre, eu estudei tudo que os livros podem ensinar e agora, eu quero aprender com você.”
O Mestre disse: “Você não está preparado para ser meu aluno.”
O buscador perguntou: “Como assim não estou preparado? Você tem todo tipo de gente ignorante como aluno, enquanto eu estudei muitos livros e todas as escrituras.”
O Mestre replicou: “Porque agora, o que você aprendeu, tem que ser desaprendido, já eles não têm que desaprender nada. Você tem uma carga gigante nos seus ombros. A menos que descarregue a si próprio, não aprenderá nada comigo. Mas esses alunos inocentes que eu tenho, não estão carregados com informações de livros; eles são como novos.”
Então o Mestre pediu ao buscador que trouxesse um almanaque e o abrisse numa página em particular. “Aqui está escrito que nesse exato momento vai chover pesado. Agora torça o papel. Está chovendo aqui? Torça o livro todo. Está chovendo? Você torceu o livro tão forte quanto pode, mas não choveu. Livro-conhecimento é conhecimento teórico. Só a experiência é conhecimento prático. Simplesmente desaprenda tudo que você aprendeu por tantos anos e assim, estará pronto para ser meu aluno.”
Mestres indianos às vezes são muito, muito rígidos ou talvez devamos dizer, muito rudes com seus alunos, se eles chegam com perguntas intelectuais. Algumas vezes, eles esnobam seus alunos impiedosamente. Eles querem mostrar a eles que intelectualismo desnecessário, irá apenas obstruir o seu desenvolvimento espiritual.
Pergunta: Como o Mestre reconhece quando um dos seus discípulos está alcançando um estado de consciência mais elevado?
Sri Chinmoy: A alma do Mestre irá reconhecer uma consciência mais elevada nos discípulos. Se o Mestre não souber, quem saberá? Se você for um professor, saberá pelo seu próprio conhecimento, se o aluno está indo bem ou não. Se você é um professor, isso significa que já adquiriu um certo conhecimento. Você vai comparar o conhecimento do seu aluno com o Seu próprio e, se o dele estiver próximo ao seu, saberá que ele está indo muito bem. Mas se ele não estiver nem um pouco próximo, você simplesmente dirá que ele é um aluno principiante.